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Ensino Superior Politécnico & internacionalização
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Ensino Superior Politécnico & internacionalização
O aluno ao estar matriculado numa instituição politécnica portuguesa deve sentir-se ex aequo como se estivesse inscrito, por exemplo, numa instituição europeia ou americana, estudando e absorvendo o mesmo ambiente.
Observando uma realidade global o estudo do fenómeno da internacionalização económica e empresarial de um país, pequeno e aberto ao exterior, como Portugal deve ser alvo de reflexão. A este nível uma vertente decisiva advém do ensino superior e da sua internacionalização.
Conforme é consabido o sistema de ensino superior português encontra-se dividido em dois subsistemas, designadamente o universitário e o politécnico.
Como génese analisemos sinteticamente o subsistema politécnico. Até à sua implementação, a educação superior em Portugal era composta apenas pelo setor universitário, o qual não detinha orientação profissional que lhe permitisse ministrar programas de formação destinados a nichos específicos do mercado de trabalho.
À semelhança dos seus congéneres europeus, uma das intenções subjacentes ao estabelecimento do ensino politécnico era, também, a promoção do desenvolvimento regional e das relações com as atividades económicas e sociais. Noutra senda, é digno de referência o elevado nível de competitividade que este subsistema almejou, sobretudo nas últimas duas décadas. A evolução do número de alunos matriculados representa um desempenho altamente positivo e é indiciador de um crescente reconhecimento pela sociedade da qualidade das formações ministradas no ensino politécnico.
Outrossim traduz-se no compromisso preconizado pelas instituições politécnicas na qualificação do seu corpo docente. Com base em dados disponibilizados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (em 2012), é possível observar que a proporção de professores doutorados que ministram nos institutos politécnicos públicos mais que triplicou na última década. Igualmente, segundo informação facultada pelas instituições politécnicas ao Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), verifica-se que atualmente cerca de 60% do corpo docente do subsistema politécnico, ou é detentor do grau de doutoramento, ou está a frequentar um programa de estudos conducente a este grau académico.
A título de apresentação, o CCISP traduz-se no órgão de coordenação e representação conjunta das instituições públicas de ensino superior politécnico. Integram o Conselho todos os institutos politécnicos públicos (15), todas as escolas não integradas (5), universidades públicas que conferem cursos de natureza politécnica (4) e o Instituto Politécnico de Macau.
Abarquemos agora o capítulo da internacionalização. Ao nível mundial as instituições de ensino superior têm vindo a reforçar as suas atividades de internacionalização. Este desígnio central materializa-se na atração de estudantes internacionais, docentes e investigadores, no aumento da mobilidade internacional, no incremento de acordos e parcerias, com expressão em projetos e na oferta de graus conjuntos, na presença mais abrangente e assídua em fóruns internacionais.
O ensino politécnico português acompanha esta tendência e o papel regional das instituições politécnicas está em transformação, nomeadamente ao dar capacidade às regiões de serem atrativas ao nível global.
O CCISP, em representação dos seus membros, agrega diversas redes internacionais representativas do ensino superior politécnico, designadamente: a UASNET – Rede Europeia de Universidades de Ciências Aplicadas, a EURASHE – Associação Europeia de Instituições de Ensino Superior e a WFCP- Federação Mundial de Colégios e de Politécnicos. Paralelamente, o CCISP tem celebrado vários Protocolos de entendimento no âmbito da mobilidade de estudantes, docentes e não docentes, bem como na partilha de publicações e organização de conferências. De entre outros exemplos, neste âmbito, salientam-se os recentes Protocolos celebrados com o Instituto Internacional de Macau, o Instituto Politécnico de Macau, a Escola Portuguesa de Macau, o GAES – Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (Macau), o CONIF – Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Brasil) e com o KRUPT – Conferência dos reitores das Universidades Tecnológicas Polacas).
