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EURO 2016: O terrorismo fez esquecer os “hooligans”?
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EURO 2016: O terrorismo fez esquecer os “hooligans”?
Se um hooligan consegue transportar petardos para dentro de um estádio, porque é que um terrorista não poderá fazer o mesmo, mas com cargas explosivas mais potentes?
Os violentos confrontos entre hooligans ingleses e franceses parecem mostrar que as forças de segurança francesas concentraram todos os seus esforços no combate ao terrorismo islâmico e esqueceram-se de uma praga ainda mais antiga.
O primeiro e segundo dia do Campeonato da Europa de Futebol ficaram marcados por graves confrontos entre adeptos das selecções inglesas e russas, antes, durante e depois do jogo, confrontos que provocaram dezenas de feridos, dois dos quais se encontram em estado muito grave.
Vitali Mutko, ministro do Desporto da Rússia, atirou as culpas para cima das forças de segurança francesas: “Vamos ver se se tratou de um grupo [de adeptos] nosso, ou simplesmente entraram com um bilhete. Que fazer? A revista de objectos e outras coisas estão um pouquinho abaixo do nível a que nós fazemos. É necessário separar os fluxos, muitos pormenores”.
Aqui não se pode deixar de dar razão ao ministro russo. Tendo em conta os confrontos antes do jogo, era natural que a segurança tivesse ainda mais atenta ao que os hooligans pudessem transportar para dentro do estádio, e tal não aconteceu. Não foi criado um corredor separador suficientemente seguro para afastar os adeptos russos dos ingleses e não foi tido em conta o estado de embriaguez de muitos dos adeptos de ambas as selecções à entrada do estádio.
Mas é espantoso que o ministro russo, que está encarregado de organizar o mundial de futebol de 2018, achasse que se tratou de uma situação nada excepcional. O diário desportivo russo Sport Express cita Mutko: “- Adeptos? Tudo irá correr normalmente. Temos uma boa equipa, um bom futebol. Precisamos de sorte. O resultado é justo”. Além disso, Mutko está convencido de que a UEFA não irá além de uma multa pecuniária.
Quanto ao Campeonato do Mundo de 2018, o ministro russo acha que uma coisa nada tem a ver com a outra: “Mas para que é aqui chamado o Campeonato do Mundo de 2018? Isto é um campeonato da Europa, são torneios diferentes e organização diferente”.
“Claro que devemos, enquanto organizadores do futuro campeonato do mundo, conservar a nossa imagem e as pessoas não a devem estragar. Isso é o pior”, concluiu.
Quanto às origens dos confrontos, as acusações são muitas e mútuas. No estádio, os adeptos russos justificam o lançamento de petardos e os posteriores confrontos como resposta aos adeptos ingleses que teriam “pisado a bandeira russa”, “insultado o Presidente Putin e a tenista Anna Charapova”.
Tendo em conta o “historial” e a “fama” do hooliganismo inglês, que já provocou tragédias bem mais graves na história do futebol, a UEFA e as autoridades francesas devem investigar exaustivamente o problema e aplicar sanções exemplares aos culpados de ambos os lados, que possam ir até à expulsão das selecções do torneio. Poderão retorquir que a expulsão de uma selecção é um exagero, mas devemos ter em conta que o campeonato ainda vai no início.
É surpreendente como é que acontecimentos como estes possam acontecer num país com o nível máximo de combate ao terrorismo. Algo não bate certo. Por exemplo, se um hooligan consegue transportar petardos para dentro de um estádio, porque é que um terrorista não poderá fazer o mesmo, mas com cargas explosivas mais potentes?
Será que as forças de segurança francesas se concentraram tanto na prevenção do terrorismo islâmico que menosprezaram o perigo do hooliganismo, fenómeno existente há mais anos do que algumas novas formas de terrorismo nas cidades europeias?
Não se trataram de pequenas escaramuças, mas de batalhas campais onde participaram centenas de pessoas. Se não forem tomadas medidas radicais contra o hooliganismo, temos de nos preparar para ver campeonatos da Europa, do Mundo, etc., através dos televisores, com as tribunas dos estádios vazias.
P.S. Como não sou grande especialista em futebol, desconheço se será possível que a Ucrânia e a Rússia possam vir a defrontar-se neste campeonato. Mas se tal for possível? Pelos vistos, não poderemos esperar a suspensão de confrontos, como acontecia na Grécia Antiga durante os Jogos Olímpicos.
