Congresso PSD - Teste aos números que Passos disse no Coliseu

por **Admin** Sáb Fev 22, 2014 6:12 pm

Verifique aqui os principais valores avançados pelo presidente do PSD no discurso de abertura do XXXV congresso do partido.

"Portugal teve pela primeira vez em 2013 um superavit comercial"

No ano passado, Portugal vendeu mais bens e serviços do que comprou. A diferença foi de 881 milhões de euros (o equivalente a 0,5% do PIB), mostram os números do Banco de Portugal. As estatísticas do banco central revelam ainda que é preciso recuar à II Guerra Mundial para encontrar um valor positivo naquela balança. Em 1943, a balança comercial tinha sido positiva graças à venda de volfrâmio.

"O défice em 2010 foi de quase 10% e em 2013 deverá ser cerca de metade disso"

Em 2010, o défice ficou nos 9,8% do PIB e os dados das Finanças para o ano passado apontam para um défice em torno dos 5% para 2013. Os números do ano passado ainda não estão fechados, mas o ministério de Maria Luís Albuquerque já indicou que as metas foram ultrapassadas e que mesmo descontando as medidas extraordinárias houve melhorias em relação a 2012. As metas previstas para 2013 apontavam para um défice de 5,9% de acordo com a regras do Eurostat (e este compara com os 5% apontados por Passos) e um défice igual a 5,5% acordado com a Troika. Nesta matéria, o défice deverá ficar nos 4,3%.

"Défice estrutural deverá ter sido inferior a 3% em 2013"

O défice estrutural permite medir o verdadeiro esforço de consolidação porque desconta as consequências do ciclo económico nas contas públicas. Ou seja, estando Portugal a viver uma recessão, este indicador retira ao défice os gastos com o pagamento de subsídios de desemprego, a queda nas contribuições sociais e a redução nas receitas fiscais. O número de 2013 ainda não está fechado - o próprio Passos Coelho o disse -, mas a marca de 2010 ficou nos 8,7% de acordo com o relatório do Orçamento do Estado. Isto significa que a confirmar-se a indicação do chefe do Executivo, a queda do défice estrutural foi superior a cinco pontos percentuais.

"Estamos pior no desemprego mas a taxa está a descer"

A taxa de desemprego está mais alta do que em 2010, o último ano antes da chegada da 'troikat. Nesse ano, o desemprego afectava 11,8% da população activa. Em 2013, a taxa de desemprego atingiu os 16,3%. No entanto, o desemprego começou a baixar ao longo do ano passado. Os dados publicados mostram que depois do pico alcançado no primeiro trimestre, com a taxa a tocar os 17,7%, o desemprego começou a baixar. No segundo trimestre, o desemprego atingiu 16,4% da população activa, no terceiro trimestre voltou a cair para 15,6% e no último trimestre do ano baixou para os 15,3%.

"Estamos com um ano de reservas"

As necessidades de financiamento previstas para este ano - e que servem para pagar as dívidas e financiar o défice público - estão calculadas em 11,8 mil milhões de euros. Mas a emissão sindicada de 9 de Janeiro, com a qual o Tesouro colocou 3,25 mil milhões de euros, permitiu praticamente assegurar o financiamento necessário para este ano. A emissão de Fevereiro já serviu para garantir os fundos necessários para 2015, avaliados em 16,1 mil milhões de euros. Metade deste valor tem de ser assegurado até à saída Troika. Com a emissão sindicada a 10 anos de Fevereiro fica a faltar cerca de cinco mil milhões de euros.

"A economia cresceu em três dos quatro trimestres do ano passado"

Passos Coelho refere-se às taxas de variação em cadeia, que permitem verificar como a economia está a reagir. Os dados do INE mostram que, depois de um recuo de 0,3% no primeiro trimestre face aos últimos três meses de 2012, a economia cresceu 1,1% no segundo trimestre de 2013, 0,3% no terceiro trimestre e 0,5% no último trimestre do ano. Apesar desta melhoria, as taxas de variação homóloga mostram que o PIB ainda está a cair face ao ano anterior. Apenas entre Outubro e Dezembro, a taxa de variação homóloga foi positiva (1,6%). No conjunto do ano, a riqueza encolheu 1,4%.

Marta Moitinho Oliveira com fotos de Paulo Figueiredo
22/02/14

Jornal de Económico

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