Atualmente, os programas de intercâmbio dos membros do CCISP envolvem a mobilidade de cerca de 5000 estudantes e 1000 docentes e colaboradores entre mais de 60 países. Também é digno de realce que as instituições politécnicas portuguesas participam em cerca de 200 projetos de investigação/cooperação internacional e que estes envolvem uma média de participação de nove instituições por projeto e um valor total que ascende aos 146.336.920,87€. Ao nível do ensino, são ministrados diversos programas (desde o 1º ao 3º ciclo, estes últimos em cooperação com universidades, e também cursos de pós-graduação) em 20 áreas distintas do conhecimento e envolvem a parceira com inúmeras instituições de elevado prestígio internacional.
Como próximo passo, considera-se fundamental a criação de uma verdadeira estratégia de internacionalização para o ensino superior politécnico que considere os seguintes aspetos: promoção, com a criação de uma marca comum para as iniciativas de internacionalização do subsistema politécnico, designadamente através de um portal que apresente a oferta formativa das instituições e as demais informações relacionadas com o acesso, acolhimento e residência; participação em feiras internacionais, promovendo o ensino superior politécnico em países, cidades ou instituições selecionadas de entre as prioridades definidas. Neste âmbito há-que definir uma estratégica específica de cooperação com o estabelecimento de parcerias e protocolos com instituições dos países da CPLP, da América Latina, de África, da Ásia e do Médio Oriente; encontros nacionais de internacionalização, que reforcem a capacidade institucional dos Gabinetes de Relações Internacionais com a elaboração de projetos de âmbito internacional.
Por último e em jeito de conclusão, o desígnio da internacionalização não pode somente materializar-se na atração de mobilidade. As próprias instituições devem, internamente, também adotar uma personalidade internacional. Ou seja, o aluno ao estar matriculado numa instituição politécnica portuguesa deve sentir-se ex aequo como se estivesse inscrito, por exemplo, numa instituição europeia ou americana, estudando e absorvendo o mesmo ambiente.
Professor, Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos & Membro do Conselho Estratégico da Futurália
JOAQUIM MOURATO
23/02/2016 - 01:30
Público
Observando uma realidade global o estudo do fenómeno da internacionalização económica e empresarial de um país, pequeno e aberto ao exterior, como Portugal deve ser alvo de reflexão. A este nível uma vertente decisiva advém do ensino superior e da sua internacionalização.
Conforme é consabido o sistema de ensino superior português encontra-se dividido em dois subsistemas, designadamente o universitário e o politécnico.
Como génese analisemos sinteticamente o subsistema politécnico. Até à sua implementação, a educação superior em Portugal era composta apenas pelo setor universitário, o qual não detinha orientação profissional que lhe permitisse ministrar programas de formação destinados a nichos específicos do mercado de trabalho.
À semelhança dos seus congéneres europeus, uma das intenções subjacentes ao estabelecimento do ensino politécnico era, também, a promoção do desenvolvimento regional e das relações com as atividades económicas e sociais. Noutra senda, é digno de referência o elevado nível de competitividade que este subsistema almejou, sobretudo nas últimas duas décadas. A evolução do número de alunos matriculados representa um desempenho altamente positivo e é indiciador de um crescente reconhecimento pela sociedade da qualidade das formações ministradas no ensino politécnico.
Outrossim traduz-se no compromisso preconizado pelas instituições politécnicas na qualificação do seu corpo docente. Com base em dados disponibilizados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (em 2012), é possível observar que a proporção de professores doutorados que ministram nos institutos politécnicos públicos mais que triplicou na última década. Igualmente, segundo informação facultada pelas instituições politécnicas ao Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), verifica-se que atualmente cerca de 60% do corpo docente do subsistema politécnico, ou é detentor do grau de doutoramento, ou está a frequentar um programa de estudos conducente a este grau académico.
