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Um australiano no Alentejo
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Um australiano no Alentejo
LUÍS BRANCO/GLOBAL IMAGENS
Diretor de Enologia na Herdade do Esporão. Está em Portugal há quase 35 anos. Casado, tem dois filhos.
Vive no Alentejo e em Sintra
Sente-se "mais português do que australiano e só se imagina a viver num destes dois países. E há quase 35 anos escolheu Portugal depois de ter encontrado numa praia da Caparica o amor da sua vida, com quem casou em 1982.
David Baverstock nasceu em Barossa Valley, a cerca de 60 quilómetros de Adelaide, no Sul da Austrália, região eminentemente vinícola. Estudou Enologia e ao terminar o curso viajou para a Europa "para fazer vindimas" em França e na Alemanha. Estava-se em 1978 e no ano seguinte veio a Portugal de férias. E foi na praia da Mata - "ainda hoje a nossa praia favorita" - que conheceu "a lisboeta" Maria Antonieta e foi "amor à primeira vista".
"Fiquei em Lisboa algum tempo com ela e combinámos que iria ter comigo à Austrália. Na altura era complicado, era preciso visto." De regresso a Barossa Valley, David começou "a trabalhar em vinhos".
Quando Maria Antonieta chegou, casaram-se, mas "ela estava sempre com saudades e queria voltar". O que veio a suceder em 1982 e "desde então, vivo cá".
A princípio, foram tempos difíceis. "Não era fácil arranjar trabalho." David recorda que, dos diferentes anúncios a que respondeu, apenas teve resposta de um, da Cooperativa do Cartaxo. "Uma carta muito simpática, mas a dizer que não era oportuno."
Portugal, na época, foi uma surpresa e até "um pouco um choque. Então, achava tudo mais organizado na Austrália" e recorda que, se hoje "as estradas são das melhores na Europa, naquela altura eram más, ir de Lisboa para o Porto era uma aventura".
David começou a aprender português, mas "a princípio não foi fácil compreender a língua". Hoje, o seu português é muito bom e praticamente impercetível o sotaque. Mas sempre achou "os latinos mais divertidos do que os anglo-saxónicos" e, sublinha-o com ênfase, "o povo português é dos mais simpáticos que existem no mundo - e não se pode dizer isso de todos os povos".
A gastronomia encantou-o desde o início: "O melhor peixe grelhado" e, principalmente, pratos que não conhecia, como "o arroz de marisco, que nunca tinha comido, e a carne de porco à alentejana", que o surpreendeu pela síntese entre um alimento do campo e um alimento do mar. Só os pratos de bacalhau o deixaram perplexo nos primeiros anos, "não me adaptei muito bem" ao gosto, mas atualmente é um dos seus "pratos preferidos".
De Portugal, que conhece praticamente de norte a sul, destaca as paisagens, o mar, mas elege o Alentejo, que vê como "muito parecido com a Austrália. Tem horizontes vastos". Algo importante para quem, como David, sempre gostou de viver no campo. "Tem mais que ver com o meu feitio", diz, estabelecendo depois um paralelo entre o Alentejo como um dos melhores lugares para olhar as estrelas, tal como a Austrália.
Fiel à sua área de especialidade, David considera "fascinante" que um país "pequeno tenha tanta variedade de castas indígenas, mais de 250", para dissertar, em seguida, sobre as regiões e os vinhos, dos verdes ao típico da Madeira. E deixa uma mensagem: "Há o dever de preservar essas castas. Uma vez arrancadas as vinhas, as castas ficam extintas."
De volta aos primeiros tempos em Portugal, David recorda que, em 1983, "tivemos o nosso primeiro filho" e surgiu, finalmente, uma oportunidade de trabalho interessante. Mas "foi preciso mudar para o Porto". Foi contactado pelo grupo Croft, onde ficou um ano antes de mudar para "os escoceses da Symington, e com maiores responsabilidades".
O trabalho na Symington era "interessante" mas David "não queria só ser enólogo de vinho do Porto. É uma experiência muito útil, mas eu queria fazer vinhos de mesa". E foi-lhe concedida latitude para o fazer: "Comecei a fazer experiências com as castas do Douro, ainda que não os tenha convencido" a produzir vinhos de mesa. Em paralelo, "fazia alguma consultoria para fora" e chegou a trabalhar "com a Quinta de La Rosa, em Pinhão, e a Quinta do Crasto". Até que, em 1992, José Roquette, convida David "para trabalhar na Herdade do Esporão. Adorei todo o potencial que o projeto do Esporão tinha. Na altura, não havia nada parecido em Portugal. Aceitei logo". E ficou, sendo hoje diretor de enologia.
O casal, a quem tinha entretanto nascido um segundo filho, muda-se para os arredores, para a região de Sintra, onde vive ainda hoje. "Essa é a nossa base familiar, eu, durante a semana, estou no Esporão e na sexta vou para Lisboa, passo pelos escritórios da empresa e, depois, o resto do tempo é para a vida familiar", conta David, que se tornou avô há pouco tempo. Visita regularmente a Austrália, "no fim de janeiro, início de fevereiro, quando lá é verão". Oportunidade para ver a mãe, de 88 anos, os tios e outros familiares, para "encontros com enólogos" locais e provas de vinhos - "levo alguns portugueses".
Com a dupla nacionalidade e distinguido pelo ex-presidente Cavaco Silva no final de 2015 com a Comenda de Mérito Agrícola, David, a caminho dos 62 anos, pensa em "ter um pequeno projeto" para quando se reformar. Pensa em apostar "num vinho tinto do Alentejo e num Alvarinho de Melgaço". E continuar em Portugal.
Gente Que Veio De Fora
29 DE AGOSTO DE 2016
00:05
Abel Coelho de Morais
Diário de Notícias
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