Vamos a eles como tarzões!

Benzema, o mais talentoso futebolista francês de origem árabe, não foi selecionado. Será o fim do lema de 1998 (black--blanc-beur), quando a França foi campeã mundial? Só com negros e brancos na atual equipa, já não há, com uma exceção, beurs, franceses muçulmanos de origem norte-africana. Benzema tem razão quando diz que o selecionador "cedeu à pressão da França racista"? Não, não tem. A sua exclusão foi por estar envolvido numa chantagem, com processo a decorrer, em que um colega da seleção foi a vítima. Mesmo sem haver, ainda, decisão do tribunal, compreende-se que na campanha intensa do Euro 2016 o treinador não o quisesse na equipa. Vamos lá, então, meter converseta política para outra freguesia. Piqué, jogador do Barça e independentista catalão, joga na seleção espanhola. Costuma ser assobiado pelos espanhóis porque há, de facto, alguma contradição e Piqué é provocador. Ontem, ele fez um gesto costumeiro, dois dedos abertos em cada mão. Outro dia, diriam que eram as quatro "barras" de sangue da bandeira catalã. Ontem, porém, Piqué marcou o golo da vitória de Espanha e, então, os dedos passaram a ser o 2/2, a data de aniversário de Shakira, a sua mulher... O que eu quero dizer? Isto: a feijões não me importo de conversetas. Mas a partir de hoje o que quero é que os meus ganhem, nem que seja com golos tropeçados, marcados com as costas. E se ganharem por sete vezes, então, nem discursos chegam, passo diretamente para a lenda.

4 DE JUNHO DE 2016
00:01
Ferreira Fernandes
Diário de Notícias