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Madeira: apostar forte no Turismo Activo (parte I)

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Madeira: apostar forte no Turismo Activo (parte I) Empty Madeira: apostar forte no Turismo Activo (parte I)

Mensagem por Admin Dom maio 15, 2016 10:45 am

Madeira: apostar forte no Turismo Activo (parte I) 11_Nuno_Jardim_Fernandes

Uma primeira constatação: as autoridades e os operadores turísticos da Região ainda não mediram bem o alcance de um recurso turístico que advém da sua natureza privilegiada, que além de poder dar uma imagem favorável em consonância com as novas tendências do turismo mundial, pode fazer a diferença na promoção do turismo da Madeira, a par de estarmos a desenvolver um produto turístico de excelência.  

Falo das levadas, que são únicas, e onde existem já registos de um turismo organizado, em 1860, em torno deste produto, ao ler-se dos autores Robert White e James Johnson uma publicação editada em Edimburgo intitulada «Madeira:Its Climate and Scenery»,seguida de outra publicada mais tarde em Londres, por Ellen Taylor, em 1882, designada por «Madeira:How to see it»,  onde se diz expressamente  no que havia a fazer, e ver,  pelos turistas ingleses que demandassem a Madeira, designadamente, o seguinte:

WALKS-«One of the most pictures and charming walks near Funchal is the waterfall, the source of the «levadas» which crosses the «Caminho do Meio» a litlle way above Mr.Hollway`s House.

Ou seja, as levadas já eram uma razão forte para ir á Madeira em programas de 1 dia e de 3 a 14 dias, existentes á época no mercado inglês, a par do clima, o que pode ser ilustrado pela frase seguinte: «the excursion to Rabaçal and back, can be made in the same way».

Portanto, não descobrimos hoje «a pólvora», as levadas já eram consideradas apetecíveis no século XIX e motivo de visita ao destino. Mas, hoje, as levadas não esgotam o deslumbramento que a paisagem madeirense oferece.

Quero com isto dizer que as levadas não fazem o pleno das caminhadas a pé para deleite dos turistas, porque existem caminhos e veredas que mereciam ser exploradas pela igual beleza das suas paisagens (ex: vereda do Pico do Areeiro ao Pico Ruivo) mas ainda estão por recuperar. Outras, como as antigas «estradas reais», podiam fazer reviver a história de outros tempos se devidamente identificadas, recuperadas e «contadas».

A procura a nível mundial neste segmento do turismo é tal que países como a Nova Zelândia ou a Costa Rica e regiões como a Ilha de La Palma (Canárias) especializaram-se neste tipo de turismo activo e vivem muito dele.

Mas não basta partir do que existe e melhorar as condições de usufruto de uma «experiência única» proporcionada pelo património natural da Ilha, é necessário investir mais neste produto para que tenha a escala pretendida e a adaptação que requer, em termos de alargamento da «rede» e sua adequação à prática do turismo a pé, com a segurança que é vital em trilhos a percorrer quantas vezes no meio de ribanceiras e túneis, onde nem se vê a luz do dia.

 Quando se compara com o nível de investimentos em equipamentos colectivos sem necessidade, efectuados de há anos a esta parte, na região (desde túneis, a heliportos, passando por centros de convívio onde ninguém vai), não teria sido mais sensato ter investido em caminhos a pé, veredas, e outros trilhos, tal como, por exemplo, fizeram os espanhóis em Málaga com «o Caminito d`el Rey» (www.caminitodelrey.info) que custou milhões mas que o Governo Provincial espera poder amortizar em meia dúzia de anos com a receita das «entradas»? Não é isso que diferencia os governantes com visão dos que na gíria apelidamos de «vistas curtas»?

Nuno Jardim Fernandes
Diário de Notícias da Madeira 
Domingo, 15 de Maio de 2016
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