José Milhazes
12/6/2016, 13:44
Observador
Os violentos confrontos entre hooligans ingleses e franceses parecem mostrar que as forças de segurança francesas concentraram todos os seus esforços no combate ao terrorismo islâmico e esqueceram-se de uma praga ainda mais antiga.
O primeiro e segundo dia do Campeonato da Europa de Futebol ficaram marcados por graves confrontos entre adeptos das selecções inglesas e russas, antes, durante e depois do jogo, confrontos que provocaram dezenas de feridos, dois dos quais se encontram em estado muito grave.
Vitali Mutko, ministro do Desporto da Rússia, atirou as culpas para cima das forças de segurança francesas: “Vamos ver se se tratou de um grupo [de adeptos] nosso, ou simplesmente entraram com um bilhete. Que fazer? A revista de objectos e outras coisas estão um pouquinho abaixo do nível a que nós fazemos. É necessário separar os fluxos, muitos pormenores”.
Aqui não se pode deixar de dar razão ao ministro russo. Tendo em conta os confrontos antes do jogo, era natural que a segurança tivesse ainda mais atenta ao que os hooligans pudessem transportar para dentro do estádio, e tal não aconteceu. Não foi criado um corredor separador suficientemente seguro para afastar os adeptos russos dos ingleses e não foi tido em conta o estado de embriaguez de muitos dos adeptos de ambas as selecções à entrada do estádio.
Mas é espantoso que o ministro russo, que está encarregado de organizar o mundial de futebol de 2018, achasse que se tratou de uma situação nada excepcional. O diário desportivo russo Sport Express cita Mutko: “- Adeptos? Tudo irá correr normalmente. Temos uma boa equipa, um bom futebol. Precisamos de sorte. O resultado é justo”. Além disso, Mutko está convencido de que a UEFA não irá além de uma multa pecuniária.
Quanto ao Campeonato do Mundo de 2018, o ministro russo acha que uma coisa nada tem a ver com a outra: “Mas para que é aqui chamado o Campeonato do Mundo de 2018? Isto é um campeonato da Europa, são torneios diferentes e organização diferente”.
“Claro que devemos, enquanto organizadores do futuro campeonato do mundo, conservar a nossa imagem e as pessoas não a devem estragar. Isso é o pior”, concluiu.
Quanto às origens dos confrontos, as acusações são muitas e mútuas. No estádio, os adeptos russos justificam o lançamento de petardos e os posteriores confrontos como resposta aos adeptos ingleses que teriam “pisado a bandeira russa”, “insultado o Presidente Putin e a tenista Anna Charapova”.
Tendo em conta o “historial” e a “fama” do hooliganismo inglês, que já provocou tragédias bem mais graves na história do futebol, a UEFA e as autoridades francesas devem investigar exaustivamente o problema e aplicar sanções exemplares aos culpados de ambos os lados, que possam ir até à expulsão das selecções do torneio. Poderão retorquir que a expulsão de uma selecção é um exagero, mas devemos ter em conta que o campeonato ainda vai no início.
É surpreendente como é que acontecimentos como estes possam acontecer num país com o nível máximo de combate ao terrorismo. Algo não bate certo. Por exemplo, se um hooligan consegue transportar petardos para dentro de um estádio, porque é que um terrorista não poderá fazer o mesmo, mas com cargas explosivas mais potentes?
Será que as forças de segurança francesas se concentraram tanto na prevenção do terrorismo islâmico que menosprezaram o perigo do hooliganismo, fenómeno existente há mais anos do que algumas novas formas de terrorismo nas cidades europeias?
Não se trataram de pequenas escaramuças, mas de batalhas campais onde participaram centenas de pessoas. Se não forem tomadas medidas radicais contra o hooliganismo, temos de nos preparar para ver campeonatos da Europa, do Mundo, etc., através dos televisores, com as tribunas dos estádios vazias.
P.S. Como não sou grande especialista em futebol, desconheço se será possível que a Ucrânia e a Rússia possam vir a defrontar-se neste campeonato. Mas se tal for possível? Pelos vistos, não poderemos esperar a suspensão de confrontos, como acontecia na Grécia Antiga durante os Jogos Olímpicos.
José Milhazes
12/6/2016, 13:44
Observador
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