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EDUCAÇÃO: E nós cidadãos não temos direito?
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EDUCAÇÃO: E nós cidadãos não temos direito?
Para que é que um cidadão se sacrifica a tirar uma licenciatura se, quando chega ao mercado de trabalho, vê as regras do jogo viciadas e as juventudes partidárias e outras capelinhas a decidirem tudo?
Não me surpreende que o Bloco de Esquerda queira a manutenção deste Governo por muitos anos, pois talvez seja a única forma de sentir algum poder, mas isso não é motivo para que comecem já a tirar o poder aos cidadãos. Lev Trotski, o seu guia ideológico, só o fez depois de, com Vladimir Lénine, impor uma “ditadura do proletariado”.
Diz o deputado do Bloco de Esquerda Jorge Costa que o caso das licenciaturas falsas de Nuno Félix, chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, “está encerrado”. E passo a citar o Observador: “As pessoas que falsearam dados sobre as suas licenciaturas foram identificadas, afastaram-se ou foram afastadas e, portanto, parece-me que é um caso que não tem muito mais a acrescentar”, disse o dirigente à margem das Jornadas Parlamentares do Bloco de Esquerda”.
A explicação para tal é que (imaginem!) “a direita não tem propriamente grandes créditos para vir fazer esse tipo de exigências, porque não há ninguém que não se recorde do tempo em que o ministro Miguel Relvas ficou no seu lugar, num caso que dispensa que o evoquemos e expliquemos”.
Não quero de forma nenhuma justificar Miguel Relvas, mas é preciso recordar que este último acabou por abandonar o governo (tarde, mas demitiu-se), enquanto que, antes, um primeiro-ministro socialista, José Sócrates, nem sequer saiu pelo próprio pé depois de se ter conhecido a forma muito duvidosa como obtivera o seu diploma universitário.
O principal aqui é que, além das “forças de direita”, há cidadãos como eu que consideram que este caso não está encerrado, porque nada, nem ninguém nos garante que Nuno Félix e Raul Roque, ex-assessor do primeiro-ministro António Costa, sejam os únicos. Se não fosse a imprensa a denunciar (neste caso concreto, o Observador), esses dois jovens até poderiam ir muito longe.
O problema não está no facto de eles não terem terminado a universidade, mas no facto de terem falsificado dados e mentirem ao país. Não duvido que no Código Penal Português haja um artigo que puna actos semelhantes aos cometidos por Nuno Félix e por Raul Roque.
É de salientar que, num mundo em que existe a Internet, as redes sociais, a imprensa (sim, pode-se dizer muito mal desta, e há razões para isso, mas ainda mexe e remexe), etc., Nuno Félix e Raul Roque, tal como Relvas e Sócrates antes, não recearam ser desmascarados. Este sentimento de impunidade é muito perigoso.
Penso que isto tem a ver também com a posição conformada, fatalista, de muitos cidadãos portugueses que acham que “todos os políticos são iguais”, ou até que, por vezes, até os passam a admirar porque “são mais espertos”. Num país civilizado, pessoas como as citadas teriam vergonha de sair à rua, mas, no nosso, pelos vistos, até fazem lançamentos de livros e arrastam multidões.
Estas situações são ainda mais amorais quando, ao mesmo tempo, vemos uma jovem que não pode estudar Medicina em Portugal com uma média de 17,3 valores e escreve ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa em acto de desespero. Depois, devido à falta de médicos, temos de fechar centros de saúde ou importar especialistas cubanos.
São casos como estes que colocam em causa um princípio fundamental da democracia: a igualdade de oportunidades. O cidadão até pode ser muito inteligente e competente, mas, porque cumpre as regras previstas na lei, é ultrapassado por “chicos espertos” que falsificam currículos e diplomas.
Mas para que é que um cidadão se anda a sacrificar para tirar uma licenciatura, um mestrado ou um doutoramento se, depois, quando chega ao mercado de trabalho, vê que as regras do jogo estão viciadas, que as juventudes partidárias ou outras capelinhas e corporações é que decidem tudo? Onde estão os tão falados “elevadores sociais”, que deveriam permitir carreiras limpas e transparentes?
Jorge Costa: frequentemente na História a sede de poder levou à mudança de ideias e de meios de actuação, à demagogia e ao populismo. Por isso eu, enquanto cidadão português, não quero que o caso seja encerrado, antes que seja levado até ao fim, para que sirva de lição a outros “chicos espertos”, estrato social numeroso no nosso país.
