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A escolha carismática
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A escolha carismática
Desde setembro de 1276 que nenhum português foi escolhido para a responsabilidade universal que nesta data, de um século sem bússola, pertence à, em mais de um aspeto, paralisada ONU. Foi naquela data que os pios líderes do Sacro Colégio, por sugestão do cardeal Orsini, elegeram o sábio Pedro Julião para ocupar a cadeira de Pedro, com o nome, que adotou de João XXI, o único Papa português, que Dante não se esqueceria de mencionar. Natural de Lisboa, dedicado à medicina, disciplina sobre a qual publicou trabalhos, mas sobretudo notabilizado pelo largamente divulgado Summulae Logicales. Morreu de desastre em 20 de maio de 1277, quando no seu observatório estudava as estrelas, tendo uma penosa agonia de seis dias. Entretanto dedicara-se a estabelecer a confiança e a paz entre os príncipes europeus, procurando uni-los para uma cruzada, inquieto com o imperativo de levar a boa nova a todas as criaturas. Era o globalismo do tempo, pouco pacífico, como hoje acontece, e designadamente tendo como desafio o avanço dos muçulmanos.
Depois disso, nenhum português ocupou um posto de proeminência equiparável, como o engenheiro Guterres ao ser eleito para secretário-geral das Nações Unidas, passando pelo exame minucioso de um colégio menos assistido pelo Espírito Santo por ser o colégio chamado Conselho de Segurança, em que os interesses individualizados dos Estados membros necessitam de encontrar um acordo razoável sobre os seus objetivos nacionais que permita à ONU dedicar-se, se possível, ao interesse do mundo único e da terra casa comum de todos os homens. É por serem estas as realidades que o elemento definitivo do triunfo do engenheiro Guterres não dependeu tanto do peso e da intervenção de Portugal e seus agentes na cena internacional, e do apoio unânime e gratificante de todas as tendências políticas e cargos portugueses que devotada e patrioticamente o apoiaram, mas antes da personalidade independente e sabedora que demonstrou ao longo de uma vida meritória ao serviço daqueles pressupostos que a ONU tem servido com dificuldade umas vezes, com esquecimento bem lembrado outras, e que a situação mundial espera reanimados, retirada a organização do pousio que não pode alastrar sem grave prejuízo.
Por sinais evidentes e de fácil reconhecimento, entre os estadistas atualmente responsáveis não é fácil encontrar dirigentes da dimensão dos que tentaram evitar no futuro desastre equivalente ao da última guerra mundial; tal situação obriga a reconhecer que o engenheiro Guterres mereceu a confiança e a responsabilidade que lhe foi entregue pelo carisma pessoal que granjeou ao longo de uma dedicação pouco vulgar aos interesses comuns da humanidade. Sobretudo aos atingidos pelas desigualdades, que, por exemplo, devem muito estudo a Thomas Pikett e Anthony Atkinson, e levam John Micklechwait e Adrian Woolhidge a meditar sobre a corrida global para reinventar o Estado. Uma necessidade que se reforça com o comportamento verificado na intervenção da União Europeia, tendo sobretudo como intervenientes o presidente da Comissão e a chanceler da Alemanha, que prestaram, pelo menos, o serviço de chamar a atenção para a necessidade de apoiar a ONU nesta primeira, útil e histórica experiência de iniciar o processo da transparência e não transigir com distorções.
Assim como é um orgulho nacional ter possuído um Papa notável, que se chamou João XXI, para tirar disso estimulo e não proveito específico, também agora o orgulho nacional, com o facto de ser português um secretário-geral da ONU, deve estimular o esforço nacional que as difíceis circunstâncias em que vivemos exigem, sem esquecer que, tal como o Papa estava encarregado de levar a boa-nova a todo o inquieto mundo, o secretário-geral tem de cuidar de levar o apoio a todos os povos à recuperação, por isso, da ordem mundial em crise aguda, para que todos não apenas acreditem mas pratiquem finalmente os lembrados dois princípios que são pressupostos da Carta da ONU. Não lhe vão faltar dificuldades, mas não lhe faltam nem experiência, nem saber, nem princípios. Nisto assenta a confiança e o júbilo com que foi pela ONU eleito e pelos povos acolhido: pelo carisma. O que permite ter esperança de que a sua palavra seja suficientemente ouvida para que, mais eficaz do que o poder político de cada Estado membro, estes compreendam a exigência de respeitar e sustentar o princípio do mundo único.
