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Marcelo: do Terreiro do Paço a Paris
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Marcelo: do Terreiro do Paço a Paris
O Dia de Portugal de 2016 não foi propriamente um dia só. Marcelo Rebelo de Sousa quis mudar a rotina democrática destas quatro décadas que obrigava a "rodar" a comemoração pelo país.
O primeiro deste regime constitucional, em 1977, foi na Guarda. Eanes levou Jorge de Sena e Vergílio Ferreira. O "discurso da Guarda" do exilado Sena (que assim continuou até morrer no ano seguinte) marcaria definitivamente as dezenas de prosas derramadas sobre Portugal, Camões e as Comunidades Portuguesas, no dia disto tudo, daí em diante. Aliás, o Bardo tem sido progressivamente "afastado" destas comemorações quando, nas palavras de Sena, Camões é "o homem que se sente moralmente no direito de verberar, com tremenda intensidade, as desgraças de viver-se e os erros ou vícios da sociedade portuguesa, o exilado físico de muitos anos, o exilado moral, clamando por justiça, por tolerância, por dedicação à pátria, por espírito de sacrifício, por unidade nacional e universal, lá onde via que o homem é, como ele disse mais que uma vez, o "bicho da terra tão pequeno" contra o qual se encarniçam os poderes do mal". Mas, dizia eu, Marcelo regressou ao Terreiro do Paço com as Forças Armadas da democracia, para desfazer um interdito estúpido. Aí, a 10 de Junho, o Estado Novo celebrava o Portugal pluricontinental e homenageava os seus heróis, vivos ou a título póstumo. A visão da Praça cheia de militares em tempo de paz foi austera e simbólica, enterrando aquele interdito. Já na tomada de posse o tinha feito ao citar Mouzinho, tal como Marcello Caetano dias antes do 25 de Abril, ao receber as lideranças "reumáticas" da tropa em guerra no Ultramar, com Spínola e Costa Gomes ausentes: "este Reino é obra de soldados". Depois Marcelo "esticou" o 10 de Junho por três dias e levou-o (e a Costa) até Paris. É claro que o pretexto esteve na vasta comunidade lusa, e luso-francesa, que lá vive e trabalha. Todavia a bola apoderou-se da visita e, praticamente até ontem, o presidente não fez outra coisa a não ser "comentar" tudo no contexto do Euro. Nem de um lamentável directo em dueto com Costa (e de uma selfie) se privou após visitar a selecção. Percebo que Marcelo precise construir um certo "marcelismo" que sempre lhe faltou no partido e, de alguma forma, na sociedade. O que me parece é que estas coisas geram-se de cima para baixo e não ao contrário. E requerem, como no Terreiro do Paço, ambiente de autoridade e não de promiscuidade ou de "consensos" forçados.
O autor escreve segundo a antiga ortografia
* Jurista
JOÃO GONÇALVES
Hoje às 00:49
Jornal de Notícias
O primeiro deste regime constitucional, em 1977, foi na Guarda. Eanes levou Jorge de Sena e Vergílio Ferreira. O "discurso da Guarda" do exilado Sena (que assim continuou até morrer no ano seguinte) marcaria definitivamente as dezenas de prosas derramadas sobre Portugal, Camões e as Comunidades Portuguesas, no dia disto tudo, daí em diante. Aliás, o Bardo tem sido progressivamente "afastado" destas comemorações quando, nas palavras de Sena, Camões é "o homem que se sente moralmente no direito de verberar, com tremenda intensidade, as desgraças de viver-se e os erros ou vícios da sociedade portuguesa, o exilado físico de muitos anos, o exilado moral, clamando por justiça, por tolerância, por dedicação à pátria, por espírito de sacrifício, por unidade nacional e universal, lá onde via que o homem é, como ele disse mais que uma vez, o "bicho da terra tão pequeno" contra o qual se encarniçam os poderes do mal". Mas, dizia eu, Marcelo regressou ao Terreiro do Paço com as Forças Armadas da democracia, para desfazer um interdito estúpido. Aí, a 10 de Junho, o Estado Novo celebrava o Portugal pluricontinental e homenageava os seus heróis, vivos ou a título póstumo. A visão da Praça cheia de militares em tempo de paz foi austera e simbólica, enterrando aquele interdito. Já na tomada de posse o tinha feito ao citar Mouzinho, tal como Marcello Caetano dias antes do 25 de Abril, ao receber as lideranças "reumáticas" da tropa em guerra no Ultramar, com Spínola e Costa Gomes ausentes: "este Reino é obra de soldados". Depois Marcelo "esticou" o 10 de Junho por três dias e levou-o (e a Costa) até Paris. É claro que o pretexto esteve na vasta comunidade lusa, e luso-francesa, que lá vive e trabalha. Todavia a bola apoderou-se da visita e, praticamente até ontem, o presidente não fez outra coisa a não ser "comentar" tudo no contexto do Euro. Nem de um lamentável directo em dueto com Costa (e de uma selfie) se privou após visitar a selecção. Percebo que Marcelo precise construir um certo "marcelismo" que sempre lhe faltou no partido e, de alguma forma, na sociedade. O que me parece é que estas coisas geram-se de cima para baixo e não ao contrário. E requerem, como no Terreiro do Paço, ambiente de autoridade e não de promiscuidade ou de "consensos" forçados.
O autor escreve segundo a antiga ortografia
* Jurista
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