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Querem dizer que é um fracasso não ser a esquerda a governar?
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Querem dizer que é um fracasso não ser a esquerda a governar?
Que divertido! Já se sabe que iremos ter novas eleições gerais em Espanha dia 26 de junho próximo e eu divirto-me muito com os que se arrogam o papel de notários do fracasso que aparentemente acabamos de demonstrar ser como país. Refiro-me a todos os jornais convencionais, às cadeias de rádio e televisão, à plêiade dos politicamente corretos e, inclusive, a toda a imprensa internacional que flutua entre o desconhecimento e a hipocrisia sobre o que acontece em Espanha: "Que os partidos não souberam entender a mensagem das urnas, que perdemos toda a reputação que nos restava na Europa, que este país é definitivamente ingovernável..." etc.
Todas as pragas do Apocalipse parecem concentrar-se em Espanha por um facto que todos deveríamos celebrar com entusiasmo: o de a esquerda não ter, neste momento, a possibilidade de voltar a dirigir a política nacional - como infelizmente aconteceu em Portugal -, e o parêntese de Rajoy depois do nefasto reinado de Zapatero poder vir a ter alguma possibilidade de se prolongar. Porque é isto o que a repetição de eleições evita. E o que estava em jogo. Depois de o candidato socialista Pedro Sánchez ter dito na cara a Rajoy que este era um primeiro-ministro indecente, de ter obtido o pior resultado da história do PSOE e, apesar disso, ter-se oferecido irresponsavelmente para ser nomeado chefe do governo declarando que jamais pactuaria com Rajoy nem falaria com ele, chegámos a este ponto que deveria ser motivo de alegria geral.
A possibilidade de que haja um governo de esquerda em Espanha está hoje mais longe do que antes. E por que motivo deveria isto ser uma causa de júbilo? Pois porque, para começar, o programa acordado em primeira instância entre Sánchez e Rivera, o líder do novo partido em discórdia, chamado Ciudadanos, que não se sabe se é de esquerda ou de direita, previa um aumento da despesa pública de 20 mil milhões de euros como mínimo, previa a reversão da reforma laboral que criou 900 mil empregos no país durante os últimos dois anos e, segundo um relatório recente do banco BBVA, evitou a destruição de outros 900 mil postos de trabalho, e porque incidia na recuperação de um Estado social que demonstrou ser financeiramente insustentável e culturalmente nocivo. Porque era um programa contra a competitividade, que é a chave para o progresso de qualquer nação. Porque era um programa que, postulando maior poder para os sindicatos, ia contra o incremento da produtividade de que qualquer mercado de trabalho necessita se quiser produzir emprego. Porque, em definitivo, era um programa indecente.
Mas ainda há mais. Há ainda o facto de que como o Sr. Sánchez demonstrou durante todos estes quatro meses que queria ser chefe do governo a qualquer preço, baixou várias vezes as calças perante o partido radical Podemos, aguentou com um estoicismo oriental todas as humilhações de Pablo Iglesias e, até ao último momento, tratou de exprimir, incorrendo no ridículo, qualquer possibilidade de chegar a um acordo vergonhoso que o colocasse na Moncloa. Por fim, graças a Deus, esta vontade granítica e infame, pois roçava o imoral, bateu na parede erguida pelo outro grande descobrimento espanhol destes últimos quatro meses, o diabo de Pablo Iglesias, que constitui a essência do mal, pois é o estandarte do populismo, que quer seja de esquerda - que ele protagoniza - ou de origem e procedência nacionalista - particularmente o catalão - tem como destino final a ruína das nações onde germina e prospera.
