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A maré vermelha nas matérias-primas
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A maré vermelha nas matérias-primas
O que é que a descida do preço dos combustíveis nas bombas em Portugal, a desvalorização do peso colombiano, o aumento da dívida externa russa e o despedimento de milhares de trabalhadores nas minas em África têm em comum?
O que é que a descida do preço dos combustíveis nas bombas em Portugal, a desvalorização do peso colombiano, o aumento da dívida externa russa e o despedimento de milhares de trabalhadores nas minas em África têm em comum? O colapso no valor das matérias-primas.
As "commodities" desvalorizam 42% desde meados de 2014, medidas pelo índice S&P GSCI, que reúne 24 matérias-primas. Como assinalava a The Economist num artigo recente, se esta queda se desse no mercado accionista desenvolvido, era sinal seguro de que por aí vinha uma recessão. Julho revelou-se um mês particularmente tumultuoso para esta classe de activos (-13%), com o indicador já citado a visitar os níveis mais baixos em 14 anos e a registar uma das dez maiores quedas mensais em 45 anos.
O Goldman Sachs tem uma interessante teoria sobre as causas deste comportamento, citada pelo blogue financeiro do Financial Times: as matérias-primas atravessam um ciclo negativo que se auto-alimenta. A menor procura da China por matérias-primas (o país representa cerca de 50% do consumo mundial de metais e carvão, segundo o Banco Mundial ) colocou pressão para a descida dos preços. A deflação resultante colocou mais dinheiro na mão dos consumidores dos países importadores de "commodities", como os EUA. O que impulsionou a economia americana, conduzindo a uma valorização do dólar, perante as expectativas de uma subida das taxas de juro.
O ciclo continua: a valorização do dólar e a subida das taxas de juro estão a agravar os custos de financiamento externo dos países produtores e da generalidade dos emergentes, entre eles a China, que ficam assim pressionados a reduzir a dívida e o investimento. O arrefecimento destas economias trava a procura por matérias-primas, o que conduz à sua desvalorização, voltando-se ao início do ciclo.
Uma das chaves para este processo, que se vem desenhando há mais de uma década, é a transformação em curso na economia chinesa, com o crescimento a assentar cada vez menos no aumento do investimento em capacidade produtiva e infra-estruturas e mais no consumo. O contributo do investimento para o PIB terá caído de 50% para 15% no primeiro trimestre, segundo o Goldman Sachs.
Este ciclo está na prática a operar uma transferência de riqueza dos países exportadores para os importadores de matérias-primas. Isso é positivo para Portugal e outros países que se incluem na segunda categoria, onde está também, por exemplo, a Índia. O reverso é uma queda das exportações nas nações produtoras, aumento do desemprego e crises cambiais (o real, o rublo e o peso colombiano desvalorizam mais de 10% contra o dólar desde Maio). Mas, salvo uma ou outra excepção, os países emergentes estão mais preparados para aguentar o embate do que no passado.
03 Agosto 2015, 09:57 por André Veríssimo | averissimo@negocios.pt
Negócios
O que é que a descida do preço dos combustíveis nas bombas em Portugal, a desvalorização do peso colombiano, o aumento da dívida externa russa e o despedimento de milhares de trabalhadores nas minas em África têm em comum? O colapso no valor das matérias-primas.
As "commodities" desvalorizam 42% desde meados de 2014, medidas pelo índice S&P GSCI, que reúne 24 matérias-primas. Como assinalava a The Economist num artigo recente, se esta queda se desse no mercado accionista desenvolvido, era sinal seguro de que por aí vinha uma recessão. Julho revelou-se um mês particularmente tumultuoso para esta classe de activos (-13%), com o indicador já citado a visitar os níveis mais baixos em 14 anos e a registar uma das dez maiores quedas mensais em 45 anos.
O Goldman Sachs tem uma interessante teoria sobre as causas deste comportamento, citada pelo blogue financeiro do Financial Times: as matérias-primas atravessam um ciclo negativo que se auto-alimenta. A menor procura da China por matérias-primas (o país representa cerca de 50% do consumo mundial de metais e carvão, segundo o Banco Mundial ) colocou pressão para a descida dos preços. A deflação resultante colocou mais dinheiro na mão dos consumidores dos países importadores de "commodities", como os EUA. O que impulsionou a economia americana, conduzindo a uma valorização do dólar, perante as expectativas de uma subida das taxas de juro.
O ciclo continua: a valorização do dólar e a subida das taxas de juro estão a agravar os custos de financiamento externo dos países produtores e da generalidade dos emergentes, entre eles a China, que ficam assim pressionados a reduzir a dívida e o investimento. O arrefecimento destas economias trava a procura por matérias-primas, o que conduz à sua desvalorização, voltando-se ao início do ciclo.
Uma das chaves para este processo, que se vem desenhando há mais de uma década, é a transformação em curso na economia chinesa, com o crescimento a assentar cada vez menos no aumento do investimento em capacidade produtiva e infra-estruturas e mais no consumo. O contributo do investimento para o PIB terá caído de 50% para 15% no primeiro trimestre, segundo o Goldman Sachs.
Este ciclo está na prática a operar uma transferência de riqueza dos países exportadores para os importadores de matérias-primas. Isso é positivo para Portugal e outros países que se incluem na segunda categoria, onde está também, por exemplo, a Índia. O reverso é uma queda das exportações nas nações produtoras, aumento do desemprego e crises cambiais (o real, o rublo e o peso colombiano desvalorizam mais de 10% contra o dólar desde Maio). Mas, salvo uma ou outra excepção, os países emergentes estão mais preparados para aguentar o embate do que no passado.
03 Agosto 2015, 09:57 por André Veríssimo | averissimo@negocios.pt
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