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Compromisso cidades
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Compromisso cidades
O lançamento do projeto “Smart Cities Portugal”, envolvendo “redes integradas de cooperação territorial”, constitui um sinal importante do que devem ser as bases de uma nova agenda para as cidades em Portugal.
O lançamento do projeto “Smart Cities Portugal”, envolvendo “redes integradas de cooperação territorial” (municípios, universidades, centros I&D, empresas, sociedade civil), constitui um sinal importante do que devem ser as bases de uma nova agenda para as cidades em Portugal.
Em 20 anos de aplicação de fundos europeus, torna-se claro que, apesar de todas as políticas públicas e estratégias tendo em vista a modernização do território português, o país teima em não conseguir assumir uma dinâmica de “salto em frente” para o futuro tendo por base os factores dinâmicos da inovação e competitividade. Precisamos por isso de uma nova agenda, inteligente e competitiva, para as cidades em Portugal.
Numa Europa das cidades e regiões, onde a aposta na inovação e conhecimento se configura como a grande plataforma de aumento da competitividade à escala global, os números sobre a coesão territorial e social traduzem uma evolução completamente distinta do paradigma desejado. A excessiva concentração de ativos empresariais e de talentos nas grandes metrópoles, como é o caso da Grande Lisboa, uma aterradora desertificação das zonas mais interiores, na maioria dos casos divergentes nos indicadores acumulados de capital social básico, suscitam muitas questões quanto à verdadeira dimensão estruturante de muitas das apostas feitas em matéria de investimentos destinados a corrigir esta “dualidade” de desenvolvimento do país ao longo dos últimos anos.
Apesar da relativa reduzida dimensão do país, não restam dúvidas de que a aposta numa política integrada e sistemática de cidades médias, tendo por base o paradigma da inovação e do conhecimento, com conciliação operativa entre a fixação de estruturas empresariais criadoras de riqueza e talentos humanos indutores de criatividade, é o único caminho possível para controlar este fenómeno da metropolização da capital que parece não ter fim. O papel das universidades e institutos politécnicos que nos últimos 20 anos foram responsáveis pela animação de uma importante parte das cidades do interior, com o aumento da população permanente e a aposta em novos factores de afirmação local, está esgotado.
O Investimento Directo Estrangeiro desempenha neste contexto um papel de alavancagem da mudança único. Portugal precisa de forma clara de conseguir entrar com sucesso no roteiro do “IDE de Inovação” associado à captação de empresas e centros de I&D identificados com os setores mais dinâmicos da economia – tecnologias de informação e comunicação, biotecnologia, automóvel e aeronáutica, entre outros. Trata-se de uma abordagem distinta, protagonizada por “redes ativas” de actuação nos mercados globais envolvendo os principais protagonistas setoriais (empresas líderes, universidades, centros I&D), com um papel de mobilização das cidades para uma nova agenda estratégica.
Desta forma, o compromisso entre aposta, através da ciência, inovação e tecnologia, em competitividade estruturante na criação de valor empresarial, e atenção especial à coesão social, do ponto de vista de equidade e justiça, é o grande desafio a não perder. A sociedade do conhecimento tem nesta matéria um papel muito especial a desempenhar e numa época onde se assiste à crescente metropolização do país em torno do Porto e Lisboa, a aposta em projectos de coesão territorial como as cidades inteligentes pode fazer a diferença, com o destaque colocado na aposta na qualidade de vida e crescimento económico.
Por Francisco Jaime Quesado,
Presidente da Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (ESPAP)
Publicado em: 21/03/2016 - 10:54:44
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