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Atrás de mim virá, ou não?
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Atrás de mim virá, ou não?
Marcelo, o "entertainer" estratégico. Entre a "descrispação" e a "sobreexposição"
Marcelo quis, e bem, arejar o palácio. Abriu portas e janelas mas, passado um ano, arrisca-se a cometer o erro oposto: morrer de pneumonia mediática.
Cavaco Silva morreu politicamente antes de tempo. Na fase final do mandato fez o pleno da crítica. Até no sótão do seu próprio palácio havia quem não lhe perdoasse os silêncios. Votou-se ao exílio mediático e desistiu de explicar políticas, erros, ou omissões. Abdicou de exercer a sua magistratura de influência debaixo dos holofotes. O recato de bastidores foi-lhe implacável. Marcelo quis, e bem, arejar o palácio. Abriu portas e janelas mas, passado um ano, arrisca-se a cometer o erro oposto: morrer de pneumonia mediática.
O Presidente, que muitos analistas garantiam que só ficaria por um mandato, está a gostar do exercício do cargo. Ainda bem. De um Presidente não se espera que se arraste pelas escadarias e jantares oficiais. Tem de gostar de o ser.
Marcelo está em lua-de-mel presidencial. Sente o aconchego do povo. Faz a unanimidade. Transformou a sua análise de domingo nos três minutos diários de uma Conversa em Família. Bate recordes de audiência em todas as televisões generalistas ou de cabo. Sucesso garantido e sem contraditório. E não representa. Confunde-se com o papel. O que sobra da sua análise semanal, o conselheiro dedicado que lhe copia os gestos e lhe antecipa o pensamento (semana sim, semana não…), decifra-lhe o virtualmente “não dito” para gáudio da elite lisboeta. O povo confirma a empatia com ambos e gosta.
Como nos tempos de “candidato ou não?”, Marcelo dá-se ao luxo de já ter marcado a agenda da sua virtual reeleição. Os possíveis candidatos que se cuidem. Ele só dirá se repete a três escassos meses das presidenciais. Setembro de 2020. Dará aos seus adversários os três meses da praxe para prepararem as respectivas campanhas. A continuar assim só um suicida o enfrentará.
Mas podem os ventos mudar? Podem. Tal como a presidência hirta de Cavaco não conseguiu projectar o seu conceito muito particular de interesse nacional e se afastou dos “media”, evitou explicações, fechou-se numa redoma, com as palavras, as acções intuídas ou realizadas debaixo de fogo e desconseguiu de mostrar num ponto ou outro a sua razão. Ninguém pode errar em tudo, como ninguém pode acertar em tudo.
Aqui entra Marcelo, a cair na ratoeira oposta: o comentador pró ou contra, de forma muitas vezes exagerada. Que fazia comentário a preto e branco e, de forma sibilina, não raro ia puxando os fios a vários tapetes, enfraquecendo umas vezes aqui o governo e ali a oposição. Capaz de mandar sem decoro “uma bela pantufada” ou um sibilino aviso – “esta não lembra ao careca”... Discordando ou não, era imperativo ouvi-lo. Brilhante, entusiasmado, efémero. Podia dizer hoje e enganar-se amanhã. Coisa de comentador ousado.
Agora o Presidente é de todos. Mas nem todos consideram possível partilhar o seu entusiasmo pela descrispação, novidade, alternativa, potencialidade, veia criadora, inovação, arejamento, optimismo militante. Pior: a ligeireza da análise já não cola na função presidencial. Não basta deixar o pronunciamento definitivo para o momento seguinte de um apoio visto desde o primeiro momento como “incondicional”. “Em definitivo só veremos (se há ou não uma politica alternativa de sucesso) depois de encerrados os números finais de 2016”. Com esta frase o veredicto final fica remetido lá para Março. Em Março haverá certamente alguma coisa que torne provisória a prelecção inicial e remeta a assinatura presidencial lá para o final do Verão. Tal como o comentador de Domingo, reserva-se em teoria, o direito ao recuo em prazo mais ou menos longo. Mas, entretanto, o optimismo “militante” vai-se tornando profundamente irritante para os 50% dos oficialmente “descrispados” por decreto presidencial.
Tudo tem a sua mão providencial: travou as barrigas de aluguer, a lei feita à medida das pretensões de António Domingos na Caixa, a devassa fiscal às contas bancárias dos “ricos”, a lei que vedava aos privados a participação nos transportes de Lisboa e Porto. Mandou recados contra eventuais disparos na despesa, salários milionários, excessos legislativos na solução da Casa do Douro. Não fez nenhum reparo em matéria bancária, defendeu a TSU como nem o Governo foi capaz e deu o sim essencial a dois Orçamentos.