A título de apresentação, o CCISP traduz-se no órgão de coordenação e representação conjunta das instituições públicas de ensino superior politécnico. Integram o Conselho todos os institutos politécnicos públicos (15), todas as escolas não integradas (5), universidades públicas que conferem cursos de natureza politécnica (4) e o Instituto Politécnico de Macau.
Abarquemos agora o capítulo da internacionalização. Ao nível mundial as instituições de ensino superior têm vindo a reforçar as suas atividades de internacionalização. Este desígnio central materializa-se na atração de estudantes internacionais, docentes e investigadores, no aumento da mobilidade internacional, no incremento de acordos e parcerias, com expressão em projetos e na oferta de graus conjuntos, na presença mais abrangente e assídua em fóruns internacionais.
O ensino politécnico português acompanha esta tendência e o papel regional das instituições politécnicas está em transformação, nomeadamente ao dar capacidade às regiões de serem atrativas ao nível global.
O CCISP, em representação dos seus membros, agrega diversas redes internacionais representativas do ensino superior politécnico, designadamente: a UASNET – Rede Europeia de Universidades de Ciências Aplicadas, a EURASHE – Associação Europeia de Instituições de Ensino Superior e a WFCP- Federação Mundial de Colégios e de Politécnicos. Paralelamente, o CCISP tem celebrado vários Protocolos de entendimento no âmbito da mobilidade de estudantes, docentes e não docentes, bem como na partilha de publicações e organização de conferências. De entre outros exemplos, neste âmbito, salientam-se os recentes Protocolos celebrados com o Instituto Internacional de Macau, o Instituto Politécnico de Macau, a Escola Portuguesa de Macau, o GAES – Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (Macau), o CONIF – Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Brasil) e com o KRUPT – Conferência dos reitores das Universidades Tecnológicas Polacas).
Atualmente, os programas de intercâmbio dos membros do CCISP envolvem a mobilidade de cerca de 5000 estudantes e 1000 docentes e colaboradores entre mais de 60 países. Também é digno de realce que as instituições politécnicas portuguesas participam em cerca de 200 projetos de investigação/cooperação internacional e que estes envolvem uma média de participação de nove instituições por projeto e um valor total que ascende aos 146.336.920,87€. Ao nível do ensino, são ministrados diversos programas (desde o 1º ao 3º ciclo, estes últimos em cooperação com universidades, e também cursos de pós-graduação) em 20 áreas distintas do conhecimento e envolvem a parceira com inúmeras instituições de elevado prestígio internacional.
Como próximo passo, considera-se fundamental a criação de uma verdadeira estratégia de internacionalização para o ensino superior politécnico que considere os seguintes aspetos: promoção, com a criação de uma marca comum para as iniciativas de internacionalização do subsistema politécnico, designadamente através de um portal que apresente a oferta formativa das instituições e as demais informações relacionadas com o acesso, acolhimento e residência; participação em feiras internacionais, promovendo o ensino superior politécnico em países, cidades ou instituições selecionadas de entre as prioridades definidas. Neste âmbito há-que definir uma estratégica específica de cooperação com o estabelecimento de parcerias e protocolos com instituições dos países da CPLP, da América Latina, de África, da Ásia e do Médio Oriente; encontros nacionais de internacionalização, que reforcem a capacidade institucional dos Gabinetes de Relações Internacionais com a elaboração de projetos de âmbito internacional.
Por último e em jeito de conclusão, o desígnio da internacionalização não pode somente materializar-se na atração de mobilidade. As próprias instituições devem, internamente, também adotar uma personalidade internacional. Ou seja, o aluno ao estar matriculado numa instituição politécnica portuguesa deve sentir-se ex aequo como se estivesse inscrito, por exemplo, numa instituição europeia ou americana, estudando e absorvendo o mesmo ambiente.
Professor, Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos & Membro do Conselho Estratégico da Futurália
JOAQUIM MOURATO
23/02/2016 - 01:30
Público
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