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“Conheço várias. Sim, conheço várias famílias que pagam hoje menos impostos!” – Passos Coelho
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“Conheço várias. Sim, conheço várias famílias que pagam hoje menos impostos!” – Passos Coelho
No debate entre Passos e Costa ocorrido nas rádios, o momento foi este:
Debatendo-se a carga fiscal, tentando Passos passar ao lado “do enorme aumento de impostos” que flagelou o país, Costa pergunta-lhe isto:
- Mas conhece alguma família que hoje pague menos impostos?!
E Passos responde:
- Conheço! Sim, conheço várias famílias que pagam hoje menos impostos!
Este é o ponto do debate, não apenas por insultar a inteligência do povo, mas por revelar o que António Costa tão bem demonstrou: o total desfasamento de Passos e da coligação PAF da realidade.
Não têm programa e agarram-se à narrativa antidemocrática de levar às eleições, não a anterior legislatura, mas a que lhe precedeu, já julgada pelo povo.
Não é por acaso.
A realidade é a maior oposição a cada palavra que sai pela boca de Passos.
Admito que seja difícil falar dos quatro anos desta governação sem mentir, mas a democracia exige verdade e Passos não tem um bom percurso no que toca ao prometido e ao feito.
Seria pois estranho que quem prometeu x antes das eleições e descaradamente fez y, sem que nada o obrigasse a isso, pudesse agora falar do que fez nos últimos quatro com adesão à realidade.
A realidade está, porém, na pele de cada um. No país que não é trimestral.
Enunciando, por exemplo, os seguintes flagelos, e ouvindo Passos, pergunta-se em que mundo vive o candidato ou em que mundo pensa o dito que nós vivemos:
- A riqueza nacional (PIB) recuou 15 anos, regredindo para os níveis de 2000;
- O emprego retrocedeu quase duas décadas, recuando para os níveis de 1995, tendo sido destruídos, durante a vigência deste governo, mais de 200.000 empregos;
- A recessão económica foi a mais longa e mais profunda de sempre;
- A pobreza aumentou, recuando aos níveis de pobreza do início do século;
- O número de portugueses em risco de pobreza, segundo o INE, é de mais de 2 milhões;
- A pobreza das crianças ameaça o futuro e agrava a injustiça, sendo que 1 em cada 4 crianças está em risco de pobreza;
- O Complemento Solidário para Idosos foi retirado a 70.000 idosos, fruto de alterações introduzidas pelo Governo, abandonando os idosos com mais baixos rendimentos que o PS quis proteger com a criação deste apoio em 2006;
- O Rendimento Social de Inserção foi retirado a 27.000 famílias (114.000 pessoas), na sequência de alterações promovidas pelo Governo;
- Os rendimentos dos mais pobres caíram três vezes mais do que os rendimentos dos mais ricos (modelo terceiro-mundista);
- O desemprego jovem sofreu um brutal aumento, com 1 em cada 2 jovens ativos a encontrarem-se desempregados, no subemprego ou na categoria dos desencorajados (os jovens que, embora disponíveis para trabalhar, não provam, de acordo com os requisitos administrativos definidos, que estão à procura de emprego, não entrando por isso na estatística do desemprego);
- 1 em cada 3 jovens, segundo o Eurostat, está em risco de pobreza ou exclusão social, num total de 250.000 jovens nestas condições;
- O número de jovens que emigraram de forma permanente duplicou, sendo que entre emigrantes permanentes e temporários, saíram do país, por algum momento, 133 mil jovens;
- O governo duplicou, e, nalguns casos, triplicou, o valor das taxas moderadoras a cobrar nos hospitais e centros de saúde;
- As atuais taxas moderadoras afastaram os utentes dos cuidados de saúde, como já alertou o Observatório Português dos Sistemas de Saúde, e isso traduziu-se em menos 1.300.000 consultas médicas e menos 250.000 urgências hospitalares À última hora, a maioria entendeu castigar as mulheres que recorrem à IVG;
- 47 tribunais fecharam e 400.000 pessoas perderam um tribunal com jurisdição efetiva no seu concelho;
- O crash do sistema Citius provocou o caos no sistema – e agora estamos em estado de apagão das estatísticas da justiça para 2015;
- O número de famílias com grandes dificuldades no pagamento das suas despesas, segundo o Eurostat (Estatísticas Europeias), aumentou 20% entre 2011 e 2013 (2,6 milhões de pessoas estão nestas condições);
- 43% da população, segundo o Eurostat, diz-se incapaz de enfrentar uma despesa financeira inesperada;
- O rácio do crédito vencido das famílias (crédito em situação de incumprimento de pagamento), segundo o Banco de Portugal, não para de aumentar;
- O peso dos impostos diretos no rendimento disponível das famílias atinge o maior valor de sempre, asfixiando os rendimentos da classe média, alavanca da pobreza numa lógica retributiva.
A janela escancarada da realidade é longa e poderia continuar.
Porque a realidade não cabe num artigo de opinião.
Já a negação total da realidade, do país punido sem se alcançar qualquer dos objetivos da Governação, cabe desgraçadamente numa frase:
“Conheço várias. Sim, conheço várias famílias que pagam hoje menos impostos!” – Passos Coelho, dia 17 de Setembro de 2015.