Ainda Costa não assinou e já o Presidente madruga para assinar em tempo record a mais polémica decisão. Os assessores tornam-se inúteis, o “staff” não aguenta o ritmo presidencial, mas Marcelo nunca se sente só. Chega-lhe o calor dos holofotes e o aconchego do povo.
24 jan, 2017
GRAÇA FRANCO
Rádio Renascença
O Presidente, que muitos analistas garantiam que só ficaria por um mandato, está a gostar do exercício do cargo. Ainda bem. De um Presidente não se espera que se arraste pelas escadarias e jantares oficiais. Tem de gostar de o ser.
Marcelo está em lua-de-mel presidencial. Sente o aconchego do povo. Faz a unanimidade. Transformou a sua análise de domingo nos três minutos diários de uma Conversa em Família. Bate recordes de audiência em todas as televisões generalistas ou de cabo. Sucesso garantido e sem contraditório. E não representa. Confunde-se com o papel. O que sobra da sua análise semanal, o conselheiro dedicado que lhe copia os gestos e lhe antecipa o pensamento (semana sim, semana não…), decifra-lhe o virtualmente “não dito” para gáudio da elite lisboeta. O povo confirma a empatia com ambos e gosta.
Como nos tempos de “candidato ou não?”, Marcelo dá-se ao luxo de já ter marcado a agenda da sua virtual reeleição. Os possíveis candidatos que se cuidem. Ele só dirá se repete a três escassos meses das presidenciais. Setembro de 2020. Dará aos seus adversários os três meses da praxe para prepararem as respectivas campanhas. A continuar assim só um suicida o enfrentará.
Mas podem os ventos mudar? Podem. Tal como a presidência hirta de Cavaco não conseguiu projectar o seu conceito muito particular de interesse nacional e se afastou dos “media”, evitou explicações, fechou-se numa redoma, com as palavras, as acções intuídas ou realizadas debaixo de fogo e desconseguiu de mostrar num ponto ou outro a sua razão. Ninguém pode errar em tudo, como ninguém pode acertar em tudo.
Aqui entra Marcelo, a cair na ratoeira oposta: o comentador pró ou contra, de forma muitas vezes exagerada. Que fazia comentário a preto e branco e, de forma sibilina, não raro ia puxando os fios a vários tapetes, enfraquecendo umas vezes aqui o governo e ali a oposição. Capaz de mandar sem decoro “uma bela pantufada” ou um sibilino aviso – “esta não lembra ao careca”... Discordando ou não, era imperativo ouvi-lo. Brilhante, entusiasmado, efémero. Podia dizer hoje e enganar-se amanhã. Coisa de comentador ousado.
Agora o Presidente é de todos. Mas nem todos consideram possível partilhar o seu entusiasmo pela descrispação, novidade, alternativa, potencialidade, veia criadora, inovação, arejamento, optimismo militante. Pior: a ligeireza da análise já não cola na função presidencial. Não basta deixar o pronunciamento definitivo para o momento seguinte de um apoio visto desde o primeiro momento como “incondicional”. “Em definitivo só veremos (se há ou não uma politica alternativa de sucesso) depois de encerrados os números finais de 2016”. Com esta frase o veredicto final fica remetido lá para Março. Em Março haverá certamente alguma coisa que torne provisória a prelecção inicial e remeta a assinatura presidencial lá para o final do Verão. Tal como o comentador de Domingo, reserva-se em teoria, o direito ao recuo em prazo mais ou menos longo. Mas, entretanto, o optimismo “militante” vai-se tornando profundamente irritante para os 50% dos oficialmente “descrispados” por decreto presidencial.
Tudo tem a sua mão providencial: travou as barrigas de aluguer, a lei feita à medida das pretensões de António Domingos na Caixa, a devassa fiscal às contas bancárias dos “ricos”, a lei que vedava aos privados a participação nos transportes de Lisboa e Porto. Mandou recados contra eventuais disparos na despesa, salários milionários, excessos legislativos na solução da Casa do Douro. Não fez nenhum reparo em matéria bancária, defendeu a TSU como nem o Governo foi capaz e deu o sim essencial a dois Orçamentos.
Ainda Costa não assinou e já o Presidente madruga para assinar em tempo record a mais polémica decisão. Os assessores tornam-se inúteis, o “staff” não aguenta o ritmo presidencial, mas Marcelo nunca se sente só. Chega-lhe o calor dos holofotes e o aconchego do povo.
24 jan, 2017
GRAÇA FRANCO
Rádio Renascença
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