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China, expoente do capitalismo

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China, expoente do capitalismo Empty China, expoente do capitalismo

Mensagem por Admin Qua Jan 07, 2015 12:25 pm

China, expoente do capitalismo Alexandre-abreu-0b3a

A história recente da economia chinesa é uma síntese, no tempo e no espaço, da história do capitalismo.


Num artigo famoso publicado em 2011 , o economista malaio-britânico Danny Quah procurou identificar a localização do "centro de gravidade" da economia mundial e a forma como este tem vindo a deslocar-se ao longo do tempo. Trata-se de um problema simples de enunciar mas ao qual, devido a uma série de dificuldades metodológicas, é mais difícil dar resposta.

Os leitores mais interessados pelo tema podem obter informação mais detalhada seguindo o link em cima, mas em termos resumidos os passos seguidos por Quah foram os seguintes: primeiro, criou uma grelha constituida por um conjunto de 700 pontos na superfície do globo. Depois, associou a cada um desses pontos a parte do PIB mundial correspondente à região centrada nesse ponto. Em seguida, procedeu à soma ponderada das coordenadas (tridimensionais) desses 700 pontos, utilizando a parte respectiva do PIB mundial como ponderador. O resultado foi um ponto único (o "centro de gravidade"), localizado no interior do planeta, relativamente mais próximo dos pontos à superfície onde se concentra uma maior proporção da actividade económica mundial. Finalmente, projectou esse centro de gravidade tridimensional na superfície terrestre de modo a torná-lo mais inteligível, utilizando para o efeito uma projecção bidimensional cilíndrica da superfície do globo.

O resultado que obteve pode ser consultado na figura 2 do artigo indicado em cima - ou directamente  aqui . Tal como estimado desta forma, o centro de gravidade da economia mundial em 1980 encontrava-se no meio do Atlântico, nas proximidades da Madeira e dos Açores - não devido ao excepcional dinamismo económicos destes últimos, claro está, mas devido à concentração desproporcional da actividade económica mundial nos EUA e Europa. Em 2010, porém, esse mesmo centro de gravidade encontrava-se já no Mediterrâneo Oriental. E em 2050, no final do período de extrapolação, prevê-se que venha a situar-se em pleno coração da Ásia. Esta figura é, com certeza, uma das representações mais sintéticas e intuitivas de uma das principais dinâmicas que têm caracterizado a economia mundial no final do século XX e no século XXI: a ascensão da Ásia Oriental à liderança económica do planeta.

Para esta ascensão gradual contribuíram a modernização e dinamismo económicos do Japão, que na verdade remontam à era Meiji do final do século XIX; o milagre económico dos vários "tigres", ou "dragões", asiáticos (Coreia, Singapura, Hong Kong, Taiwan) no pós-2ª Guerra Mundial; e mais recentemente o crescimento fulgurante das economias da Malásia, Indonésia, Filipinas e Tailândia (também conhecidos como os "pequenos tigres", ou "tiger cubs"). Mas o elemento mais preponderante de todos para explicar a inexorável deslocação para leste do centro de gravidade da economia mundial é, sem dúvida, a extraordinária transformação e expansão económica da China ao longo das últimas três décadas e meia.

Vários autores têm assinalado que a ascensão da China ao estatuto de maior economia mundial não tem nada de extraordinário, na medida em que vem apenas colocar um ponto final no breve interlúdio  de pouco mais de um século , esse sim extraordinário, durante o qual a China não foi a maior economia mundial. Falamos aqui de dimensão absoluta, de produção total, e para isso é óbvio que a dimensão territorial e populacional da China é preponderante. Mas  os trabalhos de historiadores económicos  co mo Angus Maddison  sugerem que a China se encontrava à frente da Europa mesmo em termos relativos, de produto per capita, até ao século XIV.

Claro que esta análise é algo enganadora, na medida em que o que teve lugar do século XIV em diante no Ocidente envolveu uma mudança qualitativa fundamental, em termos de organização social, face aos séculos e milénios anteriores: a emergência e expansão do capitalismo. Ora, é essa mesma emergência e expansão que, aplicada agora ao caso chinês, explica a re-deslocação para oriente do centro de gravidade da economia mundial nas últimas três décadas e meia. É uma história fascinante, que resiste às análises simplistas e desafia o maniqueísmo.

