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A linha vermelha
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A linha vermelha
Há uma linha vermelha que os políticos não devem ultrapassar. É a linha a partir da qual eles estão a fazer de nós parvos, mas nós estamos a perceber. Um político inteligente percebe que este é o limite para a patranha. Mas nós vivemos tempos estranhos em que a relação, já não digo com a verdade, mas com a verosimilhança parece não importar aos atores da coisa pública. O que conta é a sensação, o sentimento. "Pode não ser verdade, mas é tão bem apanhado que nós vamos insistir um bocado para ver se pega".
Custa ouvir a propósito do possível novo imposto sobre propriedades imobiliárias o coro da Oposição a trautear o "ataque à classe média", quando é fácil de perceber que um imposto que irá atingir 1%, 2% ou até mesmo 3% dos contribuintes dificilmente será para a classe média, mesmo que ela possa estar em vias de extinção. Não sei de quem é que esses políticos vivem rodeados, mas eu, quando olho à minha volta, dificilmente encontro alguém que tenha propriedades no valor de 500 mil euros, quanto mais de um milhão.
Podem argumentar que é uma estratégia errada, que não favorece o investimento, que é uma opção ideológica... são perspetivas aceitáveis. Agora, ver políticos falar de "saque" a propósito deste imposto é achar que todos levamos uma pancada tão grande na cabeça que dormimos nos últimos cinco anos. Mas não dormimos e ainda nos lembramos de que estes são os mesmos políticos que elogiaram Vítor Gaspar que, pelo menos, teve a coragem de classificar como "brutal" o aumento de impostos protagonizado pelo anterior Executivo.
Acreditem que no país da OCDE que mais aumentou a carga fiscal para os trabalhadores com baixos rendimentos em 2015 não sobra muita margem de tolerância para ver defender proprietários imobiliários com meio milhão de euros. Ou muito me engano ou, tal como aconteceu com a empolada questão dos apoios aos colégios privados, a Direita vai descobrir rapidamente que a maioria dos portugueses acha mesmo que eles passaram a linha vermelha neste assunto.
Também já é tempo de a Esquerda perceber que está para lá da linha vermelha quando tenta fazer passar este novo imposto como uma mera questão de "justiça social", como se não se tratasse de uma necessidade orçamental. Nem sequer precisamos do FMI para nos vir lembrar o ainda triste estado das nossas finanças. Basta perguntar à classe média.
SUBDIRETOR
David Pontes
Hoje às 00:07, atualizado às 00:09
Jornal de Notícias
Custa ouvir a propósito do possível novo imposto sobre propriedades imobiliárias o coro da Oposição a trautear o "ataque à classe média", quando é fácil de perceber que um imposto que irá atingir 1%, 2% ou até mesmo 3% dos contribuintes dificilmente será para a classe média, mesmo que ela possa estar em vias de extinção. Não sei de quem é que esses políticos vivem rodeados, mas eu, quando olho à minha volta, dificilmente encontro alguém que tenha propriedades no valor de 500 mil euros, quanto mais de um milhão.
Podem argumentar que é uma estratégia errada, que não favorece o investimento, que é uma opção ideológica... são perspetivas aceitáveis. Agora, ver políticos falar de "saque" a propósito deste imposto é achar que todos levamos uma pancada tão grande na cabeça que dormimos nos últimos cinco anos. Mas não dormimos e ainda nos lembramos de que estes são os mesmos políticos que elogiaram Vítor Gaspar que, pelo menos, teve a coragem de classificar como "brutal" o aumento de impostos protagonizado pelo anterior Executivo.
Acreditem que no país da OCDE que mais aumentou a carga fiscal para os trabalhadores com baixos rendimentos em 2015 não sobra muita margem de tolerância para ver defender proprietários imobiliários com meio milhão de euros. Ou muito me engano ou, tal como aconteceu com a empolada questão dos apoios aos colégios privados, a Direita vai descobrir rapidamente que a maioria dos portugueses acha mesmo que eles passaram a linha vermelha neste assunto.
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Hoje às 00:07, atualizado às 00:09
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