Espanhóis safam desastre da banca portuguesa?

A onda contra a espanholização da banca portuguesa tem ganho cada vez mais adeptos, mas não se percebe a razão principal de tal alarmismo. 

Olhando para o que tem sido a atividade bancária em Portugal nos últimos anos, fico com a sensação que é preferível deixar o nosso dinheiro nas mãos de alguém competente do que nas famílias tradicionais, ou não, que levaram os seus impérios até ao abismo. Quem não se lembra do BES, do BPN, do BPP, do Banif ou até mesmo do BCP? Se fossem espanhóis a dirigir os destinos destes bancos, teríamos ficado mais mal servidos? Não me parece, mas fica sempre bem na fotografia defender o que é nosso. 

Que se defenda que a Caixa Geral de Depósitos deve ser controlada pelo Estado, muito bem. Afinal, boa parte dos bancos existentes não queriam muitos dos clientes que a CGD é obrigada a aceitar, nomeadamente os pensionistas que recebem reformas miseráveis e se deslocam aos balcões. Mas mesmo a CGD foi um autêntico desastre nos últimos anos, com o poder a nomear a seu bel-prazer os boys, do tipo Armando Vara, que concediam empréstimos a quem queriam e boicotavam quem não dava luvas ou não era da pandilha. Já não falando nos empréstimos que fizeram para assaltar o BCP, trapalhada que fez os contribuintes sofrerem na pele.

Se os banqueiros espanhóis ou de outras nacionalidades vierem para Portugal, têm é de ser controlados, como todos os outros. É preciso cultivar a concorrência e não deixar que se unam para prejudicar os clientes, com taxas encapotadas ou juros combinados.

P. S. O suposto movimento contra a espanholização da banca tem andado desaparecido. Com um arranque mais ou menos anunciado por Marques Mendes, rapidamente começaram a desaparecer ilustres atores de tal movimento. Afinal, alguns tinham negócios com os espanhóis e não vale a pena entrar em novas batalhas de Aljubarrota...

11/04/2016
Vítor Rainho 
vitor.rainho@newsplex.pt 
Jornal i