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Mensagem por Admin Sáb Out 29, 2016 10:28 am

A alimentação é a base da nossa saúde. Teoricamente, é onde é necessário investir, mas na prática, não é isso que se verifica. Todos os anos os números do excesso de peso e obesidade aumentam, o mesmo acontecendo de forma assustadora com os da diabetes e doenças cardiovasculares, que continuam a ocupar o primeiro lugar nas causas de morte no nosso País. Quando confrontados com esta constatação, os agentes políticos e de saúde reagem logo, referindo mais uma vez o mesmo, que é preciso intervir na raiz do problema, que há que aumentar a prevenção do aparecimento da doença, que é mais vantajoso para todos, Estado e utentes, que a prevenção seja feita de forma efetiva e continuada. Então se todos concordamos que o caminho a seguir é o da prevenção da doença porque não o fazemos? Qual o entrave que nos desvia da direcção certa e deixa a prevenção na prateleira mais baixa das políticas de Saúde? A prevenção é essencial mas é uma aposta a longo prazo, ou seja, o trabalho a ser feito hoje só trará resultados daqui a uns anos, e todos sabemos a enorme pressão que existe com os números. Apostar na prevenção significa menos horas de gabinete e consultas e mais tempo na comunidade e mais horas dedicadas a ensinar. Sim, ensinar. Lá porque o analfabetismo é residual em Portugal não significa que o grau de literacia seja por sua vez elevado. Podem fazer sites, blogs e encher as pessoas de papelada com informação, mas quando não se entende o que está lá escrito os resultados de tais acções irão ter zero resultados práticos! E é aqui que a actuação é necessária, senão vão continuar a proibir as bananas e as uvas aos diabéticos, os cereais aos obesos, as gorduras aos doentes cardíacos, e pronto, caso arrumado! Isto não é solução, há que “perder” tempo a ensinar a população e os doentes, não vamos proibir tudo porque é mais fácil, vamos sim capacitar a nossa população para saber fazer escolhas básicas e saudáveis no seu dia-a-dia. Isto é prevenir doença, isto é dar saúde à população. No imediato os números podem cair e não serem os mais bonitos para um gestor ver, mas no futuro a poupança será enorme, e a qualidade de vida melhor. O caminho é este.

O documento “A Saúde dos Portugueses”, publicada em 2015, pela Direção-Geral da Saúde, diz-nos que o estudo “Global Burden of Disease”, feito à escala mundial, conclui que “em Portugal, os factores de risco que mais contribuem para o total de anos de vida saudável perdidos pela população portuguesa são os hábitos alimentares inadequados (19%), hipertensão arterial (17%), o excesso de peso e a obesidade (13%), para além do tabagismo (11%) e que estes são os principais fatores de risco, muitas vezes modificáveis e, por isso, evitáveis para as doenças oncológicas, do aparelho circulatório, e para um grupo de doenças constituído por diabetes e outras (endócrinas, hematológicas e doenças do aparelho genito-urinário)”. Estamos à espera de quê?

É necessário vontade para mudar paradigmas. Precisamos de estar unidos e a trabalhar para o mesmo fim, profissionais de saúde, professores e educadores, autarquias e empresas. Não faremos nada sem existir vontade política. Precisamos com urgência de uma política de saúde eficiente na área da prevenção de todas as doenças ligadas com a alimentação! Prevenção já!

JOANA SILVA AFONSO / 29 OUT 2016 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
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