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Mensagem por Admin Qua Fev 08, 2017 11:47 am

Portugal não pode estar a governar só para os mercados, ou seja, para tentar demonstrar que o défice está melhor. Mas a verdade também é que, se não baixar o défice, é penalizado na dívida. O país sente-se manietado e não é só por isso, mas também pelo crescimento anémico, pelo investimento reduzido e por um tecido empresarial, no geral, ainda pouco competitivo. O relatório da OCDE, divulgado nesta semana, fala de tudo isto. Não tem propriamente novidades, não surpreendeu... Mas, mesmo sem novidades, conseguiu por a nu a situação de uma nação que continua vulnerável. Um dos setores que mais ficam expostos neste relatório é o da banca. Esse é, aliás, o grande alerta da OCDE ao referir que o problema da banca está longe de estar resolvido. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já veio dizer que "o problema está em vias de resolução", respondendo à organização. Curiosamente, no mesmo dia estava a dar posse aos novos secretários de Estado, o do Tesouro e o Adjunto e das Finanças.

O pilar do sistema financeiro precisa de ser estabilizado, criando condições para financiar as empresas e colocá-las a crescer. Isso não se faz por decreto nem por consensos no Parlamento. Faz-se, isso sim, pela atração de investidores que possam injetar dinheiro na economia portuguesa. Acredito que só com investimento Portugal conseguirá sair da situação em que se encontra. São necessárias taxas de crescimento de 3%, 4% ou 5%, ou seja, taxas ambiciosas, ao estilo irlandês, que permitam dar o salto. Para tal, falta reforçar o sentimento de confiança junto dos investidores para que decidam colocar cá o seu dinheiro, falta também uma política fiscal mais competitiva e uma justiça que funcione e seja célere. Tal como estamos, e se nada for feito, ficamos exatamente na mesma ou até pior.

Sem a reforma do Estado, eternamente adiada, também não se reduzirá despesa. Aliás, a despesa tem sido controlada sobretudo através da contenção do investimento público, ou como lhe chamam os economistas "através de paliativos".

Se estou pessimista? Não. Estou apenas realista. A economia portuguesa vai crescer só 1,2% e 1,3% nos próximos dois anos, o investimento não cresce além de 1,6% em 2018, diz a OCDE. Se somarmos os vários indicadores que a organização aponta, não haverá descida do desemprego em Portugal, que afetará mais de 10% da população ativa neste ano e no próximo, e a criação de emprego vai fraquejar até 0,6% em 2018. É apenas realismo.

08 DE FEVEREIRO DE 2017
00:01
Rosália Amorim
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