Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 434 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 434 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
A privatização de serviços públicos
Página 1 de 1
A privatização de serviços públicos
Na sequência da assunção de compromissos com a designada troika, o Estado tem vindo a promover a privatização de várias empresas públicas.
É comum ouvir-se dizer que a privatização de empresas públicas constitui uma forma do Estado delapidar o seu património e até uma ameaça à soberania nacional.
De facto, em regra, uma privatização surge associada à alienação, pura e simples, da maioria do capital social detido pelo Estado que, como é sabido, tem por efeito a transmissão da empresa (e, por isso, do seu património e da sua actividade) da esfera pública para as mãos dos particulares.
Ora, analisada a questão sob este prisma, necessariamente redutor, é inevitável que se generalize a ideia de que, quando o Estado privatiza uma empresa, está definitivamente a entregar a um sujeito privado a titularidade e o exercício de uma actividade - inclusivamente naqueles casos em que está em causa a prestação de um serviço público -, por forma a aumentar as suas receitas e/ou a reduzir as suas despesas.
Recentemente, a este respeito, importará recordar que, na sequência da assunção de compromissos com a designada troika, o Estado tem vindo a promover a privatização de várias empresas públicas, cujas receitas visam precisamente contribuir para a denominada consolidação orçamental.
Sucede, porém, que se é certo que o desiderato de todas essas privatizações é, em primeira linha, o de suprir necessidades financeiras do Estado, é também importante ter presente que nem todas implicam que o Estado deixe de ser o titular do serviço nem, tão pouco, que se desligue do exercício da actividade em causa.
É o caso da privatização de uma empresa concessionária de serviços públicos em que materialmente ocorre apenas a privatização da execução da actividade exercida por essa mesma empresa, num horizonte temporal circunscrito, mantendo-se a titularidade do serviço público no domínio do Estado.
Por outras palavras, nestas situações, a gestão (e, sublinhe-se, só a gestão) do serviço público passará a ser temporariamente efectuada por um sujeito privado, a qual, porventura, poderá até vir a ser mais eficiente.
Por outro lado, convém salientar que o Estado, no seu papel de concedente, continua a acompanhar a gestão do serviço público, detendo, em regra, um feixe de poderes que lhe permitem, entre outros, orientar e controlar o modo de execução das prestações e de inclusivamente aplicar sanções em caso de inexecução das mesmas.
Tais poderes poderão, por exemplo, concretizar-se na faculdade do concedente estabelecer tarifas mínimas e máximas pela utilização dos serviços públicos (claramente destinada a proteger o interesse público e, por isso, os cidadãos), na possibilidade do concedente resgatar a concessão por razões de interesse público ou até no direito de este, em certas circunstâncias, exigir uma partilha dos benefícios financeiros da empresa concessionária.
Por último, reafirme-se que a concessão de serviços públicos está necessariamente subordinada a um prazo, findo o qual a gestão do serviço é reassumida pelo Estado e os bens do domínio público afectos à concessão lhe são entregues.
Visto assim, privatizar um serviço público pode fazer sentido, ou não?
Associada da Área de Direito Público de PLMJ - Sociedade de Advogados, RL
Por Maria Ataíde Cordeiro
publicado em 16 Jun 2014 - 05:00
Tópicos semelhantes
» Canal do Panamá: sindicatos contestam privatização de serviços
» Auditar a ética dos serviços públicos
» Números do PIB, privatização da TAP
» Auditar a ética dos serviços públicos
» Números do PIB, privatização da TAP
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin