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Mensagem por Admin Ter Out 20, 2015 11:31 am

Atentemos, por um momento, no que tem sido a estratégia de alianças preferenciais da direita democrática francesa, ao longo das últimas décadas e após a II Grande Guerra Mundial.

Existe um traço comum a todos os líderes da direita democrática francesa, do General De Gaulle a Giscard d'Estaing, passando por Pompidou, Jacques Chirac e pelo próprio Sarkozy.

Em circunstância alguma, mesmo quando estava em causa a possibilidade de derrota, com ascensão da esquerda ao poder, a direita democrática negociou com a Frente Nacional (que o mesmo é dizer, com a direita radical) qualquer tipo de acordo, preferindo correr o risco de insucesso. 

Foi assim que sucedeu com De Gaulle e com Chirac (permitindo que Jospin, um líder apagado, chegasse a Primeiro-Ministro em França) e tem sido assim ainda agora, quando a direita democrática, em conjunto com a extrema direita, poderia aspirar a uma vitória eleitoral. Goste-se ou não, a direita democrática não negociou e continua a não negociar com a Frente Nacional, considerando sempre as suas posições inconciliáveis com as de Jean Marie Le Pen e de Marine Le Pen. A direita democrática não esqueceu nem esquece a cumplicidade da extrema-direita (nem que seja por omissão) com os campos de concentração nazis e a República de Vichy.

Trata-se, em meu entender, de um bom exemplo, a ser seguido por todos aqueles que são democratas sinceros.Infelizmente, existem elementos da esquerda democrática que não têm a mesma postura, considerando que o objectivo de "derrotar a direita" se apresenta mais relevante do que o respeito pelos valores da democracia e da liberdade.

Se a esquerda democrática - a que julgo pertencer - adoptasse o mesmo comportamento que a direita democrática francesa não negociaria com uma esquerda que ainda é, hoje em dia, cúmplice da praxis totalitária leninista e estalinista, que omite, permanentemente, qualquer crítica aos campos de concentração e às perseguições ocorridas nessa época desastrosa do império soviético, que lamenta a queda do muro de Berlim, enfim, que abomina as democracias representativas e que não renunciou, declaradamente, à opção revolucionária.

Se a primeira constitui um bom exemplo, a segunda constitui um exemplo lamentável.

Acresce ao que se disse que importa ter, na vida política, a noção clara de que, se não existe "um arco da governabilidade estável", existe, certamente, um "arco" dos que cooperam construtivamente com um sistema de economia social de mercado e com a democracia representativa, embora com profundas divergências em termos de políticas de governação, e aqueles que rejeitam radicalmente esse sistema, embora aceitando nele viver quando a correlação de forças não convida à revolução.

É a diferença entre os que estão no "arco do sistema" e os que estão no "arco do anti-sistema". Nem mais, nem menos...

00:05 h
António Rebelo de Sousa
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