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Política central
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Política central
O espaço para proceder às reformas de estrutura que permitam a Portugal ser mais imune ao que pode vir de fora e crescer é cada vez mais estreito.
Desde o princípio oficial da crise financeira mundial já passou quase uma década. Desde então, o mundo tem vindo a recuperar de forma lenta, assente na coordenação dos bancos centrais, que têm vindo a impor juros baixos, estímulos e outras medidas de política monetária que, no final do dia, permitiram que imperasse a sua lei. Isto, contudo, não foi feito sem custos. Esta recuperação, num processo que pode ser comparado a uma longa e árdua caminhada pelo deserto (com baixo crescimento económico e reduzidas pressões inflacionistas), trouxe ao de cima as fragilidades inerentes ao mundo desenvolvido atual, mais globalizado e eficiente, onde as empresas têm maior dificuldade em criar emprego não especializado, que em recuperações de crises anteriores.
Para além do custo económico dos estímulos para os países, surgiu ainda uma falta de confiança entre os cidadãos e os modelos de crescimento tradicionais, ligados à globalização e às suas instituições. A “terra das oportunidades” norte-americana já não é para todos, e ser “europeu” não é hoje um conceito popular. Parece existir de facto uma ascensão do protecionismo económico e político nos países desenvolvidos, que é muito relevante para os equilíbrios geopolíticos tradicionais. Em 2017 este sentimento pode acabar por definir novas regras que, no final, poderão colocar pressão sobre economias como a europeia, e certamente um desafio de elevado risco para Portugal.
É nesta encruzilhada que nos encontramos. Se o aumento do protecionismo a nível global pode afetar o crescimento a médio prazo de uma economia aberta como a portuguesa, também num prazo mais curto a situação se aparenta complexa, uma vez que os estímulos do Banco Central Europeu terão também os dias contados. Os objetivos do programa do BCE de reacender a inflação parecem finalmente estar a dar resultados, e isso pode acentuar divisões no seio da União Europeia – os estímulos são bons para a periferia e podem deixar de o ser para a Alemanha. Poderá até existir alguma margem para dar tempo a países mais fragilizados como Portugal, mas que não poderão durar muito tempo.
A era dos juros extraordinariamente baixos está a terminar e o peso da dívida nacional permanece muito elevado. O espaço para proceder às reformas de estrutura que permitam a Portugal ser mais imune ao que pode vir de fora e crescer é cada vez mais estreito. Ao atual poder político, que tanto estagnou o processo de recuperação nacional, de pouco servirá culpar as instituições europeias em caso de insucesso. Resta, sim, aproveitar o pouco tempo que parece existir para tomar medidas sérias que permitam estabilizar, sem truques, a dinâmica de contas públicas, e promover o investimento, entre outras medidas, que possam estimular o crescimento de longo prazo da economia. É esta a política que deve ser agora central, e não a do Banco Central Europeu.
Luís Tavares Bravo, Manager Partner Dif Capital
00:10
Jornal Económico
Desde o princípio oficial da crise financeira mundial já passou quase uma década. Desde então, o mundo tem vindo a recuperar de forma lenta, assente na coordenação dos bancos centrais, que têm vindo a impor juros baixos, estímulos e outras medidas de política monetária que, no final do dia, permitiram que imperasse a sua lei. Isto, contudo, não foi feito sem custos. Esta recuperação, num processo que pode ser comparado a uma longa e árdua caminhada pelo deserto (com baixo crescimento económico e reduzidas pressões inflacionistas), trouxe ao de cima as fragilidades inerentes ao mundo desenvolvido atual, mais globalizado e eficiente, onde as empresas têm maior dificuldade em criar emprego não especializado, que em recuperações de crises anteriores.
Para além do custo económico dos estímulos para os países, surgiu ainda uma falta de confiança entre os cidadãos e os modelos de crescimento tradicionais, ligados à globalização e às suas instituições. A “terra das oportunidades” norte-americana já não é para todos, e ser “europeu” não é hoje um conceito popular. Parece existir de facto uma ascensão do protecionismo económico e político nos países desenvolvidos, que é muito relevante para os equilíbrios geopolíticos tradicionais. Em 2017 este sentimento pode acabar por definir novas regras que, no final, poderão colocar pressão sobre economias como a europeia, e certamente um desafio de elevado risco para Portugal.
É nesta encruzilhada que nos encontramos. Se o aumento do protecionismo a nível global pode afetar o crescimento a médio prazo de uma economia aberta como a portuguesa, também num prazo mais curto a situação se aparenta complexa, uma vez que os estímulos do Banco Central Europeu terão também os dias contados. Os objetivos do programa do BCE de reacender a inflação parecem finalmente estar a dar resultados, e isso pode acentuar divisões no seio da União Europeia – os estímulos são bons para a periferia e podem deixar de o ser para a Alemanha. Poderá até existir alguma margem para dar tempo a países mais fragilizados como Portugal, mas que não poderão durar muito tempo.
A era dos juros extraordinariamente baixos está a terminar e o peso da dívida nacional permanece muito elevado. O espaço para proceder às reformas de estrutura que permitam a Portugal ser mais imune ao que pode vir de fora e crescer é cada vez mais estreito. Ao atual poder político, que tanto estagnou o processo de recuperação nacional, de pouco servirá culpar as instituições europeias em caso de insucesso. Resta, sim, aproveitar o pouco tempo que parece existir para tomar medidas sérias que permitam estabilizar, sem truques, a dinâmica de contas públicas, e promover o investimento, entre outras medidas, que possam estimular o crescimento de longo prazo da economia. É esta a política que deve ser agora central, e não a do Banco Central Europeu.
Luís Tavares Bravo, Manager Partner Dif Capital
00:10
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