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Ingenuidade individual, desconfiança colectiva
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Ingenuidade individual, desconfiança colectiva
A tecnologia não pode ser a receita única para os problemas da sociedade. Precisamos também, e acima de tudo, de um novo humanismo que nos permita recuperar a fé na colaboração entre as pessoas como elemento insubstituível do progresso.
A pior das várias crises que atravessamos é a crise de confiança. Desconfiamos de coletivos inteiros, como a classe política; de peças fundamentais do sistema económico, como os bancos e os banqueiros; e de outras muitas figuras públicas, bem representadas, por exemplo, nos ‘Panama Papers’, que têm aprofundado esta crise de confiança com um sentimento de desconfiança retroativa. Nada é o que parece e, por isso, flutuamos hoje entre o cinismo cético dos mais descrentes e as dúvidas legítimas dos mais inocentes.
A confiança é um curto-circuito fundamental para fazer negócios porque diminui os custos de transação entre os agentes económicos. À falta dela, vivemos hoje num mundo rico em dinheiro e pobre em investimentos, o que compromete o futuro de países que, como o nosso, dependem fortemente deles para progredir. Adicionalmente, a economia é cada vez mais colaborativa e requer ainda maiores doses de credibilidade entre os participantes nesse novo jugo, que exige protagonistas sem cadastro. Nessa base, as sociedades que consigam construir quadros institucionais mais sólidos e promover valores coletivos mais profundos serão melhor sucedidas.
Paradoxalmente, em contraposição a este quadro de desconfiança coletiva no mundo mais tradicional, uma das características da modernidade é a inédita confiança de que, a título individual e através da tecnologia, podemos conseguir qualquer coisa a que nos proponhamos. Daí a infinidade de ‘start-ups’ que a cada dia nascem e morrem e que, de uma forma voluntarista mas um tanto irresponsável, promovemos até à saciedade. Porque, para ser empresário, é preciso dispor de recursos não só económicos e profissionais, mas sobretudo emocionais.
Em relação à componente tecnológica desse novo individualismo otimista, parece que quanto menos confiamos nas pessoas que nos rodeiam mais o fazemos na tecnologia. A profusão de erros humanos em todos os domínios da sociedade, que têm configurado um cenário de crise tão denso e multifacetado, leva-nos a preferir o determinismo das máquinas, cada vez mais abundantes, próximas e antropomorfas.
Mas a tecnologia não pode ser a receita única para os problemas da sociedade. Precisamos também, e acima de tudo, de um novo humanismo que nos permita recuperar a fé na colaboração entre as pessoas como elemento insubstituível do progresso. Porque a alternativa será ficarmos não só imobilizados pela desconfiança, mas cativos da tecnologia e dos seus apóstolos.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín, Gestor
Económico
A pior das várias crises que atravessamos é a crise de confiança. Desconfiamos de coletivos inteiros, como a classe política; de peças fundamentais do sistema económico, como os bancos e os banqueiros; e de outras muitas figuras públicas, bem representadas, por exemplo, nos ‘Panama Papers’, que têm aprofundado esta crise de confiança com um sentimento de desconfiança retroativa. Nada é o que parece e, por isso, flutuamos hoje entre o cinismo cético dos mais descrentes e as dúvidas legítimas dos mais inocentes.
A confiança é um curto-circuito fundamental para fazer negócios porque diminui os custos de transação entre os agentes económicos. À falta dela, vivemos hoje num mundo rico em dinheiro e pobre em investimentos, o que compromete o futuro de países que, como o nosso, dependem fortemente deles para progredir. Adicionalmente, a economia é cada vez mais colaborativa e requer ainda maiores doses de credibilidade entre os participantes nesse novo jugo, que exige protagonistas sem cadastro. Nessa base, as sociedades que consigam construir quadros institucionais mais sólidos e promover valores coletivos mais profundos serão melhor sucedidas.
Paradoxalmente, em contraposição a este quadro de desconfiança coletiva no mundo mais tradicional, uma das características da modernidade é a inédita confiança de que, a título individual e através da tecnologia, podemos conseguir qualquer coisa a que nos proponhamos. Daí a infinidade de ‘start-ups’ que a cada dia nascem e morrem e que, de uma forma voluntarista mas um tanto irresponsável, promovemos até à saciedade. Porque, para ser empresário, é preciso dispor de recursos não só económicos e profissionais, mas sobretudo emocionais.
Em relação à componente tecnológica desse novo individualismo otimista, parece que quanto menos confiamos nas pessoas que nos rodeiam mais o fazemos na tecnologia. A profusão de erros humanos em todos os domínios da sociedade, que têm configurado um cenário de crise tão denso e multifacetado, leva-nos a preferir o determinismo das máquinas, cada vez mais abundantes, próximas e antropomorfas.
Mas a tecnologia não pode ser a receita única para os problemas da sociedade. Precisamos também, e acima de tudo, de um novo humanismo que nos permita recuperar a fé na colaboração entre as pessoas como elemento insubstituível do progresso. Porque a alternativa será ficarmos não só imobilizados pela desconfiança, mas cativos da tecnologia e dos seus apóstolos.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
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