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Contos do tempo em que os mamíferos voavam
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Contos do tempo em que os mamíferos voavam
No nosso país imaginário vira-se a página da austeridade com velas acesas, cumprem-se as metas orçamentais deitando os búzios e tem-se fé que as vacas voadoras façam o resto
Seis meses depois da coligação das esquerdas se ter formado para governar, há claramente dois países neste retângulo à beira-mar plantado. Esses dois países não podiam ser mais contrastantes. De um lado temos um país que, ciente das suas fragilidades e de mangas arregaçadas, enfrenta os problemas com a convicção de que os atalhos e as facilidades nunca nos levaram a lado algum. Do outro lado temos um país imaginário, um lugar feérico, hiperbólico, exótico, uma espécie offshore político onde a realidade não entra, sítio no qual o homem vive livre de constrangimentos porque nada é impossibilidade. O nosso país imaginário é o novo reino do Preste João. No reino do Preste João contavam-se histórias de pedras preciosas que nasciam no fundo dos rios, de fontes miraculosas e até da existência de unicórnios e outros seres míticos que viviam na abundância. No nosso país imaginário vira-se a página da austeridade com velas acesas, cumprem-se as metas orçamentais deitando os búzios e tem-se fé que as vacas voadoras façam o resto. O primeiro país paga as crises. O segundo país cria-as. Para infelicidade nossa, António Costa está a fazer tudo o que pode e o que não pode para nos levar para uma nova crise. Não é objetivo, é forma de governar. Não é defeito, é feitio. Porque está extraordinariamente preocupado com a sua sobrevivência política, Costa sabe que só se aguentará se criar uma enorme ilusão de prosperidade no país. Está a esticar essa ilusão até ao limite. Tal como a vaca alada, também o país é um brinquedo nas mãos de Costa. A vaca voou presa por um fio, o país está preso por arames. E todos, começando pelo próprio Costa, até já têm dúvidas que tanto a vaca como a fórmula socialista aplicada ao país funcione mesmo.
Coadjuvado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, o governo de Costa prometeu aos portugueses mundos e fundos. Com o glorioso governo da esquerda, não mais os portugueses seriam forçados a emigrar para procurar melhores condições de vida; não mais os desempregados conheceriam a fragilidade; não mais os salários seriam cortados, os impostos aumentados e as pensões atacadas. Não, com o heroico governo das esquerdas, todos os portugueses viveriam instantaneamente melhor porque a vil austeridade, essa coisa de direita, seria página virada, memória negra arrumada em baú.
Estes foram os compromissos do governo de esquerda. E o que se lhe exigia era que honrasse a palavra dada. Seis meses depois, e filtrando todo o ilusionismo, constatamos que há poucos que vivem com mais (sendo que estes não são os que mais precisam), e quase todos vivem com menos. Com o desgoverno da esquerda, o autoproclamado campeão dos desfavorecidos, desde o início do ano, cinco mil idosos perderam o complemento solidário, de acordo com números da segurança social. Com o desgoverno da esquerda, que zela pelo bem da humanidade em geral mas ignora o homem em particular, as famílias voltaram a estar na linha de fogo socialista e há menos 43 114 crianças ou jovens a receber abono de família. Com o desgoverno de esquerda, perderam-se 60 mil postos de trabalho em seis meses – menos 10 mil empregos por mês, uma machadada de 330 empregos por dia. Com Costa ao leme da sua jangada governamental, o país reverteu o que podia ser revertido. Inverteu tudo. Antes de Costa a economia crescia, com Costa estagnou. Antes de Costa as exportações aceleravam, com Costa travaram a fundo. Antes de Costa a Dívida Pública quebrou o ciclo de subida, com Costa voltou engordar. Perdeu-se a confiança dos investidores. E, pela primeira vez desde 2013, também a dos consumidores. Só o tempo, e os números que estão para ser conhecidos, dirão se também se perdeu o país. Para já, fica a amarga sensação de que seguimos o caminho errado depois de muitos avisos para não seguirmos por aí. Olhamos para os nossos companheiros de jornada e percebemos que enquanto a Irlanda recupera a aura de tigre celta, a Grécia tem mais austeridade encomendada. Ao posar ao lado de Tsipras para a foto, ao assinar um papelinho com o líder falhado, de um país que falhou porque a Europa também lhe falhou, Costa deitou fora todos os esforços dos portugueses. António Costa podia ter revertido muita coisa. Mas não podia reverter o facto de Portugal não ser a Grécia. Com o seu governo, ficamos muito mais próximos de Atenas do que de Dublin.