Trata-se da mais acelerada instância de expansão do capitalismo da história, em termos dos milhões de pessoas que passaram a ser sujeitas às lógicas do trabalho assalariado e da dependência do mercado para assegurarem a sua subsistência. Trata-se, também, do mais acelerado processo de redução de pobreza da história da humanidade: segundo algumas estimativas,  680 milhões de pobres a menos entre 1981 e 2010 . Trata-se, ao mesmo tempo, de um processo que tem sido caracterizado por uma enorme desestruturação social; por um aumento brutal da desigualdade; pela  maior migração em massa da história , do interior rural para as áreas urbanas concentradas sobretudo na faixa litoral sudeste; e pela extracção de recursos naturais e emissão de poluentes a uma escala gigantesca. E tudo isto no contexto de um regime político fortemente autoritário e repressivo.

Trata-se, no fundo, do pacto faustiano do capitalismo concentrado no tempo e no espaço: dinamismo das forças produtivas e expansão do bem-estar material sem precedentes, por um lado; violência estrutural, desigualdade social e devastação ambiental, por outro. Com a particularidade notável e porventura irónica deste processo extraordinariamente acelerado de expansão capitalista ter sido conduzido por um partido dito comunista. Pois a China que tem vindo a ser construída nos últimos trinta e cinco é tudo menos comunista, claro está, pelo menos se o controlo colectivo e democrático dos meios de produção contar como critério. Na China, esse controlo é maioritariamente privado ou, em alternativa, oligárquico - mas dificimente pode ser considerado colectivo e seguramente não pode ser apelidado de democrático. Pelo contrário: se o que define o neoliberalismo é a inexorável remoção das barreiras sociais à valorização do capital, então Deng Xiaoping, que em 1979 liderou este processo de libertação do génio capitalista da garrafa ao mesmo tempo que proclamava "enriquecer é glorioso", merece certamente um lugar ao lado de Reagan e Thatcher no panteão neoliberal.

Mas a história não acaba aqui, pois claro. À medida que tem vindo a tornar-se um epicentro do capitalismo, a China tem também vindo a tornar-se um palco central da luta de classes à escala mundial. De há alguns anos para cá, e apesar das restrições decorrentes do carácter repressivo do regime, a organização dos trabalhadores e os protestos sindicais têm vindo a registar uma enorme expansão.  As greves e protestos sindicais realizados hoje em dia na China medem-se às centenas em cada mês . Em Abril de 2014,  60.000 trabalhadores entraram em greve só no complexo de fabrico de sapatos Yue Yuan International , o maior do mundo, que produz ténis para empresas como a Nike, a Adidas ou a Puma.

E esta luta social tem produzido resultados. Devido à crescente mobilização sindical, por um lado, e ao esgotamento gradual do exército de reserva de mão-de-obra rural, por outro, as condições de trabalho na China têm vindo a melhorar significativamente.  Segundo publicou o Financial Times há já quase dois anos , a remuneração horária média dos trabalhadores chineses multiplicou-se por seis ao longo da última década, tendo já ultrapassado, por exemplo, a dos trabalhadores mexicanos.

É certo que há ainda outras fronteiras por abrir e outras reservas de mão-de-obra por explorar pelo mundo fora, mas a evolução recente da economia chinesa mostra o que tende a suceder, em termos de ascendente dos trabalhadores, quanto as fronteiras de expansão do capitalismo começam a esgotar-se.

Temos assim uma situação muito curiosa: o capitalismo chinês, esse expoente do neoliberalismo, depois de ter desempenhado um papel central no enfraquecimento da posição dos trabalhadores do Ocidente ao longo de décadas de offshoring, pode representar agora, no longo prazo histórico, um horizonte de esperança para os trabalhadores de todo o mundo.

Profundamente contraditório, pois claro. O capitalismo é mesmo assim.

Alexandre Abreu |
7:00 Quarta feira, 7 de janeiro de 2015
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