Este foi o momento do debate.
ISABEL MOREIRA
19.09.2015 7h00
Expresso
Debatendo-se a carga fiscal, tentando Passos passar ao lado “do enorme aumento de impostos” que flagelou o país, Costa pergunta-lhe isto:
- Mas conhece alguma família que hoje pague menos impostos?!
E Passos responde:
- Conheço! Sim, conheço várias famílias que pagam hoje menos impostos!
Este é o ponto do debate, não apenas por insultar a inteligência do povo, mas por revelar o que António Costa tão bem demonstrou: o total desfasamento de Passos e da coligação PAF da realidade.
Não têm programa e agarram-se à narrativa antidemocrática de levar às eleições, não a anterior legislatura, mas a que lhe precedeu, já julgada pelo povo.
Não é por acaso.
A realidade é a maior oposição a cada palavra que sai pela boca de Passos.
Admito que seja difícil falar dos quatro anos desta governação sem mentir, mas a democracia exige verdade e Passos não tem um bom percurso no que toca ao prometido e ao feito.
Seria pois estranho que quem prometeu x antes das eleições e descaradamente fez y, sem que nada o obrigasse a isso, pudesse agora falar do que fez nos últimos quatro com adesão à realidade.
A realidade está, porém, na pele de cada um. No país que não é trimestral.
Enunciando, por exemplo, os seguintes flagelos, e ouvindo Passos, pergunta-se em que mundo vive o candidato ou em que mundo pensa o dito que nós vivemos:
- A riqueza nacional (PIB) recuou 15 anos, regredindo para os níveis de 2000;
- O emprego retrocedeu quase duas décadas, recuando para os níveis de 1995, tendo sido destruídos, durante a vigência deste governo, mais de 200.000 empregos;
- A recessão económica foi a mais longa e mais profunda de sempre;
- A pobreza aumentou, recuando aos níveis de pobreza do início do século;
- O número de portugueses em risco de pobreza, segundo o INE, é de mais de 2 milhões;
- A pobreza das crianças ameaça o futuro e agrava a injustiça, sendo que 1 em cada 4 crianças está em risco de pobreza;
- O Complemento Solidário para Idosos foi retirado a 70.000 idosos, fruto de alterações introduzidas pelo Governo, abandonando os idosos com mais baixos rendimentos que o PS quis proteger com a criação deste apoio em 2006;
- O Rendimento Social de Inserção foi retirado a 27.000 famílias (114.000 pessoas), na sequência de alterações promovidas pelo Governo;
- Os rendimentos dos mais pobres caíram três vezes mais do que os rendimentos dos mais ricos (modelo terceiro-mundista);
- O desemprego jovem sofreu um brutal aumento, com 1 em cada 2 jovens ativos a encontrarem-se desempregados, no subemprego ou na categoria dos desencorajados (os jovens que, embora disponíveis para trabalhar, não provam, de acordo com os requisitos administrativos definidos, que estão à procura de emprego, não entrando por isso na estatística do desemprego);
- 1 em cada 3 jovens, segundo o Eurostat, está em risco de pobreza ou exclusão social, num total de 250.000 jovens nestas condições;
- O número de jovens que emigraram de forma permanente duplicou, sendo que entre emigrantes permanentes e temporários, saíram do país, por algum momento, 133 mil jovens;
- O governo duplicou, e, nalguns casos, triplicou, o valor das taxas moderadoras a cobrar nos hospitais e centros de saúde;
- As atuais taxas moderadoras afastaram os utentes dos cuidados de saúde, como já alertou o Observatório Português dos Sistemas de Saúde, e isso traduziu-se em menos 1.300.000 consultas médicas e menos 250.000 urgências hospitalares À última hora, a maioria entendeu castigar as mulheres que recorrem à IVG;
- 47 tribunais fecharam e 400.000 pessoas perderam um tribunal com jurisdição efetiva no seu concelho;
- O crash do sistema Citius provocou o caos no sistema – e agora estamos em estado de apagão das estatísticas da justiça para 2015;
- O número de famílias com grandes dificuldades no pagamento das suas despesas, segundo o Eurostat (Estatísticas Europeias), aumentou 20% entre 2011 e 2013 (2,6 milhões de pessoas estão nestas condições);
- 43% da população, segundo o Eurostat, diz-se incapaz de enfrentar uma despesa financeira inesperada;
- O rácio do crédito vencido das famílias (crédito em situação de incumprimento de pagamento), segundo o Banco de Portugal, não para de aumentar;
- O peso dos impostos diretos no rendimento disponível das famílias atinge o maior valor de sempre, asfixiando os rendimentos da classe média, alavanca da pobreza numa lógica retributiva.
A janela escancarada da realidade é longa e poderia continuar.
Porque a realidade não cabe num artigo de opinião.
Já a negação total da realidade, do país punido sem se alcançar qualquer dos objetivos da Governação, cabe desgraçadamente numa frase:
“Conheço várias. Sim, conheço várias famílias que pagam hoje menos impostos!” – Passos Coelho, dia 17 de Setembro de 2015.
Este foi o momento do debate.
ISABEL MOREIRA
19.09.2015 7h00
Expresso
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