O excedente é externo, não eterno

O reequilíbrio muito rápido das calamitosas contas externas portuguesas foi um dos bons resultados do programa da ‘troika’.

Portugal está a crescer a um ritmo moderado, com contas externas equilibradas e um défice orçamental que só não é mais pequeno porque estamos em ano eleitoral - olhando apenas para estes indicadores é inegável que a situação macroeconómica do país está mais sustentada. O desafio daqui para a frente será suster este equilíbrio externo (e orçamental) ao mesmo tempo que se procura criar o mais rapidamente possível novos postos de trabalho. Os sinais que vão surgindo sugerem que esta tarefa será difícil - e que a prudência na política económica será fundamental. Um estímulo vigoroso ao consumo - variável que já é o motor da retoma da economia - tem o risco evidente de descarrilar um excedente externo frágil (como lembra o FMI), que vai assentando em parte em factores conjunturais (como os mínimos da cotação do petróleo). Os números publicados ontem pelo INE sobre as contas nacionais ajudam mais uma vez a perceber que será perigoso para o próximo Governo querer ter muito sol na eira da economia e chuva no nabal do desemprego. O importante excedente é externo, sim - mas não é eterno.

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Económico