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O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
TELEVISÃO: Um telejornal
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TELEVISÃO: Um telejornal
Olha!, o décimo segundo mais influente do País é, segundo a TVI, António Vitorino. Nunca tinha pensado nisso. A palavra “brilhante” é usada várias vezes e há referências discretas à sua fortuna.
Terça-feira, trinta de Agosto, oito horas. TVI, Jornal da Noite, José Alberto Carvalho. Sigo escrupulosamente a ordem do telejornal e não creio ter saltado notícia alguma.
Começa-se, naturalmente, com sangue. Hoje, com a morte de um jovem de dezasseis anos na zona de Campanhã, no Porto, um assaltante baleado pela polícia. Sangue. É fácil de imaginar. Fuga e tiros e o corpo cai morto. Depois, há um jovem de quatorze assassinado por um de dezassete em Gondomar. Tinha havido prévia troca de insultos entre ambos nas “redes sociais”. Sangue com “redes sociais”. Em Loures, um tipo de vinte e três anos esfaqueou o pai, aparentemente para proteger a mãe. Sangue, mais sangue, e família. O povo é lixado. No concelho de Chaves, um homem matou a mulher à facada e suicidou-se a seguir. Foi internada uma criança de doze anos que caiu de uma varanda em Pinhal Novo. A mãe estava a tratar do outro filho. Tiros, facas, quedas. O povo é assim.
Depois desta investida pelo mais concreto, histórias do povo, passa-se, sem intervalo, ao abstracto. Manteve-se a taxa de desemprego. Mas “há histórias que não cabem nas estatísticas”. Sensibilidade demonstrativa por obrigação profissional e falta de imaginação: o mais vulgar. O jornalismo é humano. Recuou o indicador de confiança dos consumidores. O indicador de clima económico melhorou. Carlos César diz que não se deve esperar “espectacularidade” no próximo orçamento. É boa, esta. Génio verbal. Um prodígio, este César. Maria Luís Albuquerque manifesta cepticismo. O PS queixa-se da “herança” do Governo anterior. Adiante. Mais de sete mil professores contratados colocados e a autoridade da concorrência não põe obstáculos à TAP. Quando isto acabar, ver o filme com o Al Pacino e a Michelle Pfeiffer. Um estivador de Sines foi reformado por uma falha do sistema da Segurança Social. Queria a reforma, mas não gostou do que ia receber. Depois, foi tarde demais. Ficou mesmo com a reforma que não queria. Ninguém diga que está bem. Não fazer zapping.
A advogada da acusação chorou no julgamento de Dilma. Sensibilidade demonstrativa por obrigação profissional. A defesa de Dilma diz que ela é eticamente excelente e pede eleições antecipadas. Sensibilidade ideológica por obrigação demonstrativa. Pior. Mariano Rajoy fez o discurso da investidura. Ganha consistência, diz a TVI, a hipótese de terceiras eleições este ano. Guterres voltou a ganhar a votação secreta na ONU. Que bom, estamos no mundo! Portugal é a Rua do Ouro. É assim que ganhamos consistência. Com Guterres à frente da ONU ficamos consistentíssimos. Em que é que isso consiste? Logo se vê. Logo se esquece.
Publicidade.
Como está a ser o início de vida do bebé que nasceu com a mãe em morte cerebral? Está a crescer sem problemas de saúde, enquanto decorre um processo de custódia partilhada. Os braços da lei (quantos tem?) funcionam. A GNR desmantelou em Olhão uma estufa de canábis. Investigam-se vistos falsos com origem em Cabo Verde. Pilotos de um avião da TAP foram atacados por um laser. Em 2016 já foram oitenta. A ponte romana de Silves pode cair. Pode, mas isso não quer dizer que caia. Os locais duvidam mesmo. E quem não é de lá? Deve duvidar? Vale a pena pensar nisso? Ver o filme com o Pacino e a Michelle Pfeiffer mal isto acabar.
