O Orçamento, a esquerda e o novo resgate

A esquerda aprovou o primeiro Orçamento do Estado mais de 40 anos depois do 25 de Abril de 1974.

O debate na especialidade arranca hoje e deverá servir de pretexto para introduzir medidas que irão penalizar ainda mais a classe média, como o novo imposto sobre o património, proposto pelo PCP. Aquilo que falhou à esquerda no tempo do PREC, porque contou com a oposição do PS de Mário Soares, deve ser agora alcançado com o apoio do PS de António Costa. Assiste-se à proletarização do país, com a tentativa de nivelamento por baixo da sociedade e a quase criminalização de quem poupa ou ganha um pouco mais. 

A palavra de ordem voltou a ser “os ricos que paguem a crise”, com os ricos, à falta de melhor, a começarem em quem ganha 1.500 ou 2.000 euros mensais. O país já é visto com desconfiança a nível internacional e os próximos tempos serão determinantes para confirmar ou não essa desconfiança. A intenção de PCP e Bloco de Esquerda avançarem para a renegociação da dívida deverá, se o PS aderir, abrir mais uma brecha no já frágil equilíbrio do país na Europa. Os mercados de dívida pública estão atentos e, apesar do sobe-e-desce, as ‘yields’ da dívida a 10 anos mantêm-se ao nível de Agosto de 2014. 

O aprofundamento do processo iniciado por este Governo poderá obrigar o país à necessidade de pedir novos sacrifícios à população ou, se tudo correr mal, a um novo pedido de ajuda externa. 

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Económico