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Europa... para de sonhar, continua a trabalhar!
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Europa... para de sonhar, continua a trabalhar!
No mundo dos negócios é frequente ouvir: "Temos o que pagámos para ter." Nas relações diplomáticas seria mais apropriado dizer: "Temos de acordo com o que sabiamente investimos." Aplica-se tanto ao investimento financeiro como à energia, ao crescimento e ao envolvimento emocional das nações. Tive a sorte de testemunhar e ajudar no desdobramento de uma ampla relação bilateral entre Portugal e a Polónia, com vocês, a partir daqui, a partir de Lisboa. Tem sido inesquecível e, realmente, uma experiência de formatação.
Tendo passado os últimos quatro anos em Portugal como embaixador da Polónia, fiquei com uma perspetiva incomum. Por um lado, tornei-me capaz de ver o cenário europeu a partir da borda de uma outra periferia, já que Portugal oferece a mais ocidental perspetiva com a omnipresença do oceano; a Polónia, por outro lado, implica a perspetiva mais oriental na nossa realidade semicontinental com a sombra ameaçadora da Eurásia. E, ainda assim, consegui manter a visão central. Por isso uma das minhas primeiras atividades aqui em Lisboa foi um fórum estratégico em que os políticos e estudiosos debatiam sobre o quão periféricas são as periferias europeias. Existem várias nações que vivem com o complexo de estar muito longe da centralidade. Portugal é frequentemente tornado mais periférico do que realmente é. A Polónia partilha a mesma prática, embora de uma forma diferente. Mas o que eu descobri aqui, seja em São Miguel, Funchal, Covilhã, Lagos ou Lisboa, é que o que Português toma como sua periferia é o que tem de mais autêntico e não deve ser visto como inferioridade.
Juntos descobrimos ainda outras questões estratégicas de importância comum. A emigração é um fenómeno que, sendo um produto colateral de fronteiras abertas e mercados abertos, esgota os recursos humanos nacionais e produz diáspora no exterior. A segurança energética faz parte do de-senvolvimento económico global e não pode não ser abordada. As medidas de austeridade, enquanto curam finanças, afetam o tecido social e impactam famílias, cidades e regiões. A integração institucional da UE é uma questão fortemente politizada com entidades internacionais a tornarem-se partes interessadas significativas. O atlantismo é um sofisticado conjunto de laços políticos, comerciais e militares, que é uma parte importante do mosaico geopolítico europeu e anglo-saxão. O encolhimento da demanda do consumo interno faz--nos dependentes de mercados extraeuropeus, que, por sua vez, produzem vulnerabilidade económica, especialmente quando economias emergentes fecham ou se contraem. A NATO não é apenas uma coligação militar, mas também é uma união de nações que subscrevem determinados sistemas de valores. Ao longo dos últimos quatro anos temos feito a cobertura e descobrimos o significado destes temas através de oito sessões no nosso Fórum Estratégico de Lisboa, que atraiu os principais decisores políticos, líderes empresariais e académicos, juntamente com diplomatas destacados em Portugal. Tive a sorte de ter sido capaz de trabalhar com as principais instituições académicas portuguesas: Católica, Nova, IST, ICSTE, ULisboa, UPorto, Aveiro, Minho, UBI e IESM, e com vários institutos politécnicos cujos reitores e professores são realmente de primeira classe. Também trabalhámos intensamente com a Universidade das Nações Unidas sobre questões próximas à perspetiva portuguesa: a simplificação da administração nacional, ou Simplex. O fórum político anual do Estoril foi uma excelente plataforma para chegar a públicos mais influentes e sensíveis, e agradecemos a quem nos ofereceu a oportunidade de participar na análise crítica dos sonhos e das realidades da nossa era. Os participantes também puderam obter uma melhor perspetiva da outra ponta da Europa, já que estabelecemos conteúdos intelectualmente viáveis da Europa Central desde o seu primeiro dia tradicionalmente europeísta.