Por isso, nós os espanhóis, deveríamos estar exultantes e não como os sensatos editorialistas dos meios de comunicação convencionais, que se afligem perante o suposto grande fiasco de uma repetição das eleições. Deveríamos estar exultantes porque se se tivesse dado o caso de ter sido nomeado um governo de esquerda a Bolsa teria caído a pique, o prémio de risco teria escalado muitíssimo, os investidores ter-se-iam posto a milhas e as empresas teriam mudado radicalmente de planos perante o aterrador cenário em perspetiva. Dirão que exagero. Não. A Comissão Europeia, que já anda muito aborrecida connosco depois de termos ultrapassado em mais de um ponto percentual o défice público acordado para o ano passado, até atingirmos uns notáveis 5%, teria ativado todos os sinais de alarme: iria a Espanha seguir o caminho da Grécia? Ir-se-ia converter outra vez num problema como Portugal? Tudo isso esteve a ponto de acontecer neste país se a soberba de Pablo Iglesias não se tivesse sobreposto à ambição desmedida de Pedro Sánchez.
Imaginem o que poderiam pensar na Europa, ou mais além, qualquer dos fundos de investimento presentes e vigilantes perante um eventual governo influenciado pelos ares revolucionários do Podemos, que pretende gastar mais 60 mil milhões, aumentar o salário mínimo para mais de mil euros, instituir um rendimento mínimo universal e, indo mais longe, destruir territorialmente o país com o exercício do direito a decidir de todo aquele que o pedir cumprindo os requisitos formais e temporais. A repetição das eleições abre, de momento, a possibilidade de sairmos, durante um tempo, do meio de todos estes loucos, uns loucos aos quais, deve ser dito, Pedro Sánchez esteve disposto a dar abrigo até que soou a campainha.
Contra a tese defendida pelo socialista Sánchez, os espanhóis não apostaram no passado dia 20 de dezembro na mudança nem passaram nenhuma mensagem de qualquer natureza para que os partidos que não ganharam as eleições - pois quem as venceu com uma certa folga foi o PP - se pusessem de acordo para destituir Rajoy. Cada qual votou no que mais lhe interessava, o que é notório e legítimo. A única coisa que se pode constatar depois destes quatro meses no limbo é que os cidadãos votaram muito mal, não com a cabeça mas sim com os pés, usaram o impulso em vez da razão. E que, como consequência, originaram um cenário diabólico que, felizmente, ninguém foi capaz de resolver, fundamentalmente a esquerda, pois a direita e o primeiro-ministro Rajoy estiveram desde início vetados aos efeitos do que teria sido o governo menos mau dos possíveis, uma coligação entre o PP e o PSOE. Agora, a 26 de junho próximo, abre-se uma oportunidade inigualável para retificar, que eu espero que todos os cidadãos saibam aproveitar.
06 DE MAIO DE 2016
00:05
Miguel Angel Belloso
Diário de Notícias
Todas as pragas do Apocalipse parecem concentrar-se em Espanha por um facto que todos deveríamos celebrar com entusiasmo: o de a esquerda não ter, neste momento, a possibilidade de voltar a dirigir a política nacional - como infelizmente aconteceu em Portugal -, e o parêntese de Rajoy depois do nefasto reinado de Zapatero poder vir a ter alguma possibilidade de se prolongar. Porque é isto o que a repetição de eleições evita. E o que estava em jogo. Depois de o candidato socialista Pedro Sánchez ter dito na cara a Rajoy que este era um primeiro-ministro indecente, de ter obtido o pior resultado da história do PSOE e, apesar disso, ter-se oferecido irresponsavelmente para ser nomeado chefe do governo declarando que jamais pactuaria com Rajoy nem falaria com ele, chegámos a este ponto que deveria ser motivo de alegria geral.
A possibilidade de que haja um governo de esquerda em Espanha está hoje mais longe do que antes. E por que motivo deveria isto ser uma causa de júbilo? Pois porque, para começar, o programa acordado em primeira instância entre Sánchez e Rivera, o líder do novo partido em discórdia, chamado Ciudadanos, que não se sabe se é de esquerda ou de direita, previa um aumento da despesa pública de 20 mil milhões de euros como mínimo, previa a reversão da reforma laboral que criou 900 mil empregos no país durante os últimos dois anos e, segundo um relatório recente do banco BBVA, evitou a destruição de outros 900 mil postos de trabalho, e porque incidia na recuperação de um Estado social que demonstrou ser financeiramente insustentável e culturalmente nocivo. Porque era um programa contra a competitividade, que é a chave para o progresso de qualquer nação. Porque era um programa que, postulando maior poder para os sindicatos, ia contra o incremento da produtividade de que qualquer mercado de trabalho necessita se quiser produzir emprego. Porque, em definitivo, era um programa indecente.
