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Mensagem por Admin Sex Jul 01, 2016 10:04 am

Dia da Região 21_-_Donato_Macedo

Este dia deve ser de reflexão sobre os desafios que se colocam à nossa vasta diáspora

Mais um ano, uma celebração com marcas democráticas e, desta vez, com a presença do electrizante presidente Marcelo, que visita o Porto Santo. Mas os madeirenses, mantêm-se atolados no cabresto fiscal regional, oriundo da herança de Jardim como imposição punitiva do último governo de Passos e Portas. Até quando irão consentir que os madeirenses, que a mil quilómetros de Lisboa, tenham apenas 1% de diferencial fiscal relativamente aos portugueses continentais no respeitante ao IVA, bem como ao facto de sermos esmifrados pela máquina tributária, quando comparados com os nossos irmãos insulares dos Açores? Do vale à montanha e do mar à serra, somos tão portugueses, ainda que afectados pela insularidade, onde fazemos também Portugal neste Atlântico de epopeias, desde que aqui nos ancorámos e expandimos a portugalidade no Mundo. É tempo de nos desonerarem do fardo da sanção e da grilheta tributária. Este dia deve ser de reflexão sobre os desafios que se colocam à nossa vasta diáspora, desde a Venezuela ao Reino Unido, como focos que requerem a nossa máxima atenção e suporte.

De que é “feita” esta Europa?

E porque as sanções chegam-nos de todos os lados, será dentro de poucos dias que Portugal e Espanha saberão se irão ser castigados pelo denominado “incumprimento das metas do défice de 2015”. A casa está a pegar fogo de forma descontrolada, mas a madrasta mal-amada ralha com a criança, por ter quebrado um insignificante “bibelô” no rés-do-chão, cujos estilhaços já mal se vêm, pelo fumo que inunda a habitação. A imagem é forçada e caricatural, mas é o quadro da estúpida realidade em que estamos metidos, no seio duma família tirana. Até Passos e Costa estão afinados nesta matéria. No grande tema do momento e deste bocado de história que estamos todos a vivenciar, não deixo de ter simpatia pela opção dos britânicos que resistiram ao medo, não se deixando amedrontar pelas ameaças e trilhos de desconhecido. A política interna britânica está estilhaçada, desde os conservadores aos trabalhistas, e as pulsões independentistas ganharam novo fulgor, num caleidoscópio de incertezas. Por algumas razões às quais não nutro simpatia, eles escolheram tirar o outro pé que os mantinham neste clube decrépito europeu, onde sempre souberam auferir o melhor dos dois mundos. Há um ano atrás, o directório europeu germânico e os demais amestrados europeus, gozavam e humilhavam o povo grego aquando do referendo que Alexis Tsipras apresentou ao seu povo, perante o turbilhão de exigências da UE, quando foi fechada a torneira da liquidez à banca grega, com levantamentos limitados de dinheiro. Nesse momento a UE mostrou daquilo que é capaz de fazer a um dos “seus”, sem disparar sequer uma arma. Isso deixa marcas, e se foram capazes de fazer isso à Grécia, podem fazê-lo a qualquer um. A construção europeia operada após a II Guerra Mundial, foi certamente um dos maiores feitos da paz mundial, que permitiu sarar imensas feridas dum continente dilacerado pela guerra, e proporcionar um tempo de paz e relativa prosperidade, em torno duns quantos ideais, hoje esquecidos e atirados às calendas. Contudo há desconfianças crescentes com métodos de colonização e de domínio mais subtis, sem exércitos nem pólvora envolvida, duns Estados sobre os outros. É mais fácil perder soberania por um Tratado “negociado” ao arrepio de qualquer escrutínio público, do que perdê-la por um confronto armado. Pergunto assim, se precisamos de forças armadas e de ter um hino nacional que nos impele “às armas” e “contra os canhões marchar”, quando nos tiram a soberania pela porta dos fundos, enquanto nos embasbacamos com aquelas notas de euros que nos fazem reféns, dentro da nossa hipotecada casa.