Chega o futebol. A selecção nacional de futebol anda preocupada com Rafa e Adrien, por causa do mercado de transferências. O Cristiano faz sempre falta. O mercado de transferências é analisado em detalhe por um comentador sapiente. Parece que Adrien Silva quer ir para Inglaterra e que o Sporting não quer que ele vá. O pai de Adrien quer. Slimani chorou. Também é um ser humano. E Rafa? As posições começaram a extremar-se entre o Braga e o Benfica. Dinheiro – quem não percebe? Eu percebo. E o Porto? Mangala regressará? Ainda ninguém sabe. O clássico de domingo entre o FC Porto e o Sporting (comprar outro rádio) ainda mexe. O programa “Prolongamento”, parece, bateu recordes de audiência.
Por falar em recordes de audiência, e, já agora, na capacidade de se mexer. Marcelo anda pela Madeira e foi às Selvagens. Viu-se, na mão de um português que, representando a Pátria, vai regularmente ao lugar, uma osga local. Uma osga? Haverá algo de simbólico na escolha? Pelo menos, Marcelo não andou em demanda de Pikachus. Tenho que falar com o pai da Isabel, foi simpático comigo. O outro livro – como é que se chama? De qualquer modo, a osga não tem de se preocupar com o “fecho do mercado”, que põe os clubes excitadíssimos. Marcelo também não.
A subida do rio Arade em direcção a Silves encanta os turistas. Não fazer zapping, não fazer zapping. Milhares de pessoas juntam-se tradicionalmente para o último mergulho de Verão em Lagos. Não fazer zapping, não fazer zapping. Toda a gente está feliz. Formidável. Vê-se que estão realmente felizes. Uma das minhas melhores qualidades é, mesmo quando as coisas estão a correr mal, gostar de ver as pessoas felizes, até quando estar na situação delas me parece um pesadelo. Uma investigação culinária na Madeira? Não estava à espera disto. A comida parece excelente e os estrangeiros, segundo se diz, gostam muito. E o “dossier” Rafa? Saberão os estrangeiros disso?
A Comissão Europeia decidiu multar a Apple em treze mil milhões de euros por causa de benefícios fiscais na Irlanda. A Apple e a Irlanda protestam. Ir à Madeira? Ou aos Açores? Telefonar ao pai da Isabel. Quem não tem problemas de dinheiro? Olha!, o décimo segundo mais influente do País é, segundo a TVI, António Vitorino. Nunca tinha pensado nisso. A palavra “brilhante” é usada várias vezes e há referências discretas à sua fortuna pessoal. Consta que é muito desejado. Pelo PS, é claro, mas os outros também o apreciam. Lá apareceu o inevitável “um homem não se mede aos palmos”. Vitorino é baixinho. É como o Pikachu. Os Pokemons. Quem percebe esta mania da caça aos Pokemons? Marcelo, que percebe tudo?
Também se fala dos Pikachus mundiais. Há novos desenvolvimentos tecnológicos, vindos dos Estados Unidos, na caça aos Pokemons, em plagas onde Vitorino é desconhecido e a suposta fortuna dele ridícula. E há o dabbing. Não sabem? É um movimento de dança. Anda na moda e Marcelo, é claro, já o praticou, à semelhança de Hillary Clinton. Tanto quanto se percebe, estende-se um braço, vira-se a cabeça na direcção do braço estendido e olha-se para baixo. Como dizia O’Neill, faz-se um figuralhão. Como é que se chama o raio do livro? Ah!, há uma nova novela em preparação na TVI com Diogo Morgado, vindo de Hollywood. Ainda bem que não estamos na RTP 2, que detesta Hollywood. Uma parte, somos informados, passa-se na Amazónia e tem amor e vingança. Lidará ela com o povo que se mata e que tinha aberto o telejornal? Terá jacarés?
Fim. Acabou às nove e vinte e cinco. Uf! Vamos então ao Pacino e à Michelle Pfeiffer. Quem pode ver isto com atenção do princípio ao fim, a não ser por obrigação, como eu aqui? Dantes, se calhar há muito tempo, não era assim. Tenho que falar com o pai da Isabel, ele foi simpático. Como é que se chama o raio do livro?