Mas ainda há mais. Há ainda o facto de que como o Sr. Sánchez demonstrou durante todos estes quatro meses que queria ser chefe do governo a qualquer preço, baixou várias vezes as calças perante o partido radical Podemos, aguentou com um estoicismo oriental todas as humilhações de Pablo Iglesias e, até ao último momento, tratou de exprimir, incorrendo no ridículo, qualquer possibilidade de chegar a um acordo vergonhoso que o colocasse na Moncloa. Por fim, graças a Deus, esta vontade granítica e infame, pois roçava o imoral, bateu na parede erguida pelo outro grande descobrimento espanhol destes últimos quatro meses, o diabo de Pablo Iglesias, que constitui a essência do mal, pois é o estandarte do populismo, que quer seja de esquerda - que ele protagoniza - ou de origem e procedência nacionalista - particularmente o catalão - tem como destino final a ruína das nações onde germina e prospera.
Por isso, nós os espanhóis, deveríamos estar exultantes e não como os sensatos editorialistas dos meios de comunicação convencionais, que se afligem perante o suposto grande fiasco de uma repetição das eleições. Deveríamos estar exultantes porque se se tivesse dado o caso de ter sido nomeado um governo de esquerda a Bolsa teria caído a pique, o prémio de risco teria escalado muitíssimo, os investidores ter-se-iam posto a milhas e as empresas teriam mudado radicalmente de planos perante o aterrador cenário em perspetiva. Dirão que exagero. Não. A Comissão Europeia, que já anda muito aborrecida connosco depois de termos ultrapassado em mais de um ponto percentual o défice público acordado para o ano passado, até atingirmos uns notáveis 5%, teria ativado todos os sinais de alarme: iria a Espanha seguir o caminho da Grécia? Ir-se-ia converter outra vez num problema como Portugal? Tudo isso esteve a ponto de acontecer neste país se a soberba de Pablo Iglesias não se tivesse sobreposto à ambição desmedida de Pedro Sánchez.
Imaginem o que poderiam pensar na Europa, ou mais além, qualquer dos fundos de investimento presentes e vigilantes perante um eventual governo influenciado pelos ares revolucionários do Podemos, que pretende gastar mais 60 mil milhões, aumentar o salário mínimo para mais de mil euros, instituir um rendimento mínimo universal e, indo mais longe, destruir territorialmente o país com o exercício do direito a decidir de todo aquele que o pedir cumprindo os requisitos formais e temporais. A repetição das eleições abre, de momento, a possibilidade de sairmos, durante um tempo, do meio de todos estes loucos, uns loucos aos quais, deve ser dito, Pedro Sánchez esteve disposto a dar abrigo até que soou a campainha.
Contra a tese defendida pelo socialista Sánchez, os espanhóis não apostaram no passado dia 20 de dezembro na mudança nem passaram nenhuma mensagem de qualquer natureza para que os partidos que não ganharam as eleições - pois quem as venceu com uma certa folga foi o PP - se pusessem de acordo para destituir Rajoy. Cada qual votou no que mais lhe interessava, o que é notório e legítimo. A única coisa que se pode constatar depois destes quatro meses no limbo é que os cidadãos votaram muito mal, não com a cabeça mas sim com os pés, usaram o impulso em vez da razão. E que, como consequência, originaram um cenário diabólico que, felizmente, ninguém foi capaz de resolver, fundamentalmente a esquerda, pois a direita e o primeiro-ministro Rajoy estiveram desde início vetados aos efeitos do que teria sido o governo menos mau dos possíveis, uma coligação entre o PP e o PSOE. Agora, a 26 de junho próximo, abre-se uma oportunidade inigualável para retificar, que eu espero que todos os cidadãos saibam aproveitar.
06 DE MAIO DE 2016
00:05
Miguel Angel Belloso
Diário de Notícias
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