E com tudo isto os sinais de Bruxelas são os mesmos. A rã sem pernas não ouve o comando para saltar. Os poderes escorregadios e não-eleitos de Bruxelas sentem “tristeza”, mas nunca fazem uma “mea-culpa”, nem arrepiam caminho. Acusam o toque da azia e ainda por cima numa orquestra desafinada. Fazem parecer que a realidade é que conspira contra a Europa, por isso só resta esperar (sentado), que o devir se adapte aos seus sonhos e agenda. E qual é mesmo a agenda desta UE? Se é fazer crescer os nacionalismos e a xenofobia, estão a acertar em cheio, e não poderiam fazer melhor. Criar um espaço de prosperidade para todos, num esforço de coesão e convergência, como urdiram os seus pais fundadores? Não, de todo!

Será que ainda há reforma para esta UE que destrói a democracia das gratas aspirações de Schuman, de Monnet ou de Delors? Acreditar nalguma capacidade de refundação desta “união”, com estas lideranças, parece apenas manter um estado de completa embriaguez, num completo adiar dum banho de realidade, que apesar de tudo, vai chegando em “vagas procelosas” com espuma de temores. Não acredito que uma resposta destemperada, e de ruptura abrupta seja a solução. Mas enterrar a cabeça na areia, e esperar que a tempestade passe, confiando nas mesmas mãos que tanta destemperança semearam, parece apenas um acto de fé perante a mortalha dum condenado enfermo, que sussurra em sofrimento um derradeiro e apagado gemido.

A nossa “irmã ibérica” conheceu domingo mais uma oportunidade para se redefinir dum vazio de poder político, que tende a perdurar. O simples facto de Pablo Iglésias ter perdido gás, é por si só um sinal de esperança e arrisco mesmo dizer, que daqui a uns tempos, este epifenómeno “chavista” em Espanha, também será apupado numa futura Convenção do Bloco de Esquerda, tal como Alexis Tsipras já o foi no passado fim-de-semana...Mais do que a urgência de haver uma definição, é a incerteza em se saber, se todos estes actores políticos, estarão à altura dos desafios e exigências deste tempo novo.

PS-Madeira “quo vadis”?

Já todos constatámos que Paulo Cafôfo está dedicado - agora em exclusivo - à sua recandidatura às autárquicas do próximo ano no Funchal. Está no seu direito, ainda que apresente apenas um “portfolio” de imenso marketing, mas nada de substantivo em favor dos munícipes, como é a área social - bandeira propagandeada até à exaustão - cuja expressão dos seus programas, não descolaram quer na qualidade e quantidade do domínio do ridículo. Todavia, apesar do mirrado trabalho de mais quem parece um promotor de eventos de mãos-largas, do que um autarca - que deve acudir com soluções, as necessidades dos munícipes - o secretário-geral do PS e Primeiro-Ministro António Costa, já veio a partir de Lisboa, dar a bênção à recandidatura do ainda autarca do Funchal, quando ainda não se ouviu da boca do líder da estrutura socialista regional - Carlos Pereira - o seu expresso e inequívoco apoio, ainda que o sapo fosse engolido em seco. Mais uma vez, desconfio que António Costa não tem muita consideração pelo líder regional do PS (e pela estrutura regional), até porque se nos lembrarmos do processo de elaboração das listas da Madeira às últimas eleições legislativas nacionais de Outubro passado, assistiu-se a que a “coisa” já viesse pré-cozinhada desde o Largo do Rato, para o então cabeça de cartaz Bernardo Trindade (agora brindado na administração da CGD), a que bem Carlos Pereira protestou, em respeito à autonomia da estrutura regional que lidera.

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Donato Macedo Lic. em Comunicação
Diário de Notícias da Madeira 
Sexta, 1 de Julho de 2016
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