Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 420 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 420 visitantes :: 2 motores de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Não aos heróis
Página 1 de 1
Não aos heróis
Sandro Pertini foi um dos melhores presidentes italianos de sempre. Os portugueses talvez se lembrem dele por tê-lo visto festejar a vitória da Itália no Mundial de 1982 sobre a Alemanha. Pertini tinha 86 anos, mas os saltos de alegria na bancada do Santiago Bernabéu, em Madrid, eram os de um garoto a quem tinham acabado de entregar o brinquedo mais desejado. Ao contrário de Portugal, uma velha nação ossificada durante a ditadura do Estado Novo - para depois, em 1974, abrir as comportas da juventude a uma nova classe política desejosa de mudar o país e também de se afirmar - , em Itália o envelhecimento excessivo da política abriu o caminho a uma espécie malsã de república de senadores, quase nenhuns da estirpe humana e intelectual de Pertini. Políticos que dominavam os corredores do poder e entupiam a democracia com os seus interesses, cultivando relações perigosas, escuras, sugando metodicamente o Estado. Pertini não era desses, era o contrário. Veterano da primeira e segunda guerras mundiais, uma vez ele disse: não gosto de heróis, tenho medo do que eles fazem e como põem em risco a vida dos outros, eu prefiro os heróis do quotidiano. A frase não era exatamente esta, mas a ideia pode ser resumida assim. É preciso ter vivido muito, ter vivido plenamente e ter compreendido alguma coisa de essencial sobre o mundo e as pessoas para se chegar à conclusão de Pertini; uma conclusão que contraria a sede por salvadores excecionais que hoje define - e inevitavelmente frustra e diminui - a ação política concreta. Anteontem, em boa altura, foram celebradas as vidas públicas de Mário Soares e de Cavaco Silva. Apesar de abril ter ficado para trás, a classe política portuguesa continua jovem, num alvoroço permanente de entradas (demasiado fáceis) e saídas (demasiado precoces), o que se traduz na redução da capacidade de o país pensar sem urgência. Soares e Cavaco são o oposto um do outro. Assumiram papéis diferentes, cultivaram ideias antagónicas, têm estilos divergentes, apoiantes que não coincidem, ambos cometeram erros e também acertaram. Expuseram-se, disputaram eleições, perderam e ganharam. A história vai recordá-los com palavras desiguais. Sem os excessos da idolatria ou da crítica ilimitada, sem ter, aqui, de os medir e comparar, as homenagens que ambos receberam no sábado são uma boa forma de Portugal se ver ao espelho. Mário Soares e Cavaco Silva não são heróis - e ainda bem, diria Sandro Pertini.
Editorial
25 DE JULHO DE 2016
00:02
André Macedo
Diário de Notícias
Editorial
25 DE JULHO DE 2016
00:02
André Macedo
Diário de Notícias
Tópicos semelhantes
» Heróis e vilões
» Fui o principal Herói o Vasco da Gama na historia da Portuguesa e os principais Heróis do Mundo
» Fui o principal Herói o Vasco da Gama na historia da Portuguesa e os principais Heróis do Mundo
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin