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A globalização do ensino superior
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A globalização do ensino superior
Em poucas atividades encontramos uma pressão tão forte para a decisão de "comprar local" como no ensino superior. A maioria dos estudantes com classificação suficiente procura reduzir os custos da sua formação escolhendo uma escola próxima do local de residência.
No entanto, seria imprudente que as escolas considerassem a população jovem das suas regiões como um "mercado cativo". A recente crise económica acabou por restringir as opções de muitos estudantes, mas uma análise custo/benefício pode sugerir que é vantajoso escolher um programa e escola com maior potencial de carreira futura.
O exemplo dos EUA sugere que muitos alunos estão dispostos a contrair empréstimos elevados para obter um grau em instituições de elevado prestígio.
As instituições de ensino superior – universidades e politécnicos – procuram captar alunos estrangeiros, uma forma de exportação de serviços que constitui a primeira etapa do processo de internacionalização. Algumas escolas oferecem cursos no exterior, em parceria com instituições locais, ou constroem "campus" em países distantes, uma forma de investimento direto ainda relativamente rara na atividade do ensino. No entanto, assistimos já à emergência de marcas globais que adquirem ou criam novas escolas e que competem na captação dos estudantes dessas regiões. A própria natureza presencial do ensino superior está a ser desafiada pela oferta de ensino à distância. Neste âmbito, o impacto da oferta gratuita de módulos dos mais variados programas (MOOC – Massive Online Open Courses) por universidades prestigiadas está ainda por avaliar.
Os fatores de diferenciação da procura – linguísticos, culturais, legais, etc. – tendem a esbater-se, à medida que as competências se homogeneizam e a experiência internacional é mais valorizada pelas empresas e outros empregadores. Assim, também no ensino superior a competição é, cada vez mais, de natureza global, obrigando a uma rápida adaptação dos seus operadores. Dado o elevado número de "marcas" do ensino superior, com cerca de 16.000 escolas estimadas a nível mundial, só no ensino da gestão, as agências de acreditação têm um forte impacto na escolha dos alunos e na valorização dos diplomas pelos empregadores.
A recente acreditação da ISCTE Business School pela AACSB vem reforçar o "cluster" nacional das escolas de gestão que passa a contar com três escolas acreditadas pela maior agência mundial no ensino da gestão e economia, ficando com apenas menos uma escola acreditada do que Espanha, por exemplo. Se o esforço de afirmação internacional for reforçado, as escolas portuguesas poderão competir eficazmente tanto pela captação de alunos portugueses como pela atração de alunos estrangeiros. Face ao contexto demográfico desfavorável que enfrentamos, os efeitos diretos e indiretos para a economia portuguesa são fáceis de inferir.
Diretor da ISCTE Business School
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
JOSÉ PAULO ESPERANÇA | 07 Setembro 2016, 19:25
Negócios
No entanto, seria imprudente que as escolas considerassem a população jovem das suas regiões como um "mercado cativo". A recente crise económica acabou por restringir as opções de muitos estudantes, mas uma análise custo/benefício pode sugerir que é vantajoso escolher um programa e escola com maior potencial de carreira futura.
O exemplo dos EUA sugere que muitos alunos estão dispostos a contrair empréstimos elevados para obter um grau em instituições de elevado prestígio.
As instituições de ensino superior – universidades e politécnicos – procuram captar alunos estrangeiros, uma forma de exportação de serviços que constitui a primeira etapa do processo de internacionalização. Algumas escolas oferecem cursos no exterior, em parceria com instituições locais, ou constroem "campus" em países distantes, uma forma de investimento direto ainda relativamente rara na atividade do ensino. No entanto, assistimos já à emergência de marcas globais que adquirem ou criam novas escolas e que competem na captação dos estudantes dessas regiões. A própria natureza presencial do ensino superior está a ser desafiada pela oferta de ensino à distância. Neste âmbito, o impacto da oferta gratuita de módulos dos mais variados programas (MOOC – Massive Online Open Courses) por universidades prestigiadas está ainda por avaliar.
Os fatores de diferenciação da procura – linguísticos, culturais, legais, etc. – tendem a esbater-se, à medida que as competências se homogeneizam e a experiência internacional é mais valorizada pelas empresas e outros empregadores. Assim, também no ensino superior a competição é, cada vez mais, de natureza global, obrigando a uma rápida adaptação dos seus operadores. Dado o elevado número de "marcas" do ensino superior, com cerca de 16.000 escolas estimadas a nível mundial, só no ensino da gestão, as agências de acreditação têm um forte impacto na escolha dos alunos e na valorização dos diplomas pelos empregadores.
A recente acreditação da ISCTE Business School pela AACSB vem reforçar o "cluster" nacional das escolas de gestão que passa a contar com três escolas acreditadas pela maior agência mundial no ensino da gestão e economia, ficando com apenas menos uma escola acreditada do que Espanha, por exemplo. Se o esforço de afirmação internacional for reforçado, as escolas portuguesas poderão competir eficazmente tanto pela captação de alunos portugueses como pela atração de alunos estrangeiros. Face ao contexto demográfico desfavorável que enfrentamos, os efeitos diretos e indiretos para a economia portuguesa são fáceis de inferir.
Diretor da ISCTE Business School
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
JOSÉ PAULO ESPERANÇA | 07 Setembro 2016, 19:25
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