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Insanidade colectiva
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Insanidade colectiva
Copiamos tantas coisas, aspiramos a ser como os melhores em quase tudo, mas no campo económico recusamo-nos a seguir as melhores práticas a nível mundial no que ao investimento diz respeito, a procura exclusiva pela rentabilidade.
“Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”, um dos clichés mais certeiros e utilizados do mundo, atribuído a Einstein, mas de paternidade nunca comprovada. Há outros dois igualmente acutilantes, de autor bem conhecido, Thomas Edison, creditado como o inventor dos métodos de inovação moderna e detentor de mais de 1.900 patentes aquando da sua morte, sendo o seu invento mais conhecido a luz eléctrica.
Edison foi acima de tudo um concretizador, não tão genial quanto outros, como Nikola Tesla, mas muito mais eficiente no final. “Eu não falhei, apenas encontrei 10 mil maneiras que não funcionam”. Esta frase de Edison encaixa como uma luva na anterior atribuída a Einstein, no sentido em que não se falha quando se muda, apenas se evolui no processo de descoberta, o problema está em nunca mudar e ser incapaz de encarar a evidência do insucesso.
Mas então porque caímos sistematicamente nos mesmos erros? Edison apresenta uma resposta, “cinco por cento das pessoas pensam, dez por cento das pessoas julgam que pensam e as restantes oitenta e cinco por cento preferem morrer do que pensar”. Sim, porque pensar leva à tomada de decisões, decisões essas que quase nunca são fáceis de tomar. O ser humano sente-se mais seguro na sua zona de conforto, aquela que não gera rigorosamente melhoria alguma.
É inquestionável que as políticas económicas seguidas nos últimos 40 anos foram erradas, contudo, cada uma das forças políticas continua insanamente a defendê-las. Portugal é hoje um país tecnicamente falido, com elevado desemprego, sem a mínima competitividade e com uma dívida crescente, pública e privada, à qual está associado um custo com juros proibitivo. É a “morte lenta”.
O sucesso económico de qualquer política é aferido sempre pela mesma medida: rentabilidade. Não importa o montante, o destino de um investimento nem a dimensão de uma reestruturação, o que importa é se, no final, o processo é rentável! O que não se pode ter é investimento público em sectores que não criam rendimento nem implementar uma “austeridade” cega que destrói mais do que rectifica. Ambos os caminhos vão dar ao precipício, a diferença está nas ilusões criadas e nos “amigos” beneficiados.
Os problemas da economia portuguesa estão perfeitamente identificados e podem ser resolvidos apostando em dois vectores que estão interligados. Aposta exclusiva nos produtos de maior valor acrescentado e capitalização correcta das empresas. Nos EUA, a banca financia 20% da economia e o mercado de capitais os restantes 80%. Na Europa esse rácio é o inverso e em Portugal o mercado de capitais é praticamente inexistente. Sendo o capital de risco incipiente em Portugal, o principal financiador da inovação e do maior valor acrescentado, é evidente a razão pela qual Portugal nunca poderá sair da situação em que se encontra sem uma mudança.
Foi anunciado um pacote de investimentos de 33 mil milhões de euros até 2020. Até podia ser o triplo, valia o mesmo, nada! Porquê? Porque, mais uma vez, (insanidade) gastam-se fortunas em sectores que pouca ou nenhuma rentabilidade vão gerar e que em muitos casos vão criar mais encargos para o futuro. Por exemplo, o investimento de 400 milhões de euros na ampliação das linhas do Metro de Lisboa e do Metro do Porto, ambas empresas muito deficitárias.
Ou seja, gastar mais dinheiro (dívida) para gerar mais prejuízo. Os cidadãos precisam é de ter um local de trabalho, com ordenados condignos, para utilizar e pagar devidamente a rede de transportes existentes, o que não acontece com uma taxa de desemprego de 11% e uma mentalidade de mão-de-obra barata. Das medidas anunciadas consta igualmente a utilização de 1.400 milhões na reabilitação de prédios para arrendamento acessível, utilizando recursos da Segurança Social, mas sem nunca se referir qual a rentabilidade esperada. É uma equação impossível ter rendas acessíveis e gerar uma rentabilidade elevada.
Em relação ao principal, a resolução dos problemas estruturais da economia, pouco ou nada existe, muitos números tirados de uma qualquer cartola, mas não uma estratégia inteligente e de resultados comprovados, em suma um PowerPoint de economistas de Excel para encher as vistas aos acólitos que preferem morrer do que pensar.
E aqui reside o ridículo supremo. Copiamos tantas coisas, aspiramos a ser como os melhores em quase tudo, mas no campo económico recusamo-nos a seguir as melhores práticas a nível mundial no que ao investimento diz respeito, a procura exclusiva pela rentabilidade. É tão básico e simples aferir o porquê do sucesso económico de certos países, que o facto de não seguirmos os seus passos justifica no mínimo uma reflexão. Viveremos um caso sério de psicose destrutiva auto-infligida?
Quando é que os 85% decidem que têm de pensar? E não andar de rebuçado em rebuçado ou de tacho em tacho ou de ilusão em ilusão, apoiando quem nos empurra para o precipício, seja qual for a sua cor politica? A boa gestão não tem cor e não é pública ou privada – ou é boa ou é má, e quem decide a sua qualidade são os seus intervenientes.
