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ROBÓTICA: A tomada pela máquina do trabalho de todos nós
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ROBÓTICA: A tomada pela máquina do trabalho de todos nós
Se a máquina tiver capacidade para a racionalizar a informação, consegue gerar um plano de trabalho e uma estratégia para o executar, ou seja, pode ser advogado, médico, contabilista ou electricista.
Em tempos muito recentes, por exemplo na revista da edição de 30 de Dezembro último do “Expresso”, os nossos “media” começaram finalmente a publicar sobre a tomada do trabalho pela máquina, uma das questões decisivas para todos nós, a curto prazo, porque implica a hipótese da perda massiva de emprego.
Infelizmente, uma parte importante do que tem sido publicado não trata com exactidão e clareza o ponto fundamental, o do que é exactamente, até ao momento, a máquina, quais as capacidades funcionais que pode ter, e que tipo de trabalho pode retirar a todos nós.
Partilhemos primeiro o que tem sido investigado sobre a automatização do trabalho. O que está em causa, fundamentalmente, e o que os nossos “media” não trabalham, são as capacidades de “big data” e de inteligência artificial.
No que se relaciona com “big data”, a conexão total e permanente entre gigantescas bases de dados detidas pelas mais diversas entidades, dos Estados às empresas, dos hospitais aos centros de investigação académica, permite reunir muito mais rapidamente informação de muito maior valor.
Este manancial de informação, que pode garantir um conhecimento mais profundo se for explorado, era até há muito pouco tempo difícil de trabalhar, exactamente porque era demasiado extenso e complexo. O que mudou tudo foi o muito recente aumento de capacidade da inteligência artificial, especialmente dos algoritmos, que são agora capazes de trabalhar esta informação massiva, e encontrar dados úteis, como por exemplo padrões. Ou seja, permitem obter conhecimento mais avançado.
O que é realmente, neste momento, a inteligência artificial e qual a sua capacidade real é um assunto de discussão intensa entre académicos, tecnólogos, governos e empresas.
Um dos académicos que mais tem trabalhado o tema, Nick Bostrom propõe o conceito de “superintelligence”, e a “The Economist”, numa das mais úteis investigações de síntese sobre o tema, “The Return of the Machinery Question“, prefere levar o foco para a “deep learning”, uma técnica de inteligência artificial que permite às máquinas ganharem e gerarem conhecimento a partir da análise das referidas bases de dados gigantescas, e não a partir de programação realizada por humanos.
Deste modo, independentemente de ninguém neste momento saber até onde poderá ir a inteligência artificial, e se poderá chegar à autonomia de pensamento, consciência e decisão, estamos já muito para além do “robot popular”, uma máquina com diversos tipos de extensões que executa tarefas programadas. O que existe agora, nos mais diversos sectores de produção, é uma máquina com conhecimento, que o pode aplicar num “robot”, sem dúvida, mas também num écran, num telemóvel, num programa informático, ou em qualquer outro instrumento preparado para interagir com um humano, e executar reflexões e tarefas de modo autónomo.
E é esta realidade que nos leva para a segunda questão fundamental, que é a da tomada do labor pela máquina. O conhecimento autónomo e acumulado de uma qualquer máquina que reúna as capacidades de trabalhar dados massivos e complexos pode – lhe permitir executar não só trabalho repetitivo, mas trabalho previsível.
O conceito de “trabalho previsível”, embora instável, é aquele que reúne, por agora, as preferências dos investigadores do tema. Essencialmente, trabalho previsível significa qualquer actividade produtiva que possa ser segmentada em padrões, e em linhas racionais e lineares que vão do problema, ou da tarefa, à sua resolução, ou execução.
Claramente, é este cenário que permite a hipótese cada vez mais sólida de um instrumento, qualquer que ele seja, substituir um humano. Na verdade, desde que a máquina tenha informação para analisar, e capacidade para a racionalizar, consegue gerar um plano de trabalho e uma estratégia para o executar. Ou seja, a máquina pode ser advogado, médico, contabilista, tradutor, electricista, escritor ou qualquer outro profissional.
Deste modo, se assim pode ser, há lugar para uma especulação racional, a de que se uma máquina conseguir “gerir” todas as equações pertencentes a uma actividade laboral ou produtiva, pode realmente substituir o trabalhador humano.
Esta possibilidade, que em algumas profissões e actividades é já uma realidade, levanta um número vasto de questões fundamentais, das quais destaco duas. A primeira é a de qual a educação académica, básica e superior, indicada nos próximos vinte anos para um cenário deste tipo. A segunda é a de que estudos sustentados os Estados, especialmente o nosso, estão a realizar sobre este tema.
