Medway comemora primeiro aniversário com resultados melhores do que as expectativas

A Medway (nome escolhido pela MSC Portugal para a antiga CP Carga) comemorou esta sexta-feira o seu primeiro aniversário de actividade com resultados melhores do que as expectativas mais optimistas. No jantar comemorativo, realizado no Pátio da Galé (Lisboa), Carlos Vasconcelos fez um balanço extremamente positivo deste primeiro ano.

A noite não estava pensada para grandes discursos ou grandes novidades - no seu discurso, Carlos Vasconcelos até optou por não falar em números, garantindo que os mesmos serão divulgados em breve - mas numa pequena conversa com a comunicação social, onde a CARGO esteve presente, o responsável máximo da MSC Portugal e da Medway adiantou alguns dados. Nomeadamente sobre a evolução dos resultados, que passaram de 11 milhões de euros negativos em 2015 para dois milhões em 2016. 

«Não estávamos à espera já de resultados positivos», assegurou Carlos Vasconcelos, acrescentando que a evolução ficou acima das suas expectativas mais optimistas, sobretudo graças ao aumento da actividade e ao aumento da eficiência. 

O responsável máximo da Medway lembrou ainda que, tal como prometido, não ocorreram despedimentos com a privatização da CP Carga e que até foram contratadas mais 16 pessoas, sobretudo para a área comercial, de forma a colmatar algumas lacunas. 

Sobre o crescimento que espera para a Medway, Carlos Vasconcelos salientou que o operador quer alcançar maior volume captando para a ferrovia cargas que hoje utilizam a rodovia. Ainda assim, salienta que os resultados foram bastante afectados com a crise na procura de cimento no Norte de África, com a qual a Medway terá perdido 400 mil toneladas em 2016.



Cinco comboios semanais 'ganhos' à Takargo

No mercado espanhol (e ibérico), a Renfe Mercancias é o principal player mas Carlos Vaconcelos recorda que o tráfego transfronteiriço nem é assim tão relevante para a Medway neste momento (cerca de 4% da quota total). Por isso, o mercado nacional continuará a ter papel de extrema importância e aí a Takargo é o principal rival. Apesar de reconhecer potencial de crescimento em Portugal para os dois operadores, Carlos Vasconcelos aproveitou para adiantar que a Medway acabou de 'ganhar' os tráfegos de madeiras entre Irivo e o Louriçal, que pertenciam à Takargo, e que dão um acrescento de cinco comboios semanais à Medway. 

Carlos Vasconcelos adiantou também que está previsto, para o próximo mês de Fevereiro, o lançamento de uma nova ligação semanal entre Portugal e Espanha.


Medway abre a porta a um maior universo de clientes

A Medway conseguiu aumentar o volume e a eficiência de operação durante o ano de 2016 e uma das chaves para esses feitos foi a abertura de portas a um universo maior de clientes de todas as dimensões. Assim, recorrendo à venda de espaços a diferentes clientes (e não comboios para um único cliente), permite que clientes de menor dimensão possam recorrer também à ferrovia. 

Entretanto, as quatro novas locomotivas, num investimento de 15 milhões de euros, deverão estar na operação da Medway já em Maio. 

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Na conversa com a comunicação social, aquando do jantar de comemoração do primeiro aniversário da Medway (ver AQUI), Carlos Vasconcelos alertou para algumas dificuldades relacionadas com as práticas da gestora da rede ferroviária, a Infraestruturas de Portugal (IP).

A principal crítica está relacionada a um custo elevado que a Medway teve em 2016, na ordem dos 600 mil euros, valor que foi pago à Infraestruturas de Portugal para a reserva de canais para comboios que, por uma ou outra razão, acabou por não realizar. A IP exige o pagamento da taxa de uso ao operador, sendo que esse pagamento se realiza independentemente da realização ou não do comboio que o operador tinha previsto. 

Assim, em casos de comboios suprimidos por culpa de terceiros (falhas ou atrasos nos clientes, por exemplo), a Medway assume os custos totais da taxa de uso e terá mesmo pago 600 mil euros por reservas que acabou por não realizar. 

Carlos Vasconcelos pediu ainda factores de diferenciação na taxa de uso, consoante o horário ou o dia da semana (mais baratas à noite ou ao fim-de-semana). E lamentou que a IP, depois dos lucros em 2016, tenha aumentado em «3 e 4% a taxa de uso para 2017».

Por fim, questionou ainda a IP em relação a um aumento maior aplicado nas taxas em linhas electrificadas face às linhas a diesel, algo que considera contrário a uma política que deveria ser mais ambiental e sustentável. Sobre este assunto, referiu, espera que o regulador «esteja atento».

23/01/2017
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