Paulo Tunhas
1/9/2016, 7:36
Observador
Terça-feira, trinta de Agosto, oito horas. TVI, Jornal da Noite, José Alberto Carvalho. Sigo escrupulosamente a ordem do telejornal e não creio ter saltado notícia alguma.
Começa-se, naturalmente, com sangue. Hoje, com a morte de um jovem de dezasseis anos na zona de Campanhã, no Porto, um assaltante baleado pela polícia. Sangue. É fácil de imaginar. Fuga e tiros e o corpo cai morto. Depois, há um jovem de quatorze assassinado por um de dezassete em Gondomar. Tinha havido prévia troca de insultos entre ambos nas “redes sociais”. Sangue com “redes sociais”. Em Loures, um tipo de vinte e três anos esfaqueou o pai, aparentemente para proteger a mãe. Sangue, mais sangue, e família. O povo é lixado. No concelho de Chaves, um homem matou a mulher à facada e suicidou-se a seguir. Foi internada uma criança de doze anos que caiu de uma varanda em Pinhal Novo. A mãe estava a tratar do outro filho. Tiros, facas, quedas. O povo é assim.
Depois desta investida pelo mais concreto, histórias do povo, passa-se, sem intervalo, ao abstracto. Manteve-se a taxa de desemprego. Mas “há histórias que não cabem nas estatísticas”. Sensibilidade demonstrativa por obrigação profissional e falta de imaginação: o mais vulgar. O jornalismo é humano. Recuou o indicador de confiança dos consumidores. O indicador de clima económico melhorou. Carlos César diz que não se deve esperar “espectacularidade” no próximo orçamento. É boa, esta. Génio verbal. Um prodígio, este César. Maria Luís Albuquerque manifesta cepticismo. O PS queixa-se da “herança” do Governo anterior. Adiante. Mais de sete mil professores contratados colocados e a autoridade da concorrência não põe obstáculos à TAP. Quando isto acabar, ver o filme com o Al Pacino e a Michelle Pfeiffer. Um estivador de Sines foi reformado por uma falha do sistema da Segurança Social. Queria a reforma, mas não gostou do que ia receber. Depois, foi tarde demais. Ficou mesmo com a reforma que não queria. Ninguém diga que está bem. Não fazer zapping.
A advogada da acusação chorou no julgamento de Dilma. Sensibilidade demonstrativa por obrigação profissional. A defesa de Dilma diz que ela é eticamente excelente e pede eleições antecipadas. Sensibilidade ideológica por obrigação demonstrativa. Pior. Mariano Rajoy fez o discurso da investidura. Ganha consistência, diz a TVI, a hipótese de terceiras eleições este ano. Guterres voltou a ganhar a votação secreta na ONU. Que bom, estamos no mundo! Portugal é a Rua do Ouro. É assim que ganhamos consistência. Com Guterres à frente da ONU ficamos consistentíssimos. Em que é que isso consiste? Logo se vê. Logo se esquece.
Publicidade.
Como está a ser o início de vida do bebé que nasceu com a mãe em morte cerebral? Está a crescer sem problemas de saúde, enquanto decorre um processo de custódia partilhada. Os braços da lei (quantos tem?) funcionam. A GNR desmantelou em Olhão uma estufa de canábis. Investigam-se vistos falsos com origem em Cabo Verde. Pilotos de um avião da TAP foram atacados por um laser. Em 2016 já foram oitenta. A ponte romana de Silves pode cair. Pode, mas isso não quer dizer que caia. Os locais duvidam mesmo. E quem não é de lá? Deve duvidar? Vale a pena pensar nisso? Ver o filme com o Pacino e a Michelle Pfeiffer mal isto acabar.
