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A perda de competitividade de Lisboa
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A perda de competitividade de Lisboa
A fúria de obras espalhadas por Lisboa tem por objectivo apresentar a cidade de cara lavada antes das eleições autárquicas de 2017, mas, com as consequências que se adivinham, é natural que tenham o efeito contrário.
Lisboa vai perder competitividade de forma acelerada com as obras em curso numa boa parte das artérias da cidade. Chegar de um ponto a outro da cidade vai ser cada vez mais difícil e demorado. Com a perda de produtividade degrada-se também a competitividade.
As obras que a Câmara desencadeou um pouco por toda a cidade de Lisboa estão a deixar os lisboetas à beira de um ataque de nervos. Não se ouve falar de outra coisa nos cafés e transportes públicos. Há quem diga que são castigos que a Câmara está aplicar aos cidadãos. Quem se desloca pela cidade e tem o azar de passar por uma das muitas zonas em fase de alteração é certo e sabido que vai perder tempo e paciência. Estamos num período sem aulas e, por isso, de menor tráfego, mas na ‘rentrée’ o panorama afigura-se bem complicado.
São dezenas de milhões de euros que a Câmara está a aplicar na construção de canteiros e passeios mais largos, ao mesmo tempo que desaparecem estacionamentos e espaços de circulação para os automóveis.
A redução de 18,8% no tráfego planeada para a Segunda Circular é um bom indicador dos objectivos da autarquia em relação às obras em curso: reduzir o tráfego automóvel em Lisboa. O problema é que redução de tráfego significa aumento dos engarrafamentos e dos tempos de deslocação em Lisboa, sem que existam transportes públicos em condições.
Deslocações de Metropolitano à hora de ponta são garantia de andar em apertos, tipo sardinha em lata. Os autocarros circulam, em muitos casos, com atraso. Fazer uma viagem de Telheiras para Alcântara exige, pelo menos, duas carreiras diferentes, o que, com tempos de espera e viagens, oscila entre os 45 minutos e uma hora e um quarto.
Quando a distância entre dois pontos se mede pelo tempo gasto na viagem e toda a gente procura aumentar a velocidade de circulação para ganhar tempo, a Câmara de Lisboa vai aumentar a demora das viagens dentro da cidade. É a negação do princípio da produtividade em transporte, seja de pessoas, seja de mercadorias.
Para obter este desiderato, serão gastas algumas dezenas de milhões de euros. Sendo o dinheiro um recurso escasso, parece inexplicável o desperdício. A intenção da Câmara, independentemente dos resultados práticos, parece ser dar um melhor ar às ruas de Lisboa. Não se compreende, por isso, que os canteiros dos lagos da Avenida da Liberdade – a sala de visitas da cidade – estejam decrépitos e ao abandono, assim como os próprios lagos que antes tinham peixes e também patos.
Mas o dinheiro disponível seria, por certo, mais bem empregue no melhoramento dos transportes da capital. Visitada por muitos milhares de turistas, a cidade tem uma fraca oferta de transportes públicos, sobretudo no que diz respeito à rede de Metro, mas também à de autocarros e eléctricos. Além disso, o dinheiro seria melhor aplicado na recuperação de zonas degradadas. Para quem não souber onde actuar pode sugerir-se, por exemplo, a recuperação do bairro da Boavista, situado entre o Parque de Monsanto, o estádio Pina Manique e a CRIL.
Mas o rol de situações onde a Câmara pode aplicar dinheiro não acaba aqui, também os quartéis de bombeiros espalhados pela cidade agradeceriam algumas obras de beneficiação, sobretudo numa altura em que um dos mais recentes, se não o mais novo quartel de bombeiros de Lisboa vai ser demolido por decisão da Câmara, aquele que ficava próximo do Colombo, ao lado do Hospital da Luz, e que também tinha um museu acoplado.
A fúria de obras espalhadas pela capital tem por objectivo apresentar a cidade de cara lavada antes das eleições autárquicas de 2017, mas, com as consequências que se adivinham, é natural que tenham o efeito contrário. São as contingências de decisões tomadas apenas com objectivos eleitoralistas, esquecendo a funcionalidade e deixando para trás aquilo que é verdadeiramente importante: facilitar a vida e as deslocações dos lisboetas.
Com as dificuldades e os atrasos que se adivinham nas deslocações dentro da cidade, será a produtividade de quem aqui vive e/ou trabalha que será afectada e, por consequência, das empresas ou organismos para quem trabalham. Num mundo onde as cidades, cada vez mais, concorrem entre si, Lisboa perde competitividade por força das decisões de quem a governa.
