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Portugal e o conceito de Sustentabilidade da Dívida - real economy
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Portugal e o conceito de Sustentabilidade da Dívida - real economy
Em Real Economy vamos até Portugal para avaliar o estado do país, apesar dos elevados níveis da dívida. Depois conversamos com Sony Kapoor – diretor da think tank Re-Define – sobre o conceito de “Sustentabilidade da Dívida”.
Um longo troço de autoestrada entre a Covilhã e Coimbra está quase sempre deserto, assim como muitos outros onde as portagens foram introduzidas, para ajudar a pagar a grande dívida do país. Portugal pediu um resgate no valor de 780 mil milhões de euros e saiu do programa em 2014, mas as empresas de transporte ainda estão a pagar a fatura.
A empresa de António Ezequiel está entre as muitas empresas portuguesas que tiveram de enfrentar as consequências das reformas e adaptar-se. António reduziu a força de trabalho de 55 para 40 pessoas depois da implementação das portagens. No entanto, os investidores acreditam que os esforços são indicativos da determinação de Portugal rumo à sustentabilidade.
A euronews conversou com Sony Kapoor, Diretor Geral da think tank Re-Define – economista e especialista em economia europeia.
Maithreyi, euronews: Começando pelo exemplo de Portugal e da Grécia, como é que chegaram a esta posição e como é que podem mudar as coisas?
Sony Kapoor: “São, essencialmente, economias em desenvolvimento presas num mundo desenvolvido. A forma com que conseguiram manter-se a par com o resto da Europa foi a viver de dinheiro emprestado. Mas com a crise foi possível ver os mais debilitados. Subitamente apercebemo-nos que nem Portugal nem a Grécia têm economias muito seguras. A sua sustentabilidade começou a ser questionada, o que desencadeou uma espiral descendente, como quando uma personagem dos desenhos animados cai de um penhasco. Durante um certo tempo não acontece nada de mal, mas depois apercebem-se que estão no ar e começam a cair.”
euronews: E como é que esta personagem dos desenhos animados consegue voltar a subir?
Sony Kapoor: “A a curto prazo não consegue. Portugal, por exemplo, precisa de reformar o sistema de ensino. Mas isso leva tempo. A Grécia não tem uma base de produção adequada. O dinheiro para fazer estes investimento, que vinha dos governos, de repente secou. Então estamos presos neste dilema em que a resposta a curto prazo é que temos de viver de acordo com as nossas possibilidades. Mas não é a resposta que um país deve ter, porque isso significa, simplesmente, que o país se torna cada vez mais pobre. A questão não é se devem pedir dinheiro emprestado ou não, mas a quantia que pedem emprestada e como é que o dinheiro é utilizado.”
euronews: Sony, o caso da Letónia pode ser reproduzido em toda a Europa, considerando a pequena dimensão da sua economia?
Sony Kapoor: “Por uma série de razões: não. Uma delas é, como mencionou, a pequena dimensão da economia. A segunda é que esta prosperidade ainda é muito recente… Desta forma, como os ganhos aconteceram mais ou menos nos últimos 10 anos, o que está em jogo e a noção do que se pode perder está mais presente – comparativamente com as economias europeias ocidentais, mais antigas, como a Grécia, onde a prosperidade tem sido a longo prazo, e onde as expectativas são mais elevadas…”
euronews: Desta forma, podemos mudar a forma encaramos a sustentabilidade da dívida?
Sony Kapoor: “Pedir emprestado em si não é bom nem mau. Depende da utilização do dinheiro. Um conceito que está agora em voga é o empréstimo produtivo contra o empréstimo não-produtivo. É sensato, um indivíduo pedir emprestado para ir estudar para o MIT ou para a Universidade de Harvard?
A resposta na maioria dos casos é: sim! Existe um retorno positivo do investimento. Da mesma forma para um país – é sensato pedir emprestado para investir num sistema de educação que ajuda a produzir trabalhadores produtivos? É sensato investir em infraestruturas que vai ajudar uma economia a descolar? – Pode parecer que não, mas, por vezes, pedir mais é realmente a melhor forma de reduzir a dívida no futuro… Ou melhorar a sustentabilidade da dívida.”
euronews: Então, como é que se medem os riscos?
Sony Kapoor: Se houver planeamento com antecedência, se houver várias fontes de empréstimo se o empréstimo for feito a longo prazo – foi esta uma das grandes vantagens que tivemos no Reino Unido – pedir emprestado para investir em dívida produtiva e ter um plano de contingência em caso de uma emergência, porque surgem sempre emergências. Tendo esta vontade, tendo este plano será tudo muito construtivo na gestão de futuras crises e perturbações de mercado. Podemos melhorar a eficiência do setor público – podemos pedir emprestado, investir e melhorar a produtividade na educação, com as atuais baixas taxas de empréstimo e aumentar o potencial de crescimento. Em vez de nos concentrarmos apenas em reembolsar o empréstimo. Isso é redutor.
15/09 10:55 CET
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