O cenário autárquico português também oferece uma textura extremamente rica, com presidentes de municípios que não só são personalidades fortes, como também administradores inteligentes e esclarecidos. António Costa, de Lisboa, Miguel Albuquerque, do Funchal, Rui Moreira, do Porto, Carlos Carreiras, de Cascais, e Seruca Emídio, de Loulé, são parceiros fantásticos para a nossa maneira de pensar polaca sobre o governo da cidade. Com os principais bancos e as câmaras de comércio, organizámos uma série de missões empresariais de e para a Polónia. Juntos, temos realmente desmascarado velhos mitos, criámos novas visões e, sim, em grande medida, estabelecemos um sonho português-polaco das relações bilaterais que vai muito além da política. Basta mencionar que, quando o mercado agrícola polaco experimentou um excesso de produção de maçãs, um grande distribuidor português fez uma aquisição substancial dos nossos produtos. Trazer a produção cultural da Polónia a Portugal foi outra experiência fascinante. O festival de cinema de Krzysztof Kieslowski pôs uma sala no Chiado a rebentar pelas costuras. A exposição dos artistas polacos que retrataram Portugal viajou por todo o país e teve seis mostras diferentes, enquanto o teatro das crianças polacas encantou o público de Lisboa.
De muitas maneiras, um dos ativos portugueses mais importantes é a sua excecionalidade: uma pequena nação que é vibrante, mesmo se por vezes sensível; a sua classe empresarial tem capacidade para superar a queda do "sonho europeu" e pode complementar o desenvolvimento económico do país; as suas universidades técnicas superiores deram à Europa um comissário encarregado da inovação e investigação e, provavelmente, poderão dar à ONU o seu secretário-geral. No entanto, o recurso mais notável de Portugal é o seu povo, do qual o mais emblemático é o Presidente. Sinto-me privilegiado por ter vivido aqui durante e ao longo da campanha presidencial. Tenho visto e conhecido provavelmente mais de uma dúzia de presidentes de países, mas eu nunca vi tal proximidade entre o líder e o seu povo, uma carga tão emocional, tal sorriso. Que Portugal continue desta forma. Continue a trabalhar. Para mim, Portugal não é apenas o parque turístico da Europa. É um primeiro jogador internacional com classe, visão de futuro, que se lembra do seu passado, um aventureiro clássico. Que continue este caminho, e obrigado, Portugal.
Embaixador da Polónia em Portugal
17 DE AGOSTO DE 2016
00:01
Bronislaw Misztal
Diário de Notícias
Tendo passado os últimos quatro anos em Portugal como embaixador da Polónia, fiquei com uma perspetiva incomum. Por um lado, tornei-me capaz de ver o cenário europeu a partir da borda de uma outra periferia, já que Portugal oferece a mais ocidental perspetiva com a omnipresença do oceano; a Polónia, por outro lado, implica a perspetiva mais oriental na nossa realidade semicontinental com a sombra ameaçadora da Eurásia. E, ainda assim, consegui manter a visão central. Por isso uma das minhas primeiras atividades aqui em Lisboa foi um fórum estratégico em que os políticos e estudiosos debatiam sobre o quão periféricas são as periferias europeias. Existem várias nações que vivem com o complexo de estar muito longe da centralidade. Portugal é frequentemente tornado mais periférico do que realmente é. A Polónia partilha a mesma prática, embora de uma forma diferente. Mas o que eu descobri aqui, seja em São Miguel, Funchal, Covilhã, Lagos ou Lisboa, é que o que Português toma como sua periferia é o que tem de mais autêntico e não deve ser visto como inferioridade.
