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Testemunho optimista
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Testemunho optimista
Cavaco Silva quer-nos a todos embarcados no futuro para que ele chegue rápido. Está convencido de que o optimismo tem vento suficiente para ajudar nesse caminho e diz o que um pai diz a um filho, partindo da posição confortável de se poder desresponsabilizar se não for seguida a cartilha. Como pai, Cavaco nunca aceitaria a posição que assume como Chefe do Estado. Ele sabe que quando um filho falha, falhou o pai. A verdade é que também se pode dizer a um filho, citando Miguel Torga, o que Cavaco podia ter dito a um país inteiro: "Recomeça.../Se puderes,/Sem angústia e sem pressa./ E os passos que deres,/Nesse caminho duro/ Do futuro,/ Dá-os em liberdade./Enquanto não alcances/Não descanses./De nenhum fruto queiras só metade."
O Presidente também não deveria querer apenas a metade. A metade do país que vai bem, a que ganha por haver cada vez mais turistas, a que retira todos os frutos da terra, a que investiga e inova neste mundo onde tudo fica obsoleto de um dia para o outro, a que se "safou" numa crise que descartou centenas de milhares de pessoas e que aumentou a pobreza e as desigualdades sociais. Um país, uma sociedade, é como uma família. Nenhum irmão vive feliz na sua riqueza se entre os que são do seu sangue houver quem viva na miséria. Cantemos hossanas a tudo o que vai bem em Portugal, mas não evitemos falar de tudo o que está por resolver.
Quem vive com umas poucas centenas de euros, quem não tem qualquer rendimento também merece uma palavra de alento, um testemunho optimista e realista. E para dar um pouco desse alento basta querer. Aqui sim, basta querer. Presidir aos destinos de um país requer uma dose extra de solidariedade, de testemunho, de exemplo. A palavra, poder supremo de um chefe de Estado, requer a coragem de pôr o dedo na ferida. O pior já passou, estamos mais competitivos, há sectores ao nível do melhor que há no mundo, a economia cresce, exportamos mais, o desemprego diminui, mas não podemos aceitar que a educação, a justiça, a saúde sejam mais acessíveis para uns do que para outros. Não podemos aceitar a pobreza que cresce entre as crianças.
Cristão por educação, agnóstico por opção, sou um optimista. Acredito que é possível viver com mais justiça social. Acredito que para que isso aconteça é preciso que nos diga respeito a todos, mas que comece em quem elegemos. O que espero do mais alto magistrado da Nação, deste e de todos os que se seguirem, é que consiga olhar para o país como um todo e que não o divida entre optimistas e pessimistas, porque isso é igual a dividi-lo entre os bons e os maus, sendo os bons os que estão bem e os maus os que passam mal. Ninguém é culpado por ser pobre ou estar no desemprego. Não há democracia sem igualdade de oportunidades.
por PAULO BALDAIA
Diário de Notícias
O Presidente também não deveria querer apenas a metade. A metade do país que vai bem, a que ganha por haver cada vez mais turistas, a que retira todos os frutos da terra, a que investiga e inova neste mundo onde tudo fica obsoleto de um dia para o outro, a que se "safou" numa crise que descartou centenas de milhares de pessoas e que aumentou a pobreza e as desigualdades sociais. Um país, uma sociedade, é como uma família. Nenhum irmão vive feliz na sua riqueza se entre os que são do seu sangue houver quem viva na miséria. Cantemos hossanas a tudo o que vai bem em Portugal, mas não evitemos falar de tudo o que está por resolver.
Quem vive com umas poucas centenas de euros, quem não tem qualquer rendimento também merece uma palavra de alento, um testemunho optimista e realista. E para dar um pouco desse alento basta querer. Aqui sim, basta querer. Presidir aos destinos de um país requer uma dose extra de solidariedade, de testemunho, de exemplo. A palavra, poder supremo de um chefe de Estado, requer a coragem de pôr o dedo na ferida. O pior já passou, estamos mais competitivos, há sectores ao nível do melhor que há no mundo, a economia cresce, exportamos mais, o desemprego diminui, mas não podemos aceitar que a educação, a justiça, a saúde sejam mais acessíveis para uns do que para outros. Não podemos aceitar a pobreza que cresce entre as crianças.
Cristão por educação, agnóstico por opção, sou um optimista. Acredito que é possível viver com mais justiça social. Acredito que para que isso aconteça é preciso que nos diga respeito a todos, mas que comece em quem elegemos. O que espero do mais alto magistrado da Nação, deste e de todos os que se seguirem, é que consiga olhar para o país como um todo e que não o divida entre optimistas e pessimistas, porque isso é igual a dividi-lo entre os bons e os maus, sendo os bons os que estão bem e os maus os que passam mal. Ninguém é culpado por ser pobre ou estar no desemprego. Não há democracia sem igualdade de oportunidades.
por PAULO BALDAIA
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