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Perder, perder, perder... ganhar!
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Perder, perder, perder... ganhar!
Tenho andado às voltas com os programas eleitorais dos principais partidos e tinha pensado dedicar-lhes estas notas. A avaliar pelo índice são verdadeiros tratados de governação.
Mas, acabo de voltar do funeral de Frederico Martins Mendes e não consigo ultrapassar o sentimento de forte perda coletiva.
Não o conheci para além do cumprimento de circunstância. No entanto, vivo rodeada de quem o conheceu muito bem e faço parte, ainda que de raspão, de uma instituição a quem deu muitíssimo dos seus 77 anos de vida.
Independente, ético, culto, empenhado, rigoroso, jornalista "dos antigos". Foi assim que os amigos se lhe referiram, e é assim que o JN dele dá testemunho.
E a nostalgia desta memória que agora começa, eiva-me de perda e de um certo medo. A perda de um protagonista válido, especialmente capaz de contribuir para nos melhorar e o medo de que não o tenhamos, todos, aproveitado suficientemente.
E o pior é que esta tem vindo a ser uma nostalgia cumulativa. Óscar Lopes, Nadir Afonso, Alcino Soutinho, Luís Roseira, e agora Frederico Martins Mendes só para mencionar alguns dos homens do Porto e do Norte que recentemente nos deixaram.
E há uma só forma de não deixar desaparecer a semente de transformação que cada um foi capaz de ferrar; perceber comunitariamente a sua perda e reviver o seu legado, transmitindo-o aos que vêm a seguir.
Por isso teria gostado de ter registado em todas as despedidas a presença dos novos homens bons desta cidade/região. A presença de todos os responsáveis das principais instituições políticas, culturais, financeiras, sociais ou outras da nossa comunidade. É assim que se forja uma identidade inquebrantável, conhecendo-nos e reconhecendo-nos em cada um dos momentos mais importantes. Nem sempre, ou quase nunca, foi o caso.
Por isso, e pela mesma razão, insisto que a memória destes homens tem de passar vibrante e nítida para as gerações seguintes.
O Ano de Óscar Lopes na Casa da Música, o Ano de Soutinho em Serralves, o Ano de Luís Roseira no Museu do Douro, o Ano de Frederico no JN, o Ano de Nadir na sua Fundação em Chaves.
Escrevendo, mostrando, discutindo, insistentemente, emotivamente até todos estarmos convencidos de que é possível fazer bem, fazer melhor, fazer a diferença. Ganhar, portanto!
A nostalgia desta memória [Frederico Martins Mendes] que agora começa, eiva-me de perda e de um certo medo. A perda de um protagonista válido, especialmente capaz de contribuir para nos melhorar e o medo de que não o tenhamos, todos, aproveitado suficientemente
03.09.2015
CRISTINA AZEVEDO
Jornal de Notícias
Mas, acabo de voltar do funeral de Frederico Martins Mendes e não consigo ultrapassar o sentimento de forte perda coletiva.
Não o conheci para além do cumprimento de circunstância. No entanto, vivo rodeada de quem o conheceu muito bem e faço parte, ainda que de raspão, de uma instituição a quem deu muitíssimo dos seus 77 anos de vida.
Independente, ético, culto, empenhado, rigoroso, jornalista "dos antigos". Foi assim que os amigos se lhe referiram, e é assim que o JN dele dá testemunho.
E a nostalgia desta memória que agora começa, eiva-me de perda e de um certo medo. A perda de um protagonista válido, especialmente capaz de contribuir para nos melhorar e o medo de que não o tenhamos, todos, aproveitado suficientemente.
E o pior é que esta tem vindo a ser uma nostalgia cumulativa. Óscar Lopes, Nadir Afonso, Alcino Soutinho, Luís Roseira, e agora Frederico Martins Mendes só para mencionar alguns dos homens do Porto e do Norte que recentemente nos deixaram.
E há uma só forma de não deixar desaparecer a semente de transformação que cada um foi capaz de ferrar; perceber comunitariamente a sua perda e reviver o seu legado, transmitindo-o aos que vêm a seguir.
Por isso teria gostado de ter registado em todas as despedidas a presença dos novos homens bons desta cidade/região. A presença de todos os responsáveis das principais instituições políticas, culturais, financeiras, sociais ou outras da nossa comunidade. É assim que se forja uma identidade inquebrantável, conhecendo-nos e reconhecendo-nos em cada um dos momentos mais importantes. Nem sempre, ou quase nunca, foi o caso.
Por isso, e pela mesma razão, insisto que a memória destes homens tem de passar vibrante e nítida para as gerações seguintes.
O Ano de Óscar Lopes na Casa da Música, o Ano de Soutinho em Serralves, o Ano de Luís Roseira no Museu do Douro, o Ano de Frederico no JN, o Ano de Nadir na sua Fundação em Chaves.
Escrevendo, mostrando, discutindo, insistentemente, emotivamente até todos estarmos convencidos de que é possível fazer bem, fazer melhor, fazer a diferença. Ganhar, portanto!
A nostalgia desta memória [Frederico Martins Mendes] que agora começa, eiva-me de perda e de um certo medo. A perda de um protagonista válido, especialmente capaz de contribuir para nos melhorar e o medo de que não o tenhamos, todos, aproveitado suficientemente
03.09.2015
CRISTINA AZEVEDO
Jornal de Notícias
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