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Preparemo-nos para uma mudança de poder depois das eleições gerais da Alemanha
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Preparemo-nos para uma mudança de poder depois das eleições gerais da Alemanha
A vitória do brexit foi o grande sobressalto eleitoral deste ano. As eleições nos Estados Unidos e o referendo constitucional italiano podem ser os próximos, seguidos pelas eleições holandesas e francesas no próximo ano. E quanto à Alemanha, onde estão previstas eleições no outono de 2017? Será aí também possível uma viragem eleitoral?
Sim e não. A pergunta interessante não é quem vai ganhar. A resposta é: muito provavelmente a chanceler Angela Merkel se decidir concorrer. É bem possível que surja o mesmo governo da "grande coligação", menos grandioso, talvez, mas maioritariamente com os mesmos ministros. O que torna estas eleições tão interessantes e importantes para o resto da Europa é uma provável mudança de poder dentro do Bundestag.
Já sentimos o cheiro da mudança de poder pendente nas eleições da semana passada no estado natal de Merkel, Mecklenburg-Vorpom-mern, no Nordeste da Alemanha. Os democratas-cristãos da chanceler sofreram um dos piores resultados da história do partido, terminando com menos de 20% dos votos. Ele ficou em terceiro lugar, atrás da Alternativa para a Alemanha (AFD), que começou como um partido antieuro e já se transformou num partido nacionalista e anti-imigrantes.
A AfD não está representada no Bundestag. Nem os liberais Democratas Livres. Neste momento, os partidos da grande coligação - a CDU, o seu partido irmão da Baviera, a CSU, e os social-democratas - detêm 80% dos assentos parlamentares. Os Verdes e o Partido da Esquerda ocupam os restantes.
Tudo isso vai mudar no próximo ano. A última sondagem do INSA dá à AfD 15% dos votos em todo o país. O FDP recuperou da sua derrota em 2013 e está a caminho de conseguir o limite mínimo de 5% exigido para a entrada no Bundestag. Isso por si só irá garantir que a maioria dos partidos da grande coligação vão encolher e a Alemanha irá ajustar--se a um Parlamento com sete partidos. Além disso, tanto a CDU/CSU como o SPD perderam apoio desde as últimas eleições. A CDU baixou dez pontos percentuais. As sondagens atribuem aos dois parceiros da coligação pouco mais de 50%.
Uma das razões que faz que qualquer alteração na composição do Parlamento seja importante é a divisão interna entre a CDU e a CSU em matérias como a Europa e a imigração. Atualmente, Merkel não tem nenhum problema em organizar maiorias. Mas se as sondagens se confirmarem nas urnas no próximo ano, o Bundestag será capaz de lhe restringir os movimentos em assuntos que vão desde o brexit até ao debate sobre o futuro da UE e da zona euro. Hoje, o executivo é forte e o poder legislativo fraco. Isto vai ser revertido.
Uma área em que isso se pode refletir na política é a abordagem da Alemanha em relação à Grécia. Não vejo como um Bundestag composto como previsto nas atuais sondagens poderá concordar com uma reestruturação da dívida grega. Durante as negociações sobre o programa grego este ano, Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, convenceu Bruxelas e Washington de que não há espaço de manobra política na Alemanha a favor de uma redução da dívida grega antes das eleições de 2017. Ele absteve-se de mencionar que haverá ainda menos espaço depois.
Anteriormente, Merkel pôde concordar com as operações de resgate da zona euro, bem como com os programas de resgate para a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, porque não havia nenhuma oposição efetiva. Isso vai mudar a partir de 2017, porque é provável que a maioria do governo diminua, e a oposição será hostil.
E em relação ao brexit? De todos os partidos políticos na Europa, a CDU está entre os menos preocupados com a forma precisa que a partida britânica irá tomar, e aceitará provavelmente algum tipo de compromisso entre o controlo da imigração e o acesso ao mercado único. Mas depois do próximo ano a capacidade da CDU para pressionar a favor de um brexit suave será menor. O SPD não quer isso. Nem os Verdes. A AfD será hostil, quanto mais não seja porque os conservadores britânicos a expulsaram do seu grupo no Parlamento Europeu. O Partido da Esquerda será com certeza contra e, se o FDP ficar na oposição, é natural que o rejeitem também.
Depois há as implicações de uma alteração na composição do Bundestag na contribuição da Alemanha para o debate sobre o futuro da Europa. Os líderes da UE devem reunir-se nesta sexta-feira para uma cimeira em Bratislava, na Eslováquia, para debater ideias para uma Europa pós-brexit. Não sairá grande coisa desta reunião, mas uma discussão sobre o futuro da Europa terá de começar a sério após a rodada de eleições do próximo ano. Com a AfD como principal partido da oposição, ladeado pelo FDP, e uma divisão entre a CDU e a CSU, não vejo hipótese de qualquer progresso sério no sentido de uma maior integração.
