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O ocidente e o abismo “populista”
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O ocidente e o abismo “populista”
A imprensa europeia deveria centrar-se menos no cidadão comum e no seu voto nos populistas, e mais nos decisores políticos que contribuem para o risco de uma centralização europeia.
“O mundo à beira do abismo” é o título de um artigo na revista “Der Spiegel” alemã. A acompanhar o título vem uma imagem controversa que mostra Donald Trump, Viktor Orban, Nigel Farage, Marine Le Pen e Jaroslaw Kaczynski em uniformes nazis. Os autores descrevem as mudanças que ocorreram na Europa e advertem contra futuras decisões dos cidadãos da União Europeia. Na sua opinião, a tomada do poder na Hungria e na Polónia por populistas ameaça o resto do continente, onde esta tendência alastra e onde Marine Le Pen poderá representar o próximo passo para a queda do “ocidente”.
O artigo faz um resumo dos acontecimentos políticos resultantes das eleições norte-americanas e do Brexit, e realça o grande poder que o eleitor tem através do seu voto individual. Termina com um aviso, ressaltando a grande responsabilidade que o cidadão comum tem de tentar evitar que a cultura ocidental como a conhecemos caia no “abismo”. Este é um exemplo perfeito da verdadeira causa da profunda desilusão dos europeus com as políticas dos partidos ditos do “centro”. Como na Polónia se ouve com frequência, os “media ocidentais” deveriam virar o espelho para si mesmos e ver por que razão os cidadãos votam nos “populistas” referidos no início deste texto, em vez de ameaçar os mesmos com as consequências dos seus atos.
A Polónia, devido ao seu passado de constantes invasões do seu território e à proximidade com a Rússia, tem motivos reais para estar preocupada com as intenções dos vizinhos se a NATO falhar e a Ucrânia cair. Razão pela qual procura, há já algum tempo, diminuir a sua atual dependência do fornecimento de gás natural através do gasoduto Yamal, que liga a Rússia à Alemanha. Os polacos têm multiplicado os esforços políticos e diplomáticos na União Europeia para criar uma nova rota comercial de gás proveniente da Noruega, que poderia beneficiar outros países da Europa Central e até a Ucrânia, ainda mais dependente dos caprichos russos. Acordos iminentes entre a Comissão Europeia e a Gazprom russa para aumentar o volume de gás no gasoduto russo poderão prejudicar as intenções polacas e a nova rota vinda do norte.
A Comissão Europeia ainda não publicou a decisão para que os russos enviem mais gás para a Alemanha via Polónia mas, quando o fizer, os polacos vão contestar a decisão no Tribunal de Justiça da UE. Podem alegar o desrespeito do artigo 7º do Tratado Europeu sobre a coerência exigida nas decisões políticas europeias, ou invocar a diretiva 73/2009 sobre a necessidade de aumentar a concorrência para o bom funcionamento do mercado interno europeu.
Com bastante menos polémica do que a saída de Durão Barroso da presidência da União Europeia para o Goldman Sachs, o ex-primeiro-ministro alemão Gehard Schroeder foi contratado para a direção executiva da Gazprom russa após ter saído do governo. Como a preferência dos alemães vai para o gás russo e não para o norueguês, a questão agudiza-se e faz com que os polacos se sintam cada vez mais afastados do projeto europeu.
A imprensa europeia deveria centrar-se menos no cidadão comum e no seu voto (errado) nos populistas, e mais nos decisores políticos que contribuem para o risco de uma centralização europeia, com o seu centro geográfico cada vez mais rico, onde as periferias se tornam mais pobres, inseguras e esquecidas. Enquanto isso, os populismos aumentam e perfila-se uma “desunião europeia” no horizonte – com a Alemanha, a Holanda e a Bélgica, juntas, a olhar para a bandeira azul com cada vez menos estrelas.
Filipe Roque, Gestor
12:15
Jornal Económico
“O mundo à beira do abismo” é o título de um artigo na revista “Der Spiegel” alemã. A acompanhar o título vem uma imagem controversa que mostra Donald Trump, Viktor Orban, Nigel Farage, Marine Le Pen e Jaroslaw Kaczynski em uniformes nazis. Os autores descrevem as mudanças que ocorreram na Europa e advertem contra futuras decisões dos cidadãos da União Europeia. Na sua opinião, a tomada do poder na Hungria e na Polónia por populistas ameaça o resto do continente, onde esta tendência alastra e onde Marine Le Pen poderá representar o próximo passo para a queda do “ocidente”.
O artigo faz um resumo dos acontecimentos políticos resultantes das eleições norte-americanas e do Brexit, e realça o grande poder que o eleitor tem através do seu voto individual. Termina com um aviso, ressaltando a grande responsabilidade que o cidadão comum tem de tentar evitar que a cultura ocidental como a conhecemos caia no “abismo”. Este é um exemplo perfeito da verdadeira causa da profunda desilusão dos europeus com as políticas dos partidos ditos do “centro”. Como na Polónia se ouve com frequência, os “media ocidentais” deveriam virar o espelho para si mesmos e ver por que razão os cidadãos votam nos “populistas” referidos no início deste texto, em vez de ameaçar os mesmos com as consequências dos seus atos.
A Polónia, devido ao seu passado de constantes invasões do seu território e à proximidade com a Rússia, tem motivos reais para estar preocupada com as intenções dos vizinhos se a NATO falhar e a Ucrânia cair. Razão pela qual procura, há já algum tempo, diminuir a sua atual dependência do fornecimento de gás natural através do gasoduto Yamal, que liga a Rússia à Alemanha. Os polacos têm multiplicado os esforços políticos e diplomáticos na União Europeia para criar uma nova rota comercial de gás proveniente da Noruega, que poderia beneficiar outros países da Europa Central e até a Ucrânia, ainda mais dependente dos caprichos russos. Acordos iminentes entre a Comissão Europeia e a Gazprom russa para aumentar o volume de gás no gasoduto russo poderão prejudicar as intenções polacas e a nova rota vinda do norte.
A Comissão Europeia ainda não publicou a decisão para que os russos enviem mais gás para a Alemanha via Polónia mas, quando o fizer, os polacos vão contestar a decisão no Tribunal de Justiça da UE. Podem alegar o desrespeito do artigo 7º do Tratado Europeu sobre a coerência exigida nas decisões políticas europeias, ou invocar a diretiva 73/2009 sobre a necessidade de aumentar a concorrência para o bom funcionamento do mercado interno europeu.
Com bastante menos polémica do que a saída de Durão Barroso da presidência da União Europeia para o Goldman Sachs, o ex-primeiro-ministro alemão Gehard Schroeder foi contratado para a direção executiva da Gazprom russa após ter saído do governo. Como a preferência dos alemães vai para o gás russo e não para o norueguês, a questão agudiza-se e faz com que os polacos se sintam cada vez mais afastados do projeto europeu.
A imprensa europeia deveria centrar-se menos no cidadão comum e no seu voto (errado) nos populistas, e mais nos decisores políticos que contribuem para o risco de uma centralização europeia, com o seu centro geográfico cada vez mais rico, onde as periferias se tornam mais pobres, inseguras e esquecidas. Enquanto isso, os populismos aumentam e perfila-se uma “desunião europeia” no horizonte – com a Alemanha, a Holanda e a Bélgica, juntas, a olhar para a bandeira azul com cada vez menos estrelas.
Filipe Roque, Gestor
12:15
Jornal Económico
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