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A minha geração não pode falhar
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A minha geração não pode falhar
A minha geração, aquela nascida na década de 1970, cresceu numa Madeira que se transformava todos os dias através das obras públicas. Numa Região onde florescia o mito do pleno emprego. Onde diariamente se liam notícias sobre o “progresso”. A minha geração chegou a acreditar nos sonhos prometidos. A minha geração cresceu, estudou, arranjou o primeiro emprego, comprou a primeira casa, investiu na sua formação e procurou criar empresas e novos negócios. Teve o primeiro - e o segundo - filho e de repente percebeu, da pior maneira, que o progresso traduzido apenas em betão não é progresso. Percebeu quando viu a troika entrar em Portugal. Percebeu quando o Governo Regional da Madeira, do PSD, assinou o famigerado PAEF, resultado de mais de uma década de investimentos mal planeados, de troca de votos por cimento, de submissão a lóbis. Percebeu quando, de um dia para outro, perdeu 30% do rendimento, fruto do aumento dos impostos diretos e indiretos. Quando começou a sentir dificuldades para fazer face aos seus compromissos financeiros.
Quando viu casas e bens serem penhorados. Quando as empresas fecharam. Quando se surpreendeu com o desemprego. Quando os sonhos, que eram vendidos como se estivessem à mão de semear, se esfumaram, da noite para o dia. A minha geração não foi a única a sofrer na pele os erros de quem governou. Mas é também a ela que compete, agora, não voltar a permitir que se acumulem más escolhas, que se siga caminho semelhante àquele que levou a que hoje esteja condicionada, coarctada na sua iniciativa. Que a conduziu a uma regressão obrigando-a, em muitos casos, a ter de começar de novo.
É para essa batalha que ela está hoje a ser convocada. O Governo Regional, do PSD, parece querer voltar às velhas práticas políticas de trocar votos por cimento e é essa a estratégia que deve ser combatida. Não se trata, que fique claro, de ser contra a estrada “a” ou contra o túnel “b”. Existem obras estruturais e com essas todos concordamos. Não se trata de “matar” o sector da construção civil, porque é fundamental realizar, em todos os concelhos da Região, intervenções de manutenção e de recuperação de estradas e de infraestruturas relevantes. Trata-se, isso sim, de não permitir que a esmagadora maioria dos investimentos públicos sejam novamente para grandes obras, resumidamente, de combater a estratégia do “velho” PSD, que o “novo PSD” está a querer adoptar, por uma questão que já me parece ser de ADN.
É impensável que a pouca folga orçamental não seja utilizada para baixar impostos sobre as pessoas e sobre as empresas. É impensável que não se aproveitem as verbas do Fundo de Coesão para investimentos na Saúde, canalizado-as exclusivamente para grandes obras. É imperdoável não apostar em medidas que fomentem o crescimento económico, o conhecimento, a criatividade, a inovação, contribuindo assim para a diminuição sustentada do desemprego. A minha geração, tal como as que a antecederam e as que a precedem, não perdoarão uma espécie de regresso ao passado. Todos sabemos aquilo que sofremos na pele. É impensável seguir novamente a via que nos conduziu ao desastre. Este é um tempo novo, um tempo que exige novas políticas e novos protagonistas.
Que exige que sejamos criativos, certeiros nas escolhas que fazemos, corajosos. A minha geração já o percebeu. A minha geração sabe, por experiência própria, que não pode falhar. A minha geração não vai falhar. É esta a batalha para a qual estamos novamente a ser convocados. Estrategicamente, queremos voltar ao tempo do betão, ou queremos que as mais-valias da Região sejam aproveitadas? Queremos betão, ou queremos menos impostos? Queremos betão, ou queremos melhor saúde? Queremos betão, ou queremos uma sociedade mais aberta, mais criativa, sustentada na iniciativa privada, capaz de gerar mais emprego e capaz de posicionar empresas, marcas e produtos nos mercados nacional e global? Queremos betão, ou queremos ver baixar os custos de contexto - transportes incluídos - para as empresas? Queremos, mesmo, mais betão?
Rui Barreto
Diário de Notícias da Madeira
Segunda, 30 de Maio de 2016
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