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MEMÓRIA. TAMBÉM HOMENAGEM O CANHÃO E AS GUERRAS
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MEMÓRIA. TAMBÉM HOMENAGEM O CANHÃO E AS GUERRAS
A “guerra” estava terminada por agora, porém daí a alguns anos voltariam a encontrar-se numa outra a sério por terras de África, ainda mais quentes que a vila velha em Agosto, à beira-Tejo.
Aí não se destruíam só “armas e bagagens”, sobretudo padeciam os homens.
Quando morre um amigo perdemos todos um pouco. E reflectimos!...
Perdemos um pouco da alegria descontente de estarmos vivos mas insatisfeitos com o mundo que tínhamos pensado muito melhor.
Perdemos um pouco da tristeza contente de estarmos em paz com a consciência num sistema global de areias movediças, tão diferente daquele que havíamos sonhado!
Lélio Quaresma Lobo, amigo de infância e camarada de guerra no Norte de Moçambique, professor ilustre na Universidade de Coimbra, deixou-nos no ano que finda. Aqui se recorda.
*
- Atenção! Lá vai fogo!
- Spicheee…..Pumf!
- Não vi cair nada! – descria o miúdo de cabelo encaracolado, corroborado pelo outro “assistente” moreno e magricela.
- Também não vi!...
Pelos montes de terra preta, arredondados pelos meses de erosão à espera de serem distribuídos pelos espaços-canteiros já desenhados na Avenida da Praia, os dois ganapos procuram em vão o “projéctil” concebido para o efeito.
Segundo o cálculo do jovem Lobo, promotor da experiência, deveria ter caído a uns trinta metros do disparo a partir do canhão em miniatura, feito à escala e trazido do estrangeiro pelo pai, sargento-artilheiro num navio da Marinha de Guerra.
A “sessão de tiro” decorria na varanda-terraço do 1º andar da casa dos avós paternos, cuja frente tinha uma porta alta de madeira com batente e duas janelas largas, uma de cada lado, rasgadas para a avenida marginal. O primeiro andar constituía uma água furtada com um horizonte aberto ao rio esplendoroso.
- Ná! Não “encontremes” nada! – o Pinto desistia da procura, camarro e pusilânime.
- Só se estiver no meio das ervas! – alvitrou o Luís, olhos grandes e sagazes, acreditando na “invenção” da amigo sapiente.
- Olha! Está aqui a primeira “bala”, achei! - exultava o Luís.
Estava desvendado o mistério da primeira tentativa. A rolha de borracha dura que era colocada na boca do canhão miniatura, estava junto ao canteiro fronteiro à casa familiar característica. Afinal só tinha percorrido cinco metros!
- Sabem, a distância depende da quantidade de explosivo, vou pôr um pouco mais! Prestem atenção!
- Spicheeeee…..! PAAMMF!
- Ena! Agora é que foi bom! A “bala” desapareceu!
- E o canhão partiu-se! He! He! He!
- Bolas! Foi de mais, dei cabo disto tudo!
O pequeno canhão imitando os utilizados nas caravelas da Idade Média, como mostrava a banda desenhada do “Cavaleiro Andante”que o Lélio emprestava à miudagem, abriu um rombo e ficou inutilizado.
A aventura acabava entre galhofa e gargalhadas solidárias à vista do “canhão” esventrado:
- Ho! Ho! Ho! Perdemos a guerra! – discorria o Luís com espírito.
- Ha! Ha! Ha! Não perdemos a guerra mas perdemos a batalha! Obrigado pela vossa colaboração.
- Foi os corsários contra os piratas! “Ganharem” os piratas! Hi! Hi! Hi!
- Não inventes! Corsários e piratas são a mesma coisa!
- Tens a mania! – o primeiro empurrão foi do Pinto, de surpresa. Refeito o Luís prepara o contra-ataque.
- Calma! Calma! Não quero aqui mais batalhas! Já viram como acabam!
Com o esclarecimento do amigo mais velho, concluía-se que piratas e corsários não eram exactamente a mesma coisa mas podia-se tomar como sinónimos.
*
A “guerra” estava terminada por agora, porém daí a alguns anos voltariam a encontrar-se numa outra a sério por terras de África, ainda mais quentes que a vila velha em Agosto, à beira-Tejo.
Aí não se destruíam só “armas e bagagens”, sobretudo padeciam os homens.
Nota: Texto adaptado do livro: “Da Guerra Nunca Se Volta”, em publicação.
Barreiro, 31/12/2016
Armando Sousa Teixeira
01.01.2017 - 12:31
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