00:05 h
Marco Silva, Analista Financeiro
Económico
“Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”, um dos clichés mais certeiros e utilizados do mundo, atribuído a Einstein, mas de paternidade nunca comprovada. Há outros dois igualmente acutilantes, de autor bem conhecido, Thomas Edison, creditado como o inventor dos métodos de inovação moderna e detentor de mais de 1.900 patentes aquando da sua morte, sendo o seu invento mais conhecido a luz eléctrica.
Edison foi acima de tudo um concretizador, não tão genial quanto outros, como Nikola Tesla, mas muito mais eficiente no final. “Eu não falhei, apenas encontrei 10 mil maneiras que não funcionam”. Esta frase de Edison encaixa como uma luva na anterior atribuída a Einstein, no sentido em que não se falha quando se muda, apenas se evolui no processo de descoberta, o problema está em nunca mudar e ser incapaz de encarar a evidência do insucesso.
Mas então porque caímos sistematicamente nos mesmos erros? Edison apresenta uma resposta, “cinco por cento das pessoas pensam, dez por cento das pessoas julgam que pensam e as restantes oitenta e cinco por cento preferem morrer do que pensar”. Sim, porque pensar leva à tomada de decisões, decisões essas que quase nunca são fáceis de tomar. O ser humano sente-se mais seguro na sua zona de conforto, aquela que não gera rigorosamente melhoria alguma.
É inquestionável que as políticas económicas seguidas nos últimos 40 anos foram erradas, contudo, cada uma das forças políticas continua insanamente a defendê-las. Portugal é hoje um país tecnicamente falido, com elevado desemprego, sem a mínima competitividade e com uma dívida crescente, pública e privada, à qual está associado um custo com juros proibitivo. É a “morte lenta”.
O sucesso económico de qualquer política é aferido sempre pela mesma medida: rentabilidade. Não importa o montante, o destino de um investimento nem a dimensão de uma reestruturação, o que importa é se, no final, o processo é rentável! O que não se pode ter é investimento público em sectores que não criam rendimento nem implementar uma “austeridade” cega que destrói mais do que rectifica. Ambos os caminhos vão dar ao precipício, a diferença está nas ilusões criadas e nos “amigos” beneficiados.
Os problemas da economia portuguesa estão perfeitamente identificados e podem ser resolvidos apostando em dois vectores que estão interligados. Aposta exclusiva nos produtos de maior valor acrescentado e capitalização correcta das empresas. Nos EUA, a banca financia 20% da economia e o mercado de capitais os restantes 80%. Na Europa esse rácio é o inverso e em Portugal o mercado de capitais é praticamente inexistente. Sendo o capital de risco incipiente em Portugal, o principal financiador da inovação e do maior valor acrescentado, é evidente a razão pela qual Portugal nunca poderá sair da situação em que se encontra sem uma mudança.
Foi anunciado um pacote de investimentos de 33 mil milhões de euros até 2020. Até podia ser o triplo, valia o mesmo, nada! Porquê? Porque, mais uma vez, (insanidade) gastam-se fortunas em sectores que pouca ou nenhuma rentabilidade vão gerar e que em muitos casos vão criar mais encargos para o futuro. Por exemplo, o investimento de 400 milhões de euros na ampliação das linhas do Metro de Lisboa e do Metro do Porto, ambas empresas muito deficitárias.
Ou seja, gastar mais dinheiro (dívida) para gerar mais prejuízo. Os cidadãos precisam é de ter um local de trabalho, com ordenados condignos, para utilizar e pagar devidamente a rede de transportes existentes, o que não acontece com uma taxa de desemprego de 11% e uma mentalidade de mão-de-obra barata. Das medidas anunciadas consta igualmente a utilização de 1.400 milhões na reabilitação de prédios para arrendamento acessível, utilizando recursos da Segurança Social, mas sem nunca se referir qual a rentabilidade esperada. É uma equação impossível ter rendas acessíveis e gerar uma rentabilidade elevada.
Em relação ao principal, a resolução dos problemas estruturais da economia, pouco ou nada existe, muitos números tirados de uma qualquer cartola, mas não uma estratégia inteligente e de resultados comprovados, em suma um PowerPoint de economistas de Excel para encher as vistas aos acólitos que preferem morrer do que pensar.
E aqui reside o ridículo supremo. Copiamos tantas coisas, aspiramos a ser como os melhores em quase tudo, mas no campo económico recusamo-nos a seguir as melhores práticas a nível mundial no que ao investimento diz respeito, a procura exclusiva pela rentabilidade. É tão básico e simples aferir o porquê do sucesso económico de certos países, que o facto de não seguirmos os seus passos justifica no mínimo uma reflexão. Viveremos um caso sério de psicose destrutiva auto-infligida?
Quando é que os 85% decidem que têm de pensar? E não andar de rebuçado em rebuçado ou de tacho em tacho ou de ilusão em ilusão, apoiando quem nos empurra para o precipício, seja qual for a sua cor politica? A boa gestão não tem cor e não é pública ou privada – ou é boa ou é má, e quem decide a sua qualidade são os seus intervenientes.
00:05 h
Marco Silva, Analista Financeiro
Económico
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