25/05/2016
Carlos Carreiras
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
Seis meses depois da coligação das esquerdas se ter formado para governar, há claramente dois países neste retângulo à beira-mar plantado. Esses dois países não podiam ser mais contrastantes. De um lado temos um país que, ciente das suas fragilidades e de mangas arregaçadas, enfrenta os problemas com a convicção de que os atalhos e as facilidades nunca nos levaram a lado algum. Do outro lado temos um país imaginário, um lugar feérico, hiperbólico, exótico, uma espécie offshore político onde a realidade não entra, sítio no qual o homem vive livre de constrangimentos porque nada é impossibilidade. O nosso país imaginário é o novo reino do Preste João. No reino do Preste João contavam-se histórias de pedras preciosas que nasciam no fundo dos rios, de fontes miraculosas e até da existência de unicórnios e outros seres míticos que viviam na abundância. No nosso país imaginário vira-se a página da austeridade com velas acesas, cumprem-se as metas orçamentais deitando os búzios e tem-se fé que as vacas voadoras façam o resto. O primeiro país paga as crises. O segundo país cria-as. Para infelicidade nossa, António Costa está a fazer tudo o que pode e o que não pode para nos levar para uma nova crise. Não é objetivo, é forma de governar. Não é defeito, é feitio. Porque está extraordinariamente preocupado com a sua sobrevivência política, Costa sabe que só se aguentará se criar uma enorme ilusão de prosperidade no país. Está a esticar essa ilusão até ao limite. Tal como a vaca alada, também o país é um brinquedo nas mãos de Costa. A vaca voou presa por um fio, o país está preso por arames. E todos, começando pelo próprio Costa, até já têm dúvidas que tanto a vaca como a fórmula socialista aplicada ao país funcione mesmo.
Coadjuvado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, o governo de Costa prometeu aos portugueses mundos e fundos. Com o glorioso governo da esquerda, não mais os portugueses seriam forçados a emigrar para procurar melhores condições de vida; não mais os desempregados conheceriam a fragilidade; não mais os salários seriam cortados, os impostos aumentados e as pensões atacadas. Não, com o heroico governo das esquerdas, todos os portugueses viveriam instantaneamente melhor porque a vil austeridade, essa coisa de direita, seria página virada, memória negra arrumada em baú.
Estes foram os compromissos do governo de esquerda. E o que se lhe exigia era que honrasse a palavra dada. Seis meses depois, e filtrando todo o ilusionismo, constatamos que há poucos que vivem com mais (sendo que estes não são os que mais precisam), e quase todos vivem com menos. Com o desgoverno da esquerda, o autoproclamado campeão dos desfavorecidos, desde o início do ano, cinco mil idosos perderam o complemento solidário, de acordo com números da segurança social. Com o desgoverno da esquerda, que zela pelo bem da humanidade em geral mas ignora o homem em particular, as famílias voltaram a estar na linha de fogo socialista e há menos 43 114 crianças ou jovens a receber abono de família. Com o desgoverno de esquerda, perderam-se 60 mil postos de trabalho em seis meses – menos 10 mil empregos por mês, uma machadada de 330 empregos por dia. Com Costa ao leme da sua jangada governamental, o país reverteu o que podia ser revertido. Inverteu tudo. Antes de Costa a economia crescia, com Costa estagnou. Antes de Costa as exportações aceleravam, com Costa travaram a fundo. Antes de Costa a Dívida Pública quebrou o ciclo de subida, com Costa voltou engordar. Perdeu-se a confiança dos investidores. E, pela primeira vez desde 2013, também a dos consumidores. Só o tempo, e os números que estão para ser conhecidos, dirão se também se perdeu o país. Para já, fica a amarga sensação de que seguimos o caminho errado depois de muitos avisos para não seguirmos por aí. Olhamos para os nossos companheiros de jornada e percebemos que enquanto a Irlanda recupera a aura de tigre celta, a Grécia tem mais austeridade encomendada. Ao posar ao lado de Tsipras para a foto, ao assinar um papelinho com o líder falhado, de um país que falhou porque a Europa também lhe falhou, Costa deitou fora todos os esforços dos portugueses. António Costa podia ter revertido muita coisa. Mas não podia reverter o facto de Portugal não ser a Grécia. Com o seu governo, ficamos muito mais próximos de Atenas do que de Dublin.
25/05/2016
Carlos Carreiras
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
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