Literacia ambiental

Um dos mais seguros sinais de civilização que hoje existe é o da qualidade do ambiente e das respetivas políticas. Um país que trata bem da sua paisagem e dos seus recursos naturais é um país que respeita a sua população, não só na saúde ambiental mas também na esfera social e dos direitos humanos em geral. Não admira que nos índices internacionais de desenvolvimento humano, os indicadores ambientais surjam com enorme destaque.

A política pública de ambiente nacional nasceu no consulado marcelista, em 1971, com a liderança esclarecida de José Correia da Cunha, mas consolidou-se, com recuos e ziguezagues, já no regime democrático. Existe uma profusão de documentos e relatórios oficiais, mas dificilmente se encontrará uma obra que, num só volume, ofereça uma visão tão completa sobre o estado da arte do ambiente no nosso país, em dez domínios fundamentais.

Da situação da qualidade da água para consumo humano à proteção do litoral e dos oceanos, passando pelo ordenamento do território, por políticas urbanas, conservação da natureza e da biodiversidade, energia e alterações climáticas, sem ser exaustivo. Essa obra intitula-se Portugal: Ambientes de Mudança. Erros, Mentiras e Conquistas. Será lançada hoje, em Lisboa. E a sua autora é a socióloga e jornalista Luísa Schmidt, que neste livro condensa grande parte do seu trabalho universitário (é investigadora do ICS, da Universidade de Lisboa) e o seu arguto sentido crítico, de cidadã preocupada com o bem comum e o futuro coletivo.

Este ensaio oferece ao leitor uma abundante informação sobre as mudanças ocorridas desde 1990 nas diferentes áreas temáticas já referidas, proporcionando um balanço analítico e um olhar prospetivo sobre as tendências futuras. Um valioso contributo para a nossa cultura cívica.

02 DE NOVEMBRO DE 2016
00:00
Viriato Soromenho Marques
Diário de Notícias