12 DE OUTUBRO DE 2016
00:00
Adriano Moreira
Diário de Notícias
Depois disso, nenhum português ocupou um posto de proeminência equiparável, como o engenheiro Guterres ao ser eleito para secretário-geral das Nações Unidas, passando pelo exame minucioso de um colégio menos assistido pelo Espírito Santo por ser o colégio chamado Conselho de Segurança, em que os interesses individualizados dos Estados membros necessitam de encontrar um acordo razoável sobre os seus objetivos nacionais que permita à ONU dedicar-se, se possível, ao interesse do mundo único e da terra casa comum de todos os homens. É por serem estas as realidades que o elemento definitivo do triunfo do engenheiro Guterres não dependeu tanto do peso e da intervenção de Portugal e seus agentes na cena internacional, e do apoio unânime e gratificante de todas as tendências políticas e cargos portugueses que devotada e patrioticamente o apoiaram, mas antes da personalidade independente e sabedora que demonstrou ao longo de uma vida meritória ao serviço daqueles pressupostos que a ONU tem servido com dificuldade umas vezes, com esquecimento bem lembrado outras, e que a situação mundial espera reanimados, retirada a organização do pousio que não pode alastrar sem grave prejuízo.
Por sinais evidentes e de fácil reconhecimento, entre os estadistas atualmente responsáveis não é fácil encontrar dirigentes da dimensão dos que tentaram evitar no futuro desastre equivalente ao da última guerra mundial; tal situação obriga a reconhecer que o engenheiro Guterres mereceu a confiança e a responsabilidade que lhe foi entregue pelo carisma pessoal que granjeou ao longo de uma dedicação pouco vulgar aos interesses comuns da humanidade. Sobretudo aos atingidos pelas desigualdades, que, por exemplo, devem muito estudo a Thomas Pikett e Anthony Atkinson, e levam John Micklechwait e Adrian Woolhidge a meditar sobre a corrida global para reinventar o Estado. Uma necessidade que se reforça com o comportamento verificado na intervenção da União Europeia, tendo sobretudo como intervenientes o presidente da Comissão e a chanceler da Alemanha, que prestaram, pelo menos, o serviço de chamar a atenção para a necessidade de apoiar a ONU nesta primeira, útil e histórica experiência de iniciar o processo da transparência e não transigir com distorções.
Assim como é um orgulho nacional ter possuído um Papa notável, que se chamou João XXI, para tirar disso estimulo e não proveito específico, também agora o orgulho nacional, com o facto de ser português um secretário-geral da ONU, deve estimular o esforço nacional que as difíceis circunstâncias em que vivemos exigem, sem esquecer que, tal como o Papa estava encarregado de levar a boa-nova a todo o inquieto mundo, o secretário-geral tem de cuidar de levar o apoio a todos os povos à recuperação, por isso, da ordem mundial em crise aguda, para que todos não apenas acreditem mas pratiquem finalmente os lembrados dois princípios que são pressupostos da Carta da ONU. Não lhe vão faltar dificuldades, mas não lhe faltam nem experiência, nem saber, nem princípios. Nisto assenta a confiança e o júbilo com que foi pela ONU eleito e pelos povos acolhido: pelo carisma. O que permite ter esperança de que a sua palavra seja suficientemente ouvida para que, mais eficaz do que o poder político de cada Estado membro, estes compreendam a exigência de respeitar e sustentar o princípio do mundo único.
12 DE OUTUBRO DE 2016
00:00
Adriano Moreira
Diário de Notícias
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