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Os custos da corrupção
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Os custos da corrupção
Segundo o Survey da EY relativo a 2016, em Portugal, metade das equipas financeiras entrevistadas estaria disposta a assumir comportamentos não éticos para cumprir objectivos financeiros ou salvaguardar a sobrevivência económica da empresa a que pertence.
Reconhece-se a existência de corrupção, entende-se que deve ser punida, mas também se admite que, se for preciso, podem adoptar-se práticas impróprias. É um flagelo social que só uma mudança de atitude cívica pode ajudar a combater.
O combate à fraude e à corrupção, mais do que uma batalha contra os oportunismos é uma guerra dura e demorada contra atitudes e mentalidades. Se dúvidas houvesse, o Survey da EY relativo a 2016 revela que, em Portugal, metade das equipas financeiras entrevistadas afirma que estaria disposta a assumir comportamentos não éticos para cumprir objectivos financeiros ou salvaguardar a sobrevivência económica da empresa a que pertence.
O estudo revela que parte significativa dos directores financeiros e dos outros membros das equipas financeiras estariam dispostos a fazer pagamentos em dinheiro para obter ou conservar negócios. Mas também estariam preparados para falsificar desempenhos financeiros ou para alterar datas de contratos. Estas são, no fundo, algumas práticas que todos sabem existir e que impedem, restringem e falseiam a concorrência.
Quem toma atitudes erradas do ponto de vista ético tende a dizer que “está a trabalhar” por um bom motivo. A corrupção tende a ser suportada pela troca de favores, de prendas, de serviços, muitas vezes, de entretenimento, como viagens ou outros. É uma questão cultural, construída ao longo do tempo e que, apesar de não parecer, prejudica sempre alguém, sejam os concorrentes directos, seja o conjunto da sociedade. Vivemos num país onde a “cunha” está instituída e ninguém, quando a move, pensa que está a fazer tráfico de influências.
O facto de entre os entrevistados, dispostos a tudo para defender as suas empresas, estarem desde administradores financeiros a directores e outros membros das equipas financeiras é bem exemplificativo da extensão e complexidade do problema e da dificuldade em combatê-lo. É por isso que metade dos entrevistados do Survey da EY admite que existem práticas generalizadas de suborno e corrupção no país. Quer no sector privado, quer no público.
A corrupção no domínio público é, muitas vezes, ainda mais difícil de detectar. Vejam-se as suspeitas recentes sobre responsáveis e funcionários de repartições de finanças que receberiam dinheiro ou géneros a troco de informações confidenciais, com um responsável sindical a permitir-se dizer que a culpa era dos cortes salariais, como se este tipo de comportamento pudesse ter alguma justificação.
Os custos do crime económico em Portugal são estimados em 46 mil milhões anuais (25% do PIB nacional). Mas o combate efectivo à fraude e corrupção tem de passar por uma mudança de mentalidades. Para além de uma questão do foro criminal, é um problema de civismo. Só quando a denúncia destas situações deixar de ser vista como deslealdade e passar a ser identificada com um factor de correcção de injustiças, se poderá avançar para uma sociedade mais livre, mais transparente e mais rica.
00:05 h
Francisco Ferreira da Silva
Económico
Reconhece-se a existência de corrupção, entende-se que deve ser punida, mas também se admite que, se for preciso, podem adoptar-se práticas impróprias. É um flagelo social que só uma mudança de atitude cívica pode ajudar a combater.
O combate à fraude e à corrupção, mais do que uma batalha contra os oportunismos é uma guerra dura e demorada contra atitudes e mentalidades. Se dúvidas houvesse, o Survey da EY relativo a 2016 revela que, em Portugal, metade das equipas financeiras entrevistadas afirma que estaria disposta a assumir comportamentos não éticos para cumprir objectivos financeiros ou salvaguardar a sobrevivência económica da empresa a que pertence.
O estudo revela que parte significativa dos directores financeiros e dos outros membros das equipas financeiras estariam dispostos a fazer pagamentos em dinheiro para obter ou conservar negócios. Mas também estariam preparados para falsificar desempenhos financeiros ou para alterar datas de contratos. Estas são, no fundo, algumas práticas que todos sabem existir e que impedem, restringem e falseiam a concorrência.
Quem toma atitudes erradas do ponto de vista ético tende a dizer que “está a trabalhar” por um bom motivo. A corrupção tende a ser suportada pela troca de favores, de prendas, de serviços, muitas vezes, de entretenimento, como viagens ou outros. É uma questão cultural, construída ao longo do tempo e que, apesar de não parecer, prejudica sempre alguém, sejam os concorrentes directos, seja o conjunto da sociedade. Vivemos num país onde a “cunha” está instituída e ninguém, quando a move, pensa que está a fazer tráfico de influências.
O facto de entre os entrevistados, dispostos a tudo para defender as suas empresas, estarem desde administradores financeiros a directores e outros membros das equipas financeiras é bem exemplificativo da extensão e complexidade do problema e da dificuldade em combatê-lo. É por isso que metade dos entrevistados do Survey da EY admite que existem práticas generalizadas de suborno e corrupção no país. Quer no sector privado, quer no público.
A corrupção no domínio público é, muitas vezes, ainda mais difícil de detectar. Vejam-se as suspeitas recentes sobre responsáveis e funcionários de repartições de finanças que receberiam dinheiro ou géneros a troco de informações confidenciais, com um responsável sindical a permitir-se dizer que a culpa era dos cortes salariais, como se este tipo de comportamento pudesse ter alguma justificação.
Os custos do crime económico em Portugal são estimados em 46 mil milhões anuais (25% do PIB nacional). Mas o combate efectivo à fraude e corrupção tem de passar por uma mudança de mentalidades. Para além de uma questão do foro criminal, é um problema de civismo. Só quando a denúncia destas situações deixar de ser vista como deslealdade e passar a ser identificada com um factor de correcção de injustiças, se poderá avançar para uma sociedade mais livre, mais transparente e mais rica.
00:05 h
Francisco Ferreira da Silva
Económico
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