As eleições da Alemanha são, assim, um fator muito importante. E, parafraseando Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, os riscos estão firmemente inclinados para o lado negativo.
12 DE SETEMBRO DE 2016
00:01
Wolfgang Münchau
Diário de Notícias
Sim e não. A pergunta interessante não é quem vai ganhar. A resposta é: muito provavelmente a chanceler Angela Merkel se decidir concorrer. É bem possível que surja o mesmo governo da "grande coligação", menos grandioso, talvez, mas maioritariamente com os mesmos ministros. O que torna estas eleições tão interessantes e importantes para o resto da Europa é uma provável mudança de poder dentro do Bundestag.
Já sentimos o cheiro da mudança de poder pendente nas eleições da semana passada no estado natal de Merkel, Mecklenburg-Vorpom-mern, no Nordeste da Alemanha. Os democratas-cristãos da chanceler sofreram um dos piores resultados da história do partido, terminando com menos de 20% dos votos. Ele ficou em terceiro lugar, atrás da Alternativa para a Alemanha (AFD), que começou como um partido antieuro e já se transformou num partido nacionalista e anti-imigrantes.
A AfD não está representada no Bundestag. Nem os liberais Democratas Livres. Neste momento, os partidos da grande coligação - a CDU, o seu partido irmão da Baviera, a CSU, e os social-democratas - detêm 80% dos assentos parlamentares. Os Verdes e o Partido da Esquerda ocupam os restantes.
Tudo isso vai mudar no próximo ano. A última sondagem do INSA dá à AfD 15% dos votos em todo o país. O FDP recuperou da sua derrota em 2013 e está a caminho de conseguir o limite mínimo de 5% exigido para a entrada no Bundestag. Isso por si só irá garantir que a maioria dos partidos da grande coligação vão encolher e a Alemanha irá ajustar--se a um Parlamento com sete partidos. Além disso, tanto a CDU/CSU como o SPD perderam apoio desde as últimas eleições. A CDU baixou dez pontos percentuais. As sondagens atribuem aos dois parceiros da coligação pouco mais de 50%.
Uma das razões que faz que qualquer alteração na composição do Parlamento seja importante é a divisão interna entre a CDU e a CSU em matérias como a Europa e a imigração. Atualmente, Merkel não tem nenhum problema em organizar maiorias. Mas se as sondagens se confirmarem nas urnas no próximo ano, o Bundestag será capaz de lhe restringir os movimentos em assuntos que vão desde o brexit até ao debate sobre o futuro da UE e da zona euro. Hoje, o executivo é forte e o poder legislativo fraco. Isto vai ser revertido.
Uma área em que isso se pode refletir na política é a abordagem da Alemanha em relação à Grécia. Não vejo como um Bundestag composto como previsto nas atuais sondagens poderá concordar com uma reestruturação da dívida grega. Durante as negociações sobre o programa grego este ano, Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, convenceu Bruxelas e Washington de que não há espaço de manobra política na Alemanha a favor de uma redução da dívida grega antes das eleições de 2017. Ele absteve-se de mencionar que haverá ainda menos espaço depois.
Anteriormente, Merkel pôde concordar com as operações de resgate da zona euro, bem como com os programas de resgate para a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, porque não havia nenhuma oposição efetiva. Isso vai mudar a partir de 2017, porque é provável que a maioria do governo diminua, e a oposição será hostil.
E em relação ao brexit? De todos os partidos políticos na Europa, a CDU está entre os menos preocupados com a forma precisa que a partida britânica irá tomar, e aceitará provavelmente algum tipo de compromisso entre o controlo da imigração e o acesso ao mercado único. Mas depois do próximo ano a capacidade da CDU para pressionar a favor de um brexit suave será menor. O SPD não quer isso. Nem os Verdes. A AfD será hostil, quanto mais não seja porque os conservadores britânicos a expulsaram do seu grupo no Parlamento Europeu. O Partido da Esquerda será com certeza contra e, se o FDP ficar na oposição, é natural que o rejeitem também.
Depois há as implicações de uma alteração na composição do Bundestag na contribuição da Alemanha para o debate sobre o futuro da Europa. Os líderes da UE devem reunir-se nesta sexta-feira para uma cimeira em Bratislava, na Eslováquia, para debater ideias para uma Europa pós-brexit. Não sairá grande coisa desta reunião, mas uma discussão sobre o futuro da Europa terá de começar a sério após a rodada de eleições do próximo ano. Com a AfD como principal partido da oposição, ladeado pelo FDP, e uma divisão entre a CDU e a CSU, não vejo hipótese de qualquer progresso sério no sentido de uma maior integração.
As eleições da Alemanha são, assim, um fator muito importante. E, parafraseando Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, os riscos estão firmemente inclinados para o lado negativo.
12 DE SETEMBRO DE 2016
00:01
Wolfgang Münchau
Diário de Notícias
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