00:05 h
Francisco Ferreira da Silva
Económico
Lisboa vai perder competitividade de forma acelerada com as obras em curso numa boa parte das artérias da cidade. Chegar de um ponto a outro da cidade vai ser cada vez mais difícil e demorado. Com a perda de produtividade degrada-se também a competitividade.
As obras que a Câmara desencadeou um pouco por toda a cidade de Lisboa estão a deixar os lisboetas à beira de um ataque de nervos. Não se ouve falar de outra coisa nos cafés e transportes públicos. Há quem diga que são castigos que a Câmara está aplicar aos cidadãos. Quem se desloca pela cidade e tem o azar de passar por uma das muitas zonas em fase de alteração é certo e sabido que vai perder tempo e paciência. Estamos num período sem aulas e, por isso, de menor tráfego, mas na ‘rentrée’ o panorama afigura-se bem complicado.
São dezenas de milhões de euros que a Câmara está a aplicar na construção de canteiros e passeios mais largos, ao mesmo tempo que desaparecem estacionamentos e espaços de circulação para os automóveis.
A redução de 18,8% no tráfego planeada para a Segunda Circular é um bom indicador dos objectivos da autarquia em relação às obras em curso: reduzir o tráfego automóvel em Lisboa. O problema é que redução de tráfego significa aumento dos engarrafamentos e dos tempos de deslocação em Lisboa, sem que existam transportes públicos em condições.
Deslocações de Metropolitano à hora de ponta são garantia de andar em apertos, tipo sardinha em lata. Os autocarros circulam, em muitos casos, com atraso. Fazer uma viagem de Telheiras para Alcântara exige, pelo menos, duas carreiras diferentes, o que, com tempos de espera e viagens, oscila entre os 45 minutos e uma hora e um quarto.
Quando a distância entre dois pontos se mede pelo tempo gasto na viagem e toda a gente procura aumentar a velocidade de circulação para ganhar tempo, a Câmara de Lisboa vai aumentar a demora das viagens dentro da cidade. É a negação do princípio da produtividade em transporte, seja de pessoas, seja de mercadorias.
Para obter este desiderato, serão gastas algumas dezenas de milhões de euros. Sendo o dinheiro um recurso escasso, parece inexplicável o desperdício. A intenção da Câmara, independentemente dos resultados práticos, parece ser dar um melhor ar às ruas de Lisboa. Não se compreende, por isso, que os canteiros dos lagos da Avenida da Liberdade – a sala de visitas da cidade – estejam decrépitos e ao abandono, assim como os próprios lagos que antes tinham peixes e também patos.
Mas o dinheiro disponível seria, por certo, mais bem empregue no melhoramento dos transportes da capital. Visitada por muitos milhares de turistas, a cidade tem uma fraca oferta de transportes públicos, sobretudo no que diz respeito à rede de Metro, mas também à de autocarros e eléctricos. Além disso, o dinheiro seria melhor aplicado na recuperação de zonas degradadas. Para quem não souber onde actuar pode sugerir-se, por exemplo, a recuperação do bairro da Boavista, situado entre o Parque de Monsanto, o estádio Pina Manique e a CRIL.
Mas o rol de situações onde a Câmara pode aplicar dinheiro não acaba aqui, também os quartéis de bombeiros espalhados pela cidade agradeceriam algumas obras de beneficiação, sobretudo numa altura em que um dos mais recentes, se não o mais novo quartel de bombeiros de Lisboa vai ser demolido por decisão da Câmara, aquele que ficava próximo do Colombo, ao lado do Hospital da Luz, e que também tinha um museu acoplado.
A fúria de obras espalhadas pela capital tem por objectivo apresentar a cidade de cara lavada antes das eleições autárquicas de 2017, mas, com as consequências que se adivinham, é natural que tenham o efeito contrário. São as contingências de decisões tomadas apenas com objectivos eleitoralistas, esquecendo a funcionalidade e deixando para trás aquilo que é verdadeiramente importante: facilitar a vida e as deslocações dos lisboetas.
Com as dificuldades e os atrasos que se adivinham nas deslocações dentro da cidade, será a produtividade de quem aqui vive e/ou trabalha que será afectada e, por consequência, das empresas ou organismos para quem trabalham. Num mundo onde as cidades, cada vez mais, concorrem entre si, Lisboa perde competitividade por força das decisões de quem a governa.
00:05 h
Francisco Ferreira da Silva
Económico
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