Chairman da Fosun: "Portugal é o melhor país na Europa para investir"

"Portugal é o melhor país da Europa para investir". A afirmação é de Guo Guangchang, chairman e fundador da Fosun, o grupo chinês que comprou a Fidelidade e a Luz Saúde e que está na corrida ao Novo Banco.

O interesse não se restringe à área financeira. "Estamos atentos a todas oportunidades", afirmou Guo Guangchang aos jornalistas, em Xangai. O chairman da Fosun referia-se ao sector que o grupo denomina como "felicidade e lifestyle", no qual se inserem empresas de turismo, moda, lazer e entretenimento. Ou seja, áreas que permitam proporcionar um novo estilo de vida aos chineses e aproveitar o momento de crescimento da classe média. "O povo chinês trabalha muito, mas também tem de aprender a aproveitar melhor a vida", referiu o chairman da Fosun, na apresentação, na China, do Cirque du Soleil, onde o grupo conta com uma participação de 25%.

Para a Fosun, "Portugal tornou-se numa porta de entrada para a Europa e que acolhe bem o investimento chinês", afirmou o CEO. Além disso, "o custo em Lisboa não é tão elevado" como em outras cidades europeias, acrescentou Liang.

Em Portugal, a Fosun é um dos cinco candidatos à compra do Novo Banco e tem até ao final deste mês para apresentar uma proposta vinculativa. Sobre esta operação não quis adiantar pormenores. "Não vamos comentar nenhum projeto específico. Estamos empenhados em construir uma capacidade financeira global orientada para seguros, gestão de activos e banca. Estas são algumas das nossas principais apostas", referiu fonte oficial do grupo.

A Fidelidade foi a primeira compra da Fosun em Portugal e a ambição para a companhia é grande. "Acreditamos que a Fidelidade vai ser a seguradora mais competitiva da Europa dentro de dois ou três anos", referiu o CEO.

Além de "introduzir alguns negócios da companhia na China", um dos objetivos passa por reajustar a estrutura de investimento. "Estamos a encorajar a Fidelidade a diversificar os investimentos por todo o mundo", adiantou Liang.

O CEO da Fosun lembrou que já foram feitas algumas alterações, nomeadamente o reforço em ações e imobiliário.

No final de 2013, as ações representavam 4,5% das aplicações da Fidelidade, tendo passado para 10,2% no final do ano passado. Já o imobiliário passou de 4,9% para 8,2%.

Outra das possibilidades que está a ser analisada é a Fidelidade poder comprar um dos 60 resorts do Club Med. "A Fidelidade pode encontrar algum resort de rentabilidade elevada e com bom cashflow". Além disso, "também poderá abrir um resort em Portugal", acrescentou o CEO.


Reduzir dívida

Um dos pontos apontados à Fosun é o elevado endividamento. No final de 2014, a dívida total ascendia a 13,6 mil milhões de euros, um valor próximo dos 21,6 mil milhões de euros de capitalização bolsista. Uma tendência que contrasta com a política seguida por Warren Buffett - o investidor que o fundador da Fosun segue. "O nosso modelo de investimento é inspirado no de Warren Buffett. Não é uma cópia", ressalvou Guo. No entanto, "a intenção é reduzir a dívida", afirmou Lian, o CEO da Fosun.

Questionado sobre como o pretende fazer, Liang explicou que podem aproveitar o aumento de capital de 1,2 mil milhões de dólares para o fazer. Entre as possibilidades para esse capital estão: "aumentar o capital no sector segurador, criar um novo fundo - onde alocaríamos 20% -, usar em projetos sustentáveis e reduzir a dívida", concluiu o CEO do grupo chinês.

A jornalista viajou a convite da Fosun

Por Bárbara Barroso
22/06/2015 | 00:00 |  Dinheiro Vivo