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Resgate, já!
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Resgate, já!
Estratégia económica? Nenhuma. Nada do que consta no OE de incentivo ao crescimento económico é suscetível de ser credível.
Não me refiro a um resgate financeiro, esse tem encontro inevitável com o nosso destino, dependendo o ‘timing’ apenas das condições económicas mundiais, visto a divergência nas taxas de juro da dívida pública nacional relativamente às demais ser um dos prenúncios. Inevitável se Portugal não for resgatado da mediocridade política que nos assola há décadas, onde o Parlamento é o antro central da corrupção, guiado por interesses financeiros pessoais, que têm como intermediários os aparelhos partidários que escolhem a dedo os facilitadores das negociatas.
Resgatado de um eleitorado clubista, onde pouco importa os actos mas sim a cor da camisola, onde a autocrítica e o debate de ideias contrárias às do partido raramente encontram um espaço sadio – quem não está com eles é do inimigo desde que nasceu. É neste “seguidismo” que a podridão política vive impunemente.
Recentemente ficamos a conhecer o Orçamento de Estado (OE) para 2017. Globalmente, é baralhar e volta a dar. Há uma ligeira mudança ideológica da geringonça em relação à PàF, com alguma intenção de humanidade no auxílio aos mais carenciados, no entanto é dentro de uma ótica assistencialista e não construtiva, sendo que os montantes (esmolas) envolvidos resultam numa operação ineficaz de retirar quem quer que seja da pobreza, ou de devolver a esperança.
Na sua estrutura o OE segue na linha de cobrar tudo o que “mexe”. Neste caso, desde que não seja IRS ou IVA vale tudo. É um aumento de impostos ligeiro, mais discriminatório em medidas pontuais, mas que no final atinge todos. Vão buscar de um lado para suprimir a falta de receitas derivada do fraco crescimento económico. Estratégia económica? Nenhuma. Nada do que consta no OE de incentivo ao crescimento económico é suscetível de ser credível, quanto mais capaz de fazer alguma diferença relevante. O pacote de recapitalização das empresas é uma fantochada para acólito beber, é navegação à vista à espera de bons ventos.
Confiar à banca um papel fundamental no financiamento da economia é não ter, ou não querer ter, a mínima noção das enormes dificuldades que o setor atravessa e que vai ter de ultrapassar, pelo menos até 2019, com mais exigência ao nível do capital regulatório devido à IFRS 9 e ao Basileia III. A estratégia de manipulação está ao melhor (pior) nível do anterior governo. Muitas afirmações perentórias, muita semântica e muita criatividade na criação de uma ilusória envolvente económica externa e interna capaz de cumprir com um objetivo imposto a priori por uma agenda partidária.
O mundo vive dias de enorme incerteza económica e política, e são diversos os candidatos a despoletar a próxima fase de crise dentro do ciclo económico recorrente. Internamente, só o Presidente da República aparece como um feixe de esperança, o único a preocupar-se com o fundamental, isto é, com um crescimento económico robusto, pois só este reduz sustentavelmente as desigualdades sociais e produz um futuro melhor. Mas Marcelo não chega se os demais intervenientes políticos continuarem a violar ostensivamente as regras básicas da decência e da confiança em si depositada. Não vale tudo. As fundações de um povo são os seus princípios, não as pessoas nem as cores. Sem princípios não há futuro e, tal como afirmou Abraham Lincoln, “os princípios mais importantes podem e devem ser inflexíveis”.
Marco Silva, Financeiro
00:05
Jornal Económico
Não me refiro a um resgate financeiro, esse tem encontro inevitável com o nosso destino, dependendo o ‘timing’ apenas das condições económicas mundiais, visto a divergência nas taxas de juro da dívida pública nacional relativamente às demais ser um dos prenúncios. Inevitável se Portugal não for resgatado da mediocridade política que nos assola há décadas, onde o Parlamento é o antro central da corrupção, guiado por interesses financeiros pessoais, que têm como intermediários os aparelhos partidários que escolhem a dedo os facilitadores das negociatas.
Resgatado de um eleitorado clubista, onde pouco importa os actos mas sim a cor da camisola, onde a autocrítica e o debate de ideias contrárias às do partido raramente encontram um espaço sadio – quem não está com eles é do inimigo desde que nasceu. É neste “seguidismo” que a podridão política vive impunemente.
Recentemente ficamos a conhecer o Orçamento de Estado (OE) para 2017. Globalmente, é baralhar e volta a dar. Há uma ligeira mudança ideológica da geringonça em relação à PàF, com alguma intenção de humanidade no auxílio aos mais carenciados, no entanto é dentro de uma ótica assistencialista e não construtiva, sendo que os montantes (esmolas) envolvidos resultam numa operação ineficaz de retirar quem quer que seja da pobreza, ou de devolver a esperança.
Na sua estrutura o OE segue na linha de cobrar tudo o que “mexe”. Neste caso, desde que não seja IRS ou IVA vale tudo. É um aumento de impostos ligeiro, mais discriminatório em medidas pontuais, mas que no final atinge todos. Vão buscar de um lado para suprimir a falta de receitas derivada do fraco crescimento económico. Estratégia económica? Nenhuma. Nada do que consta no OE de incentivo ao crescimento económico é suscetível de ser credível, quanto mais capaz de fazer alguma diferença relevante. O pacote de recapitalização das empresas é uma fantochada para acólito beber, é navegação à vista à espera de bons ventos.
Confiar à banca um papel fundamental no financiamento da economia é não ter, ou não querer ter, a mínima noção das enormes dificuldades que o setor atravessa e que vai ter de ultrapassar, pelo menos até 2019, com mais exigência ao nível do capital regulatório devido à IFRS 9 e ao Basileia III. A estratégia de manipulação está ao melhor (pior) nível do anterior governo. Muitas afirmações perentórias, muita semântica e muita criatividade na criação de uma ilusória envolvente económica externa e interna capaz de cumprir com um objetivo imposto a priori por uma agenda partidária.
O mundo vive dias de enorme incerteza económica e política, e são diversos os candidatos a despoletar a próxima fase de crise dentro do ciclo económico recorrente. Internamente, só o Presidente da República aparece como um feixe de esperança, o único a preocupar-se com o fundamental, isto é, com um crescimento económico robusto, pois só este reduz sustentavelmente as desigualdades sociais e produz um futuro melhor. Mas Marcelo não chega se os demais intervenientes políticos continuarem a violar ostensivamente as regras básicas da decência e da confiança em si depositada. Não vale tudo. As fundações de um povo são os seus princípios, não as pessoas nem as cores. Sem princípios não há futuro e, tal como afirmou Abraham Lincoln, “os princípios mais importantes podem e devem ser inflexíveis”.
Marco Silva, Financeiro
00:05
Jornal Económico
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