F. Grilo sobre potencial interesse em novo terminal de contentores: "Depende exclusivamente dos operadores"

Fernando Grilo (Logistema) concedeu uma entrevista à Revista CARGO (que pode ser lida no último número) onde abordou uma série de assuntos actuais do sector marítimo-portuário, não deixando de falar sobre a realidade portuguesa.

Ora, questionado relativamente a potenciais interessados na construção de novos terminais de contentores em Portugal, o responsável da Logistema não tem dúvidas: são os privados que decidem, o Estado e as Administrações Portuárias não têm qualquer poder de influência:

«Isso depende exclusivamente dos operadores. Nem as Administrações Portuárias nem os Governos têm qualquer hipótese de captar tráfego ou captar interesse em investimentos desse tipo. Há não muitos anos, recorria-se ao dinheiro dos contribuintes e da União Europeia. Mas isso acabou. Hoje, quando se fala em investimentos na área portuária, são investimentos privados. 

Nessa base, será sempre o privado a decidir. E, neste momento, pelo menos da parte da Maersk parece-me que esses investimentos estão todos contidos. Há aquisições de terminais já existentes mas investimento em novos terminais não me parece. Não me parece que tenha havido real interesse num terminal novo em Lisboa. Houve, isso sim, um marcar de posição. Mas daí a dizer que a Maersk estava interessada no Terminal do Barreiro, como chegou a ser primeira página de jornais… Eles têm equipas especializadas e fazem e refazem análises complexas antes de qualquer tipo de avanço, têm dados que nós não temos… Não é por se fazerem acompanhar do Embaixador da Dinamarca ao Barreiro que estão a demonstrar que irão decidir alguma coisa.

Que houvesse algum interesse da parte dos chineses em Sines, já acredito mais. Mas a posição destes relativamente ao mercado europeu não parece deixar muita margem. Já têm no porto do Pireu, no Norte da Europa em Antuérpia… Um terminal Vasco da Gama em Sines poderia ser interessante para eles, como um terminal de transhipment. Mas mesmo os chineses já fazem análises muito cuidadas desses investimentos, já não é aquele investimento que se considerava fácil há alguns anos.»

02/08/2016
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