José Vegar
10/1/2017, 8:10
Observador
Em tempos muito recentes, por exemplo na revista da edição de 30 de Dezembro último do “Expresso”, os nossos “media” começaram finalmente a publicar sobre a tomada do trabalho pela máquina, uma das questões decisivas para todos nós, a curto prazo, porque implica a hipótese da perda massiva de emprego.
Infelizmente, uma parte importante do que tem sido publicado não trata com exactidão e clareza o ponto fundamental, o do que é exactamente, até ao momento, a máquina, quais as capacidades funcionais que pode ter, e que tipo de trabalho pode retirar a todos nós.
Partilhemos primeiro o que tem sido investigado sobre a automatização do trabalho. O que está em causa, fundamentalmente, e o que os nossos “media” não trabalham, são as capacidades de “big data” e de inteligência artificial.
No que se relaciona com “big data”, a conexão total e permanente entre gigantescas bases de dados detidas pelas mais diversas entidades, dos Estados às empresas, dos hospitais aos centros de investigação académica, permite reunir muito mais rapidamente informação de muito maior valor.
Este manancial de informação, que pode garantir um conhecimento mais profundo se for explorado, era até há muito pouco tempo difícil de trabalhar, exactamente porque era demasiado extenso e complexo. O que mudou tudo foi o muito recente aumento de capacidade da inteligência artificial, especialmente dos algoritmos, que são agora capazes de trabalhar esta informação massiva, e encontrar dados úteis, como por exemplo padrões. Ou seja, permitem obter conhecimento mais avançado.
O que é realmente, neste momento, a inteligência artificial e qual a sua capacidade real é um assunto de discussão intensa entre académicos, tecnólogos, governos e empresas.
Um dos académicos que mais tem trabalhado o tema, Nick Bostrom propõe o conceito de “superintelligence”, e a “The Economist”, numa das mais úteis investigações de síntese sobre o tema, “The Return of the Machinery Question“, prefere levar o foco para a “deep learning”, uma técnica de inteligência artificial que permite às máquinas ganharem e gerarem conhecimento a partir da análise das referidas bases de dados gigantescas, e não a partir de programação realizada por humanos.
Deste modo, independentemente de ninguém neste momento saber até onde poderá ir a inteligência artificial, e se poderá chegar à autonomia de pensamento, consciência e decisão, estamos já muito para além do “robot popular”, uma máquina com diversos tipos de extensões que executa tarefas programadas. O que existe agora, nos mais diversos sectores de produção, é uma máquina com conhecimento, que o pode aplicar num “robot”, sem dúvida, mas também num écran, num telemóvel, num programa informático, ou em qualquer outro instrumento preparado para interagir com um humano, e executar reflexões e tarefas de modo autónomo.
E é esta realidade que nos leva para a segunda questão fundamental, que é a da tomada do labor pela máquina. O conhecimento autónomo e acumulado de uma qualquer máquina que reúna as capacidades de trabalhar dados massivos e complexos pode – lhe permitir executar não só trabalho repetitivo, mas trabalho previsível.
O conceito de “trabalho previsível”, embora instável, é aquele que reúne, por agora, as preferências dos investigadores do tema. Essencialmente, trabalho previsível significa qualquer actividade produtiva que possa ser segmentada em padrões, e em linhas racionais e lineares que vão do problema, ou da tarefa, à sua resolução, ou execução.
Claramente, é este cenário que permite a hipótese cada vez mais sólida de um instrumento, qualquer que ele seja, substituir um humano. Na verdade, desde que a máquina tenha informação para analisar, e capacidade para a racionalizar, consegue gerar um plano de trabalho e uma estratégia para o executar. Ou seja, a máquina pode ser advogado, médico, contabilista, tradutor, electricista, escritor ou qualquer outro profissional.
Deste modo, se assim pode ser, há lugar para uma especulação racional, a de que se uma máquina conseguir “gerir” todas as equações pertencentes a uma actividade laboral ou produtiva, pode realmente substituir o trabalhador humano.
Esta possibilidade, que em algumas profissões e actividades é já uma realidade, levanta um número vasto de questões fundamentais, das quais destaco duas. A primeira é a de qual a educação académica, básica e superior, indicada nos próximos vinte anos para um cenário deste tipo. A segunda é a de que estudos sustentados os Estados, especialmente o nosso, estão a realizar sobre este tema.
José Vegar
10/1/2017, 8:10
Observador
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