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Mudança: os “corsários” do Funchal
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Mudança: os “corsários” do Funchal
Há três anos, feitos no final do mês passado, o Funchal conheceu um novo governo municipal liderado pelo PS e outros partidos tais como o BE, o PTP, o PAN, o MPT e o extinto PND que me indicara, tendo sido eleito autarca da Assembleia Municipal. Paulo Cafôfo foi a escolha “independente” final, sobre o qual recaiu a liderança da lista, apesar de não ter sido a “primeira opção”, por manifesta recusa de ilustres figuras “independentes” inicialmente sondadas, mas que, mais avisadas, pareciam prever o futuro tenebroso daquela coligação, que se veio infelizmente a concretizar num Funchal abandonado dos nossos dias. O projecto a que se convencionou chamar de Mudança, foi o improvável vencedor e arrebatou por uma unha negra, a maior câmara do então arquipélago de Alberto João Jardim.
O ambiente político da altura caracterizava-se por uma extenuante fadiga da figura de Jardim, e de qualquer pupilo por ele aditivado, como foi disso exemplo, a candidatura de Bruno Pereira ao Funchal, após ter “largado” Albuquerque - do qual era seu Vice-Presidente na autarquia - e cedido aos desamores de Jardim para com o seu abandonado ex-delfim aparentado com Cristo, mas desalinhado com o todo-poderoso “dono-disto-tudo” que o ostracizou. Além do mais, para compor o ramalhete do cansaço para com a direita e o PSD, estávamos em pleno ambiente da férrea austeridade de Passos Coelho, somado à canga fiscal da PAEF madeirense, que em nada ajudava a candidatura de Bruno Pereira ao Funchal. Ou seja, o ambiente era propício, quer no plano nacional e regional com idiossincrasias rendilhadas, a que qualquer “outsider” levado em andor por um conjunto alargado de partidos de protesto, tivesse aspirações de fazer mossa ao então poder hegemónico (e personalizado) do PSD-Madeira, em manifesto declínio.
E o sonho foi tornado realidade, mas logo transformado em pesadelo. O ex-vice-coordenador do Sindicato dos Professores da Madeira e vice-presidente do “Laboratório de Ideias” do PS-Madeira, chegava assim à presidência da Câmara Municipal do Funchal alavancado por um punhado de pequenos partidos e uma grande dose de sentimento anti-Jardim. Por outras palavras, mais um docente era catapultado do trampolim político, que é aquela estrutura sindical, transformada desde há muito, numa autêntica incubadora de políticos. O êxtase pela transformação do paradigma e das primeiras brechas significativas do PSD-Madeira nessas eleições autárquicas, eram notícia nacional. Os dias da “Mudança”, davam assim os primeiros passos no ambiente de erosão do bastião alaranjado da Madeira e de forma contundente com a perda da capital que se esvaia por entre os dedos, precipitando-se para uma “geringonça local”.
Contudo, cedo foi notório que o gatinhar não seria fácil. Tanto para mais, que os “gatos” eram muitos dentro da saca, assim como o delicado equilíbrio do protagonismo do auto-deslumbramento mediático. Assim, e em apenas seis meses, o líder da Mudança decapitou três vereadores da sua equipa, mais o bónus da então presidente da Assembleia Municipal, eleita igualmente na mesma lista vencedora. O motim fora desta vez orquestrado pelo próprio timoneiro do barco, que atirou borda fora duma só vez, quatro elementos da sua própria equipa. Se há uns, que mantêm a verticalidade perante certos comportamentos, outros porém, chafurdam alegremente na efémera oportunidade de poder, que de outro modo mais polido, jamais alcançariam. Isso explica como até hoje sobrevivam naquela pequena política, à custa duma cidade em sofrimento, e paralisada, apenas mascarada pela propaganda densamente difundida.
Enquanto os pequenos partidos se deslumbram coligados, o PS-Madeira dá mostras das suas crónicas fragilidades de liderança e sectarismo autofágico. Cafôfo empregou alguns dos seus correlegionários no hospedeiro em que se tornou o universo da maior autarquia da Madeira. A outros permitiu destaque e visibilidade. Cada um com diferentes níveis de contentamento, a que em troca, deixaram de protestar nos pequenos feudos onde andam de mãos-dadas, fazendo vista grossa às distorções que antes ruidosamente assinalavam, ou distribuíam vozes e “flyers” de protesto junto à porta na hora da saída dos funcionários autárquicos. Hoje, esse papel está confinado à única força de esquerda que se mantém erecta: os laboriosos comunistas, enquanto as cigarras da Mudança, se refastelam no pequeno sofá onde se alaparam. Se o sindicato foi uma rampa de lançamento para uma câmara, essa câmara pode fomentar outros horizontes? Claro que sim. E andamos nisto, numa cidade mais suja e descuidada, mas com uma propaganda que distorce a realidade. E vamos ter muito mais desta receita daqui para a frente, pois o 2017 das novas eleições autárquicas, aproxima-se. O fervor parasitário dos “boys” e “girls” no aparelho de Estado, não se resume à tradicional hegemonia social-democrata da ilha. Os novos senhores regedores nestes três anos, cuidaram de atender aos seus apaniguados políticos. O penico é outro, mas a pestilência fétida tresanda.
Apaguem as memórias de Março de 2015, quando a reedição da Mudança nas últimas eleições regionais ficou-se pelo desastre, com o PS-Madeira reduzido a 5 deputados num universo de 46 parlamentares na actual configuração da Assembleia Legislativa da Madeira, da responsabilidade do - “arquitecto” da Mudança - o anterior líder do PS que conduziu aquele partido a mínimos históricos. Carreguem naquilo em que se especializaram: propaganda. O desfile nunca parou, mas vai acontecer quase todos os dias, com um orçamento esculpido à medida. A Câmara do Funchal já é pequena para tanta ambição. O assalto é ao PS-Madeira e à Quinta Vigia. O Funchal resume-se a mais um trampolim. O mundo que se cuide. As viagens preparatórias de futuras incursões já começaram, desde a Namíbia à Argentina e estes “corsários” espumam sedentos, nos intervalos das breves ausências do sorriso enganador.
Donato Macedo
Diário de Notícias da Madeira
Quarta, 5 de Outubro de 2016
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