Chega o futebol. A selecção nacional de futebol anda preocupada com Rafa e Adrien, por causa do mercado de transferências. O Cristiano faz sempre falta. O mercado de transferências é analisado em detalhe por um comentador sapiente. Parece que Adrien Silva quer ir para Inglaterra e que o Sporting não quer que ele vá. O pai de Adrien quer. Slimani chorou. Também é um ser humano. E Rafa? As posições começaram a extremar-se entre o Braga e o Benfica. Dinheiro – quem não percebe? Eu percebo. E o Porto? Mangala regressará? Ainda ninguém sabe. O clássico de domingo entre o FC Porto e o Sporting (comprar outro rádio) ainda mexe. O programa “Prolongamento”, parece, bateu recordes de audiência.
Por falar em recordes de audiência, e, já agora, na capacidade de se mexer. Marcelo anda pela Madeira e foi às Selvagens. Viu-se, na mão de um português que, representando a Pátria, vai regularmente ao lugar, uma osga local. Uma osga? Haverá algo de simbólico na escolha? Pelo menos, Marcelo não andou em demanda de Pikachus. Tenho que falar com o pai da Isabel, foi simpático comigo. O outro livro – como é que se chama? De qualquer modo, a osga não tem de se preocupar com o “fecho do mercado”, que põe os clubes excitadíssimos. Marcelo também não.
A subida do rio Arade em direcção a Silves encanta os turistas. Não fazer zapping, não fazer zapping. Milhares de pessoas juntam-se tradicionalmente para o último mergulho de Verão em Lagos. Não fazer zapping, não fazer zapping. Toda a gente está feliz. Formidável. Vê-se que estão realmente felizes. Uma das minhas melhores qualidades é, mesmo quando as coisas estão a correr mal, gostar de ver as pessoas felizes, até quando estar na situação delas me parece um pesadelo. Uma investigação culinária na Madeira? Não estava à espera disto. A comida parece excelente e os estrangeiros, segundo se diz, gostam muito. E o “dossier” Rafa? Saberão os estrangeiros disso?
A Comissão Europeia decidiu multar a Apple em treze mil milhões de euros por causa de benefícios fiscais na Irlanda. A Apple e a Irlanda protestam. Ir à Madeira? Ou aos Açores? Telefonar ao pai da Isabel. Quem não tem problemas de dinheiro? Olha!, o décimo segundo mais influente do País é, segundo a TVI, António Vitorino. Nunca tinha pensado nisso. A palavra “brilhante” é usada várias vezes e há referências discretas à sua fortuna pessoal. Consta que é muito desejado. Pelo PS, é claro, mas os outros também o apreciam. Lá apareceu o inevitável “um homem não se mede aos palmos”. Vitorino é baixinho. É como o Pikachu. Os Pokemons. Quem percebe esta mania da caça aos Pokemons? Marcelo, que percebe tudo?
Também se fala dos Pikachus mundiais. Há novos desenvolvimentos tecnológicos, vindos dos Estados Unidos, na caça aos Pokemons, em plagas onde Vitorino é desconhecido e a suposta fortuna dele ridícula. E há o dabbing. Não sabem? É um movimento de dança. Anda na moda e Marcelo, é claro, já o praticou, à semelhança de Hillary Clinton. Tanto quanto se percebe, estende-se um braço, vira-se a cabeça na direcção do braço estendido e olha-se para baixo. Como dizia O’Neill, faz-se um figuralhão. Como é que se chama o raio do livro? Ah!, há uma nova novela em preparação na TVI com Diogo Morgado, vindo de Hollywood. Ainda bem que não estamos na RTP 2, que detesta Hollywood. Uma parte, somos informados, passa-se na Amazónia e tem amor e vingança. Lidará ela com o povo que se mata e que tinha aberto o telejornal? Terá jacarés?
Fim. Acabou às nove e vinte e cinco. Uf! Vamos então ao Pacino e à Michelle Pfeiffer. Quem pode ver isto com atenção do princípio ao fim, a não ser por obrigação, como eu aqui? Dantes, se calhar há muito tempo, não era assim. Tenho que falar com o pai da Isabel, ele foi simpático. Como é que se chama o raio do livro?
Paulo Tunhas
1/9/2016, 7:36
Observador
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