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Vamos amar os políticos que temos (porque há por aí ainda muito pior)
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Vamos amar os políticos que temos (porque há por aí ainda muito pior)
Se a memória não me maltrata, foi Miguel Esteves Cardoso quem um dia afirmou gostar de políticos, estimá-los por ainda terem vontade e coragem para se candidatarem. E eu, em ano autárquico, quero aqui subscrevê-lo e tirar o meu barrete de campino em homenagem a quem ainda tem paciência para se apresentar! Confesso que só encontro uma boa razão para um tipo querer ser político e árbitro de futebol: um problema de Édipo mal resolvido e um prazer masoquista de ouvir achincalhar a mãe.
Pensemos numa qualquer autarquia do Baixo Alentejo, que nem dinheiro suficiente tem para ser roubada: o que leva alguém no pleno gozo das suas faculdades mentais a enfrentar um processo eleitoral, sabendo que os municípios têm tantas dívidas, e tão poucas competências, que o grande projeto autárquico é decidir se é a Mariza ou o Marante que vão cantar às festas da vila e qual dos tipos que toma café vai fazer o frete de pavimentar os buracos nada metafóricos que crescem nas nossas ruas?
Bem sei, em todos os navios há ratos e no bas-fond da partidocracia gente miudinha precisa de fermentar alguém que conduza o povo às urnas (as de votar, não as de morrer), para se alimentar das migalhas dos tachos, dos concursos, dos apoios diretos; e aquela irresistível atração pelo poderzinho, por ser chamado de chefe ou presidente, que leva tantos a vender a mãe e acanalhar amigos, pelo sonho de ser presidente da junta. Mas, ciente disso, pergunto-me se Narciso se teria dado ao trabalho de carregar as pedras de Sísifo só para ver o seu rosto refletido neste charco.
Não me vou pronunciar sobre o processo eleitoral bejense, não apenas porque as eleições fazem recordar o ritual das eleições para a assembleia nacional (geringonça oblige?), como Beja tornou-se num sítio onde, ao sábado, leio o “Expresso” a comer um doce tradicional, pelo que desconheço grande parte do que se passa nos meandros da politiquice local e apenas tenho a agradecer as gargalhadas que me proporcionam. Apenas espero que na refrega da lutazinha eleitoral, não obstante as diferenças, se respeitem as pessoas. Pela coragem de ainda darem a cara.
Porque, se é insofismável que estamos mais perto da lua do que de uma elitocracia democrática, não sejamos hipócritas e reconheçamos a verdade: os nossos políticos conseguem ser bem melhores do que a média do povo (e agora venham a mim as vossas pedras, preferencialmente das preciosas).
Bem sei: quando lemos energúmenos nas redes sociais da Internet a defender o indefensável, com argumentos hilario-lacrimejantes, quando a escória reflete o que não pensa na defesa dos seus príncipes, somos tentados a tomar a nuvem por Juno. Mas, julgar os candidatos pela turba que os enaltece é algo profundamente injusto, mormente quando opinamos sobre aqueles que ousam pensar pela sua cabeça, mandam o partido e os correligionários para o sítio que o leitor está a pensar e, com acertos e erros, fazem aquilo em que acreditam. Ou não fazem folclore porque a vida lhes roubou os sonhos e esta coisa de ter de levar com o povo é uma trabalheira!
10-02-2017 9:47:19
Hugo Lança Doutor em Direito
Diário do Alentejo
Pensemos numa qualquer autarquia do Baixo Alentejo, que nem dinheiro suficiente tem para ser roubada: o que leva alguém no pleno gozo das suas faculdades mentais a enfrentar um processo eleitoral, sabendo que os municípios têm tantas dívidas, e tão poucas competências, que o grande projeto autárquico é decidir se é a Mariza ou o Marante que vão cantar às festas da vila e qual dos tipos que toma café vai fazer o frete de pavimentar os buracos nada metafóricos que crescem nas nossas ruas?
Bem sei, em todos os navios há ratos e no bas-fond da partidocracia gente miudinha precisa de fermentar alguém que conduza o povo às urnas (as de votar, não as de morrer), para se alimentar das migalhas dos tachos, dos concursos, dos apoios diretos; e aquela irresistível atração pelo poderzinho, por ser chamado de chefe ou presidente, que leva tantos a vender a mãe e acanalhar amigos, pelo sonho de ser presidente da junta. Mas, ciente disso, pergunto-me se Narciso se teria dado ao trabalho de carregar as pedras de Sísifo só para ver o seu rosto refletido neste charco.
Não me vou pronunciar sobre o processo eleitoral bejense, não apenas porque as eleições fazem recordar o ritual das eleições para a assembleia nacional (geringonça oblige?), como Beja tornou-se num sítio onde, ao sábado, leio o “Expresso” a comer um doce tradicional, pelo que desconheço grande parte do que se passa nos meandros da politiquice local e apenas tenho a agradecer as gargalhadas que me proporcionam. Apenas espero que na refrega da lutazinha eleitoral, não obstante as diferenças, se respeitem as pessoas. Pela coragem de ainda darem a cara.
Porque, se é insofismável que estamos mais perto da lua do que de uma elitocracia democrática, não sejamos hipócritas e reconheçamos a verdade: os nossos políticos conseguem ser bem melhores do que a média do povo (e agora venham a mim as vossas pedras, preferencialmente das preciosas).
Bem sei: quando lemos energúmenos nas redes sociais da Internet a defender o indefensável, com argumentos hilario-lacrimejantes, quando a escória reflete o que não pensa na defesa dos seus príncipes, somos tentados a tomar a nuvem por Juno. Mas, julgar os candidatos pela turba que os enaltece é algo profundamente injusto, mormente quando opinamos sobre aqueles que ousam pensar pela sua cabeça, mandam o partido e os correligionários para o sítio que o leitor está a pensar e, com acertos e erros, fazem aquilo em que acreditam. Ou não fazem folclore porque a vida lhes roubou os sonhos e esta coisa de ter de levar com o povo é uma trabalheira!
10-02-2017 9:47:19
Hugo Lança Doutor em Direito
Diário do Alentejo
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