Juntos descobrimos ainda outras questões estratégicas de importância comum. A emigração é um fenómeno que, sendo um produto colateral de fronteiras abertas e mercados abertos, esgota os recursos humanos nacionais e produz diáspora no exterior. A segurança energética faz parte do de-senvolvimento económico global e não pode não ser abordada. As medidas de austeridade, enquanto curam finanças, afetam o tecido social e impactam famílias, cidades e regiões. A integração institucional da UE é uma questão fortemente politizada com entidades internacionais a tornarem-se partes interessadas significativas. O atlantismo é um sofisticado conjunto de laços políticos, comerciais e militares, que é uma parte importante do mosaico geopolítico europeu e anglo-saxão. O encolhimento da demanda do consumo interno faz--nos dependentes de mercados extraeuropeus, que, por sua vez, produzem vulnerabilidade económica, especialmente quando economias emergentes fecham ou se contraem. A NATO não é apenas uma coligação militar, mas também é uma união de nações que subscrevem determinados sistemas de valores. Ao longo dos últimos quatro anos temos feito a cobertura e descobrimos o significado destes temas através de oito sessões no nosso Fórum Estratégico de Lisboa, que atraiu os principais decisores políticos, líderes empresariais e académicos, juntamente com diplomatas destacados em Portugal. Tive a sorte de ter sido capaz de trabalhar com as principais instituições académicas portuguesas: Católica, Nova, IST, ICSTE, ULisboa, UPorto, Aveiro, Minho, UBI e IESM, e com vários institutos politécnicos cujos reitores e professores são realmente de primeira classe. Também trabalhámos intensamente com a Universidade das Nações Unidas sobre questões próximas à perspetiva portuguesa: a simplificação da administração nacional, ou Simplex. O fórum político anual do Estoril foi uma excelente plataforma para chegar a públicos mais influentes e sensíveis, e agradecemos a quem nos ofereceu a oportunidade de participar na análise crítica dos sonhos e das realidades da nossa era. Os participantes também puderam obter uma melhor perspetiva da outra ponta da Europa, já que estabelecemos conteúdos intelectualmente viáveis da Europa Central desde o seu primeiro dia tradicionalmente europeísta.
O cenário autárquico português também oferece uma textura extremamente rica, com presidentes de municípios que não só são personalidades fortes, como também administradores inteligentes e esclarecidos. António Costa, de Lisboa, Miguel Albuquerque, do Funchal, Rui Moreira, do Porto, Carlos Carreiras, de Cascais, e Seruca Emídio, de Loulé, são parceiros fantásticos para a nossa maneira de pensar polaca sobre o governo da cidade. Com os principais bancos e as câmaras de comércio, organizámos uma série de missões empresariais de e para a Polónia. Juntos, temos realmente desmascarado velhos mitos, criámos novas visões e, sim, em grande medida, estabelecemos um sonho português-polaco das relações bilaterais que vai muito além da política. Basta mencionar que, quando o mercado agrícola polaco experimentou um excesso de produção de maçãs, um grande distribuidor português fez uma aquisição substancial dos nossos produtos. Trazer a produção cultural da Polónia a Portugal foi outra experiência fascinante. O festival de cinema de Krzysztof Kieslowski pôs uma sala no Chiado a rebentar pelas costuras. A exposição dos artistas polacos que retrataram Portugal viajou por todo o país e teve seis mostras diferentes, enquanto o teatro das crianças polacas encantou o público de Lisboa.
De muitas maneiras, um dos ativos portugueses mais importantes é a sua excecionalidade: uma pequena nação que é vibrante, mesmo se por vezes sensível; a sua classe empresarial tem capacidade para superar a queda do "sonho europeu" e pode complementar o desenvolvimento económico do país; as suas universidades técnicas superiores deram à Europa um comissário encarregado da inovação e investigação e, provavelmente, poderão dar à ONU o seu secretário-geral. No entanto, o recurso mais notável de Portugal é o seu povo, do qual o mais emblemático é o Presidente. Sinto-me privilegiado por ter vivido aqui durante e ao longo da campanha presidencial. Tenho visto e conhecido provavelmente mais de uma dúzia de presidentes de países, mas eu nunca vi tal proximidade entre o líder e o seu povo, uma carga tão emocional, tal sorriso. Que Portugal continue desta forma. Continue a trabalhar. Para mim, Portugal não é apenas o parque turístico da Europa. É um primeiro jogador internacional com classe, visão de futuro, que se lembra do seu passado, um aventureiro clássico. Que continue este caminho, e obrigado, Portugal.
Embaixador da Polónia em Portugal
17 DE AGOSTO DE 2016
00:01
Bronislaw Misztal
Diário de Notícias
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