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Tempo antes do tempo
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Tempo antes do tempo
Esta época do ano em que todos repousam será o momento oportuno para se interiorizar os combates havidos e os desafios próximos futuros. Tempo para perceber se o país está mesmo paralisado e sem investimento apenas cumprindo a despesa, mas hipotecando o futuro.
O calor e as férias contribuem para a designação desta altura do ano como a “silly season” ou seja, a época onde a leveza substitui o peso da responsabilidade do trabalho, da escola, das atividades mais absorventes do dia-a-dia que marcam a rotina do ano. Agora, as pessoas zarpam para férias, as cidades esvaziam-se e o trânsito urbano suaviza-se, num tempo marcado pelo caminho das praias, das esplanadas e do sol.
Não obstante a época menos intensa da atividade pública, não deixamos de ter preocupações e reflexões sobre o que nos espera nos próximos meses. Temos logrado escapar de problemas maiores, em muito graças ao capital de esperança e de confiança que se construiu nos últimos anos com decisões radicais, mas que travaram a espiral em que o país se encontrou mergulhado e que levou à intervenção externa em 2011. Importa não esquecer que o país não tinha meios para satisfazer os compromissos que tinha assumido, que precisou de pedir um avultoso empréstimo e que, por contrapartida, assumiu a responsabilidade de realizar um conjunto de reformas, nalguns casos dolorosas.
Temos contado com a solidariedade dos nossos parceiros europeus. Conscientes do esforço e da necessidade de integrar os países em maiores dificuldades – alguém esqueceu os sucessivos esforços de apoio à Grécia? – a Europa demonstra ter ainda a capacidade de fazer política e de não se deixar afogar na burocracia e tecnocracia de Bruxelas e do absurdo de levar os tratados e regulamentos ao limite do formalismo.
Ao contrário de muitos, sempre entendi que o Tratado de Lisboa, sendo um sucesso de resultado, representa um retrocesso na organização europeia. Ao dar mais poder e legitimação ao Conselho Europeu, logo, aos estados, a dimensão comunitária perdeu-se no emaranhado dos interesses nacionais dos quais a Europa ou se liberta ou se afunda numa incapacidade de decidir em prol de todos.
Qualquer decisão que tenha esta dimensão europeia, como a recente decisão de dar tempo a Portugal e Espanha para saírem do processo de correção de défice excessivo, permite dar uma nova oportunidade ao projeto europeu e proporciona uma nova oportunidade para que se alcance um resultado mais adequado para o respetivo desenvolvimento de políticas comuns e de resultados conjuntos.
Esta época do ano em que todos repousam será o momento oportuno para se interiorizarem os combates havidos e os desafios próximos futuros. Tempo para perceber se o país está mesmo paralisado e sem investimento apenas cumprindo a despesa, mas hipotecando o futuro.
Será tempo para compreender se vamos entrar em conflito e em crise ou se mantemos uma paz podre em nome da sobrevivência política de uns e de uma ideologia bacoca de outros.
E teremos ainda tempo para entender que se temos um projeto ou apenas um arranjo político. Se estamos à beira de novas dificuldades ou de novas vitimizações.
Depois do repouso será tempo para definir não apenas o tempo até ao final do ano, mas o tempo dos anos quem aí vêm.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
António Rodrigues, Advogado
Económico
O calor e as férias contribuem para a designação desta altura do ano como a “silly season” ou seja, a época onde a leveza substitui o peso da responsabilidade do trabalho, da escola, das atividades mais absorventes do dia-a-dia que marcam a rotina do ano. Agora, as pessoas zarpam para férias, as cidades esvaziam-se e o trânsito urbano suaviza-se, num tempo marcado pelo caminho das praias, das esplanadas e do sol.
Não obstante a época menos intensa da atividade pública, não deixamos de ter preocupações e reflexões sobre o que nos espera nos próximos meses. Temos logrado escapar de problemas maiores, em muito graças ao capital de esperança e de confiança que se construiu nos últimos anos com decisões radicais, mas que travaram a espiral em que o país se encontrou mergulhado e que levou à intervenção externa em 2011. Importa não esquecer que o país não tinha meios para satisfazer os compromissos que tinha assumido, que precisou de pedir um avultoso empréstimo e que, por contrapartida, assumiu a responsabilidade de realizar um conjunto de reformas, nalguns casos dolorosas.
Temos contado com a solidariedade dos nossos parceiros europeus. Conscientes do esforço e da necessidade de integrar os países em maiores dificuldades – alguém esqueceu os sucessivos esforços de apoio à Grécia? – a Europa demonstra ter ainda a capacidade de fazer política e de não se deixar afogar na burocracia e tecnocracia de Bruxelas e do absurdo de levar os tratados e regulamentos ao limite do formalismo.
Ao contrário de muitos, sempre entendi que o Tratado de Lisboa, sendo um sucesso de resultado, representa um retrocesso na organização europeia. Ao dar mais poder e legitimação ao Conselho Europeu, logo, aos estados, a dimensão comunitária perdeu-se no emaranhado dos interesses nacionais dos quais a Europa ou se liberta ou se afunda numa incapacidade de decidir em prol de todos.
Qualquer decisão que tenha esta dimensão europeia, como a recente decisão de dar tempo a Portugal e Espanha para saírem do processo de correção de défice excessivo, permite dar uma nova oportunidade ao projeto europeu e proporciona uma nova oportunidade para que se alcance um resultado mais adequado para o respetivo desenvolvimento de políticas comuns e de resultados conjuntos.
Esta época do ano em que todos repousam será o momento oportuno para se interiorizarem os combates havidos e os desafios próximos futuros. Tempo para perceber se o país está mesmo paralisado e sem investimento apenas cumprindo a despesa, mas hipotecando o futuro.
Será tempo para compreender se vamos entrar em conflito e em crise ou se mantemos uma paz podre em nome da sobrevivência política de uns e de uma ideologia bacoca de outros.
E teremos ainda tempo para entender que se temos um projeto ou apenas um arranjo político. Se estamos à beira de novas dificuldades ou de novas vitimizações.
Depois do repouso será tempo para definir não apenas o tempo até ao final do ano, mas o tempo dos anos quem aí vêm.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
António Rodrigues, Advogado
Económico
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