José Milhazes
30/10/2016, 0:09
Observador
Não me surpreende que o Bloco de Esquerda queira a manutenção deste Governo por muitos anos, pois talvez seja a única forma de sentir algum poder, mas isso não é motivo para que comecem já a tirar o poder aos cidadãos. Lev Trotski, o seu guia ideológico, só o fez depois de, com Vladimir Lénine, impor uma “ditadura do proletariado”.
Diz o deputado do Bloco de Esquerda Jorge Costa que o caso das licenciaturas falsas de Nuno Félix, chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, “está encerrado”. E passo a citar o Observador: “As pessoas que falsearam dados sobre as suas licenciaturas foram identificadas, afastaram-se ou foram afastadas e, portanto, parece-me que é um caso que não tem muito mais a acrescentar”, disse o dirigente à margem das Jornadas Parlamentares do Bloco de Esquerda”.
A explicação para tal é que (imaginem!) “a direita não tem propriamente grandes créditos para vir fazer esse tipo de exigências, porque não há ninguém que não se recorde do tempo em que o ministro Miguel Relvas ficou no seu lugar, num caso que dispensa que o evoquemos e expliquemos”.
Não quero de forma nenhuma justificar Miguel Relvas, mas é preciso recordar que este último acabou por abandonar o governo (tarde, mas demitiu-se), enquanto que, antes, um primeiro-ministro socialista, José Sócrates, nem sequer saiu pelo próprio pé depois de se ter conhecido a forma muito duvidosa como obtivera o seu diploma universitário.
O principal aqui é que, além das “forças de direita”, há cidadãos como eu que consideram que este caso não está encerrado, porque nada, nem ninguém nos garante que Nuno Félix e Raul Roque, ex-assessor do primeiro-ministro António Costa, sejam os únicos. Se não fosse a imprensa a denunciar (neste caso concreto, o Observador), esses dois jovens até poderiam ir muito longe.
O problema não está no facto de eles não terem terminado a universidade, mas no facto de terem falsificado dados e mentirem ao país. Não duvido que no Código Penal Português haja um artigo que puna actos semelhantes aos cometidos por Nuno Félix e por Raul Roque.
É de salientar que, num mundo em que existe a Internet, as redes sociais, a imprensa (sim, pode-se dizer muito mal desta, e há razões para isso, mas ainda mexe e remexe), etc., Nuno Félix e Raul Roque, tal como Relvas e Sócrates antes, não recearam ser desmascarados. Este sentimento de impunidade é muito perigoso.
Penso que isto tem a ver também com a posição conformada, fatalista, de muitos cidadãos portugueses que acham que “todos os políticos são iguais”, ou até que, por vezes, até os passam a admirar porque “são mais espertos”. Num país civilizado, pessoas como as citadas teriam vergonha de sair à rua, mas, no nosso, pelos vistos, até fazem lançamentos de livros e arrastam multidões.
Estas situações são ainda mais amorais quando, ao mesmo tempo, vemos uma jovem que não pode estudar Medicina em Portugal com uma média de 17,3 valores e escreve ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa em acto de desespero. Depois, devido à falta de médicos, temos de fechar centros de saúde ou importar especialistas cubanos.
São casos como estes que colocam em causa um princípio fundamental da democracia: a igualdade de oportunidades. O cidadão até pode ser muito inteligente e competente, mas, porque cumpre as regras previstas na lei, é ultrapassado por “chicos espertos” que falsificam currículos e diplomas.
Mas para que é que um cidadão se anda a sacrificar para tirar uma licenciatura, um mestrado ou um doutoramento se, depois, quando chega ao mercado de trabalho, vê que as regras do jogo estão viciadas, que as juventudes partidárias ou outras capelinhas e corporações é que decidem tudo? Onde estão os tão falados “elevadores sociais”, que deveriam permitir carreiras limpas e transparentes?
Jorge Costa: frequentemente na História a sede de poder levou à mudança de ideias e de meios de actuação, à demagogia e ao populismo. Por isso eu, enquanto cidadão português, não quero que o caso seja encerrado, antes que seja levado até ao fim, para que sirva de lição a outros “chicos espertos”, estrato social numeroso no nosso país.
José Milhazes
30/